NelsonGalvao,
Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP.
O Natal é celebração para pecadores. por Nelson Galvão.
Esses dias estive em um shopping e me chamou
atenção a tradicional praça enfeitada para o Natal. O tema era: “O Natal dos esquilos”! Afora o fato de que Recife não tem esquilos, é curiosa a ausência de qualquer
referência ao verdadeiro sentido do Natal. Antes de qualquer coisa, o Natal é
uma celebração para pecadores. Me permita explicar.
No Natal se cumpre uma profecia. É isso aí,
você leu bem, profecia!
Acompanhe comigo: os registros históricos a
respeito do nascimento de Jesus são abundantes. Entretanto, um deles tem
chamado muita a minha atenção, o Evangelho de Mateus.
Veja que na descrição que Mateus faz a respeito
do nascimento de Jesus, ele relata o que o anjo disse a José (Mt 1.20-23). José estava aflito porque Maria estava grávida
sem que tivesse tido relação sexual com ele. Com isso, aparece um anjo em sonho
a José e faz declarações a respeito da criança.
Após o anúncio do nascimento de Jesus, Mateus acrescenta
um comentário. Veja comigo:
“Ora,
tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por
intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele
será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).” (Mt
1.22,23).
Não sei se você já leu o Evangelho de Mateus;
se não, gostaria de incentivá-lo a lê-lo. É incrível o que podemos aprender com
esse Evangelho! Na sua leitura, você vai perceber que a expressão contida no
comentário que Mateus faz a respeito do nascimento de Jesus é extremamente
comum em todo o Evangelho: “para que se cumprisse o que fora dito”.
Nessa frase existe um verbo grego que é muito
importante: plêroô, que quer dizer cumprir. Esse verbo aparece várias vezes
no Evangelho de Mateus (1.22;
2.15,17,23; 4.14; 8.17; 12.17; 13.35; 21.4; 26.54-56; 27.9). Com isso,
Mateus tinha a intenção de levar o leitor a considerar as profecias do Antigo
Testamento a respeito do Messias[1].
Em outras palavras, Mateus nos leva a perceber
que o que os profetas viram e anunciaram a respeito do Messias, se cumpriu
totalmente na pessoa de Jesus Cristo. Jesus é o Messias esperado!
Vamos nos deter no profeta mais citado por
Mateus, Isaías. Ao nos levar ao tempo do profeta Isaías (por volta do ano 740
a.C), Mateus nos faz ver a predição do profeta a respeito do Messias. Isaías
predisse como seria o nascimento do Messias (Is 7.14), onde iria morar (Is
9.1,2), como se daria o Seu ministério (Is 53.14), a Sua missão (Is 42.1-4) e a
Sua morte (Is 50.6; 53.2-11).
Voltemos à primeira citação de Mateus a
respeito da profecia (Mt 1.22,23). Ele afirma que os eventos do nascimento de
Jesus, assim aconteceram, porque estava se cumprindo a profecia (Is 7.14). Que
profecia era essa? Perceba o que o profeta afirmou há quase 800 anos antes do
tempo de Mateus: “ele será chamado pelo
nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).”
Vamos para o tempo em que essa profecia foi
proclamada. Por volta do séc. 8 a.C, a Síria e o Reino do Norte, Israel,
formaram uma aliança contra a ameaça do império Assírio, e tomaram a decisão de
introduzir Judá, à força, em sua coligação. Conduzindo seus exércitos nas
invasões vitoriosas registradas em II Cr. 28, eles impuseram terror aos homens
de Judá, comandados por seu rei ímpio,
Acaz.
Deus, através de seu profeta Isaías, fez a
Acaz, rei de Judá, uma promessa de livramento, tratando-o com benevolência,
ainda que não merecida. Nessa profecia, Deus afirma que em sessenta e cinco
anos o reino do Norte estaria destruído. “O sinal dado como confirmação para
este evento seria este: “Por isso o Senhor mesmo lhes dará um sinal: ‘a virgem
ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel’” (Is 7.14)”.
A profecia foi cumprida. No ano
722 a.C Samaria
caiu e sua população foi deportada para além da Assíria, enquanto que o
remanescente de Israel foi preservado. Mas... e o sinal? Bem, a história não
termina aí, ainda está faltando algo, isso porque todos esses eventos da
história de Israel tinham seu total cumprimento ainda no futuro. Isso quer
dizer que os fatos históricos de Israel no tempo de Isaías tiveram seu
cumprimento conforme apontou o profeta, mas que também apontavam para algo
maior, algo que ainda estava por vir.
É exatamente aí que Mateus compreende o
cumprimento da profecia! Como assim? Acompanhe-me no raciocínio. Assim como o
povo de Israel, eu e você, todos nós merecemos o juízo de Deus por conta de
nossos pecados, por conta de uma vida distante de Deus e em rebeldia à Sua
vontade. Esse juízo é certo e virá. Mais cedo ou mais tarde todos perecerão!
Espero que você ainda esteja comigo, pois as
surpresas não acabam por aqui! Mateus percebeu que a profecia de Jesus se
cumpria plenamente em Cristo. Ele viu que, conforme a profecia apontava, a
virgem ficou grávida e deu a luz um filho, que se chama: “Deus conosco”.
Sim, Ele não seria nada menos que o próprio
Deus encarnado. Ele não seria apenas um mestre ou um rei, Ele seria Deus!
Agora, observe o que o anjo diz para Maria: “ele salvará o seu povo dos pecados deles”
(Mt 1.21). Veja ainda a profecia de Isaías
(9.1,2) conforme citada por Mateus:
Para que se cumprisse o que fora dito por
intermédio do profeta Isaías:
Terra de Zebulom, terra de Naftali, caminho do
mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios!
O povo que jazia em trevas viu grande luz, e
aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz. (Mt 4.14-16).
Assim como Deus interviu na história de Israel
e salvou o remanescente, Ele também intervém em nossa história, salvando aqueles
que creem. Perceba que o remanescente que foi salvo na história de Israel foi
aquele que creu na promessa. Eles não foram salvos pelos seus méritos, por sua
própria justiça. Eles foram salvos porque creram na promessa. De forma
semelhante, aqueles que serão salvos em nosso tempo serão aqueles que creem na
promessa de salvação.
Em outras palavras, eu e você estamos perdidos
por conta de nossos pecados, por conta de uma vida de rebeldia contra Deus e
Sua vontade. A menos que sejamos salvos da justa ira de Deus, pereceremos em
nossa rebeldia. Entretanto, Deus providenciou a salvação: Jesus Cristo.
Dessa forma, aproveite a ocasião do Natal para refletir
que a reunião em família, os comes e bebes, a troca de presentes, as luzes na
cidade, tudo isso somente fará sentido se celebrarmos o perdão dado por Deus,
em Cristo, que nos liberta das trevas e nos transporta para o Seu Reino. Esse
perdão nos transforma e transforma as nossas relações. É por isso que o Natal é
uma festa que não faz sentido para tantas pessoas, mesmo aquelas que se identificam
como cristãs. A consideram uma festa nostálgica, chata, superficial, etc. Sim,
ela se torna assim, se não reconhecemos o nosso pecado e a imensidão do perdão
de Deus oferecido por meio de Cristo.
Isso mesmo, o Natal é o cumprimento da profecia
de que Deus providenciaria a salvação para aqueles que creem no Salvador. A
profecia de Isaías foi cumprida. Deus enviou o Salvador, Cristo Jesus. Ele veio
para nos salvar de nossos pecados! Nós, pecadores, celebramos o perdão dado por
Deus! O Natal é celebração para pecadores que foram perdoados!
Nelson Galvão
Sola Escriptura
[1]
Veja
que Mateus nos convida a uma viagem no tempo. O Evangelista nos leva ao séc. 8
a.C, na ocasião da profecia de Oséias (Mt 2.15; Os 11.1), ao século 7 a.C, no
tempo do profeta Jeremias (Mt 2.17 e Jr 31.15; Mt 27.9 e Zc 11.12; Jr 32.6-9) e
no tempo da composição dos Salmos (Mt 13.35; Sl 78.2). Todos esses escritores
do Antigo Testamento viram o que estava por acontecer e que se cumpriu nos dias
de Mateus.
Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP.
Atua como diretor pedagógico do ministério Pregue a Palavra, como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.
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