BiancaBonassiRibeiro
Bianca Bonassi Ribeiro
O filho da viúva. por Bianca Bonassi Ribeiro
Ao meditar
nesse texto, espero que você se sinta encorajado(a) a se tornar ou permanecer
fiel Aquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos,
de acordo com o seu poder que atua em nós (Ef 3.20). Também desejo que as
circunstancias desfavoráveis e difíceis da vida, sejam compreendidas como
provas de fé, obediência e fidelidade a Deus.
Recentemente,
em uma de nossas devocionais, Luciano e Eu, fomos surpreendidos com um texto já
bem conhecido por nós, mas que nos encorajou de maneira diferente e especial. O
texto encontra-se em I Reis 17. 7-24 e é conhecido como a viúva de Sarepta.
Trata-se de um dos eventos na vida do profeta Elias, um grande homem de Deus,
que viveu numa época crítica do povo de Israel.
O profeta Elias,
viveu mais ou menos 800 anos antes de Cristo. Ele foi usado pelo Senhor, para
exortar o povo de Israel que havia se desviado de Deus. Nesta época, o reino
estava dividido em dois: Reino do Norte (Israel) e Reino do Sul (Judá), cada um deles com seus próprios
reis. O povo do Reino do Norte estava sob a liderança do rei Acabe que havia
instituído a adoração a outros deuses, em especial a Baal (deus da
fertilidade), o que acarretou a decadência de padrões morais em todos os
sentidos da vida. Nesse cenário, Elias foi o instrumento de Deus para exortar o
rei e o povo. Certo dia, Elias disse ao rei Acabe, que não cairia do céu nem
orvalho e nem chuva por um longo período (IRs 17.1). A seca, que durou cerca de
três anos (IRs 18.1), atingiu não só o Reino do Norte, como também toda a
região adjacente, dentre elas a Fenícia.
O impacto
de um período de seca numa sociedade cuja atividade econômica e de
sobrevivência dependia da agricultura e pecuária foi devastador. Sem água não
havia alimento tanto para pessoas quanto para os rebanhos e a fome atingiu
todos. Nesse contexto, Deus, que é o provedor dos recursos necessários à
vida, enviou Elias à Fenícia, para uma
cidade chamada Sarepta, próximo ao território de Sidom:
Então a palavra do Senhor
veio a Elias: vá imediatamente para a cidade de Sarepta de Sidom e fique por
lá. Ordenei a uma viúva daquele
lugar que lhe forneça comida. E ele foi (IRs 17.8-10a).
Um ponto interessante é que na Fenícia, o povo não era
israelita / judeu. Portanto, eram denominados gentios e culturalmente serviam
outros deuses, a ponto de terem influenciado o povo de Deus a se desviar. Mas,
em Sarepta (Fenícia) havia uma exceção, ou seja, uma viúva que servia ao único
Deus. Isso pode ser visualizado pelo relacionamento que Deus tinha com ela.
Quando Deus disse ordenei, Ele
revelou ao profeta que o nome D’Ele era conhecido e honrado por outros povos,
além de Israel. Embora o povo de Israel se recusasse a obedecê-lo, havia quem o
servisse e o obedecesse independentemente de ser Israelita ou Fenício.
Vale
ressaltar que a viúva estava sofrendo com as circunstâncias, a vida dela não
era fácil, porque ela era marginalizada por sua viuvez e vivia as consequências
da seca avassaladora. Mas, ainda assim mantinha-se fiel a Deus conforme o texto
apresenta:
Quando chegou à porta da
cidade, encontrou uma viúva que estava colhendo gravetos. Ele a chamou e
perguntou: “Pode me trazer um pouco d’água numa jarra para eu beber?” Enquanto
ela ia buscar água, ele gritou: “Por favor, traga também um pedaço de pão.” Mas
ela respondeu: “Juro pelo nome do
Senhor, o teu Deus, que não tenho nenhum pedaço de pão; só um punhado de
farinha num jarro e um pouco de azeite numa botija. Estou colhendo uns gravetos
para levar para casa e preparar uma refeição para mim e para meu filho, para
que a comamos e depois morramos”. Elias, porém, lhe disse: “Não tenha medo. Vá para casa e faça o que
eu disse. Mas primeiro faça um pequeno bolo com o que você tem e traga para
mim, depois faça algo para você e para seu filho. Pois assim diz o Senhor, o
Deus de Israel: “A farinha na vasilha não se acabará e o azeite na botija não
se secará até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra. Ela foi e fez conforme Elias lhe dissera. E
aconteceu que a comida durou muito tempo, para Elias e para a mulher e sua
família. Pois a farinha na vasilha não se acabou e o azeite na botija não
se secou, conforme a palavra do Senhor proferida por Elias (IRs 17.10b – 16).
A fidelidade e confiança desta mulher, em Deus e na
Palavra de Deus, tornou-a exemplo para nós até o dia de hoje. Ela se dispôs a
obedecer porque confiou na Palavra de que não lhe faltaria o sustento necessário
para ela, sua família e ao profeta. A obediência ocorreu primeiro pelo
relacionamento dela com Deus e depois pela confiança dela na Palavra de Deus,
proferida por meio do profeta. Atualmente, a nossa obediência também deve ser
uma manifestação de nosso relacionamento com Deus, assim como a nossa confiança
precisa estar pautada na Palavra de Deus, que hoje é proferida pela Bíblia.
Porém, a história não terminou nesse ponto, há uma
continuação intrigante. O relato segue da seguinte forma:
Algum tempo depois o filho da mulher, dona da casa, ficou
doente, foi piorando e finalmente parou de respirar. E a mulher reclamou a
Elias: “Que foi que eu te fiz, ó homem de Deus? Vieste para lembrar do meu
pecado e matar o meu filho?” Dê-me o seu filho, respondeu Elias. Ele o apanhou
dos braços dela, levou-o para o quarto de cima, onde estava hospedado, e o pôs
na cama. (IRs 17.17-19).
Aparentemente tudo estava
caminhando bem, o relacionamento da viúva com Deus, a provisão necessária para
a família deles e do profeta. Deus cuidando dos seus, mesmo diante da rebeldia
do povo de Israel e terrível seca que afetava a terra. Entretanto, depois de
algum tempo o filho da viúva ficou doente, piorou e morreu! Imediatamente a
reação dela foi pensar o que eu fiz de errado para receber essa punição?
Imagino que todos que estejam andando fielmente e em
obediência a Deus já tenham feito essa pergunta diante de uma dura provação. Em
um daqueles momentos em que você não consegue entender os motivos pelos quais
tamanho sofrimento está sobre você e /ou sua família. Pode ser que você seja
tentado a pensar que o simples fato de ter uma natureza caída já justifica a
punição. Foi nesse ponto que a viúva chegou quando questionou o profeta Elias
se ele tinha vindo “lembrar do pecado dela”. Se esse for o seu caso, como já
foi o meu, vale recordarmos de uma coisa: nossos pecados, passados, presentes e
futuros foram perdoados na cruz! Conforme I João 1.9: “Se confessarmos os
nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar
de toda injustiça.” Portanto, as provações não são punições, caso contrário
invalidariam o sacrifício de Jesus na Cruz (Jo 3.16-18).
No caso da viúva, que viveu antes de Cristo, Deus mostrou
a sua Graça devolvendo a vida do filho dela. A nós, que vivemos depois de
Cristo, Ele demonstra a sua Graça nos fazendo recordar a mensagem da cruz, de
forma que tenhamos ânimo e forças para prosseguir em meio as lutas e dores.
As provações são instrumentos de santificação e
proclamação do evangelho através de nossas reações à elas. As provações podem
nos atingir de diversas maneiras, por exemplo, perda de um emprego sem motivos
aparentes, doenças, falecimento de uma pessoa querida, traição de um cônjuge ou
filho, assaltos, roubos, perseguição de diferentes maneiras e tantas outras
formas. Entretanto, devemos permanecer firmes reagindo de maneira a glorificar
a Deus.
Por fim, também gostaria de ressaltar a reação de Elias
diante da provação e sofrimento da viúva. Note o que o texto apresenta:
Então clamou ao Senhor: “Ó Senhor, meu Deus, trouxeste também
desgraça sobre esta viúva, com quem estou hospedado, fazendo morrer o seu
filho?”
[...] “Ó Senhor, meu Deus, faze voltar a vida a este menino!” O Senhor ouviu o clamor de Elias, e a
vida voltou ao menino, e ele viveu (IRs 17. 20-22)
Ele não
correspondeu afirmativamente à indagação dela quanto a ser punida por seu
pecado, ao contrário, ele em oração foi a Deus, reconhecendo a vida piedosa
dela e intercedendo por seu sofrimento. Que a nossa atitude, diante do sofrimento
dos irmãos e irmãs não seja de julgamento, na tentativa de descobrir onde está
o pecado, mas que passemos a interceder pela vida piedosa de pessoas obedientes
e fiéis a Deus.
Bianca é casada com Luciano. Eles têm dois filhos, o Pedro e o Vitor. Ela faz parte da equipe docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, desde 2007 e é membro da Primeira Igreja Batista de Atibaia.
Bianca é doutora em Comunicação e Semiótica, mestre em Administração e graduada em Administração de Empresas.
Irmã Bianca que conteúdo edificante!!!! AMEI ❤️ que Deus continue abençoando sua vida 🙏🏽
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