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Débora e a liderança feminina nas igrejas evangélicas atuais

maio 30, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments



O fato de Débora ter sido uma juíza favorece à liderança feminina na Igreja? Confira explicação do pr. Ricardo Libâneo, na exposição de Juízes 4.




Ricardo é casado com Camila desde 2006, e tem duas filhas. É formado em Educação Física, com mestrado em Ministérios Formativos, pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida. Como missionário da PIBA, trabalhou na implantação do Ministério de Esportes da Congregação de Itapeva-MG e na Congregação em Nova Campina-SP. Foi pastor da Congregação em Socorro-SP, por mais de quatro anos. Atualmente, é o pastor de jovens (JUPIBA).

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A Mulher Moderna – PARTE II. por Nancy DeMoss Wolgemuth

maio 29, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments





Palavras que Edificam

1.     1. A mulher sábia eleva o espírito do seu lar falando palavras de louvor a Deus e palavras de apreciação sincera, gratidão e admiração aos outros. Palavras críticas e que diminuem ferem o espírito e destroem a atmosfera do lar.
2.     2. Sempre que necessário, a mulher humilde deixará um exemplo para aqueles ao seu redor, sendo rápida em admitir que errou e buscando o perdão daqueles a quem ela feriu. A mulher orgulhosa é rápida em identificar as falhas dos outros, mas não está disposta a confessar as suas próprias.
3.     3. Talvez a maneira mais poderosa de uma mulher influenciar sua família e os outros a serem justos seja uma oração de fé em favor deles. De fato, um autor sugere que “possivelmente, o destino de nossa nação seja decidido na pia da cozinha numa oração não vista do que no gabinete do Presidente.”
4.     4. Um lar, uma igreja e uma nação são edificadas quando mulheres falam palavras de sabedoria (Pv. 31.26), ou seja quando nossas palavras são governadas pela Palavra de Deus. Mas a mulher tola não está disposta a segurar sua língua e é rápida em falar o que pensa, independente de se suas palavras são validadas pela Palavra ou não.
5.     5. A mulher de Deus ministrará àqueles que ela ama com palavras de bondade (Pv. 1.26). Com palavras ternas e encorajadoras, ela ligará espíritos quebrados, fortalecerá os fracos e ajudará a curar feridas de rejeição e mágoa. A mulher tola, por outro lado, inflige lanhas com sua língua. Palavras que exprimem ira, dureza, depreciativo, exigência e impaciência arrasam as vidas daqueles que ela toca. Talvez o maior prejuízo seja feito em seu próprio casamente quando ela responde às ofensas com ameaças verbais de deixar seu marido. Tais ameaças, mesmo se nunca levadas a cabo, plantam sementes de desintegração no casamento, que podem ser removidas somente com humildade e arrependimento.

Ações que Edificam

1.     1. Um lar é construído com atos de obediência que brotam de um coração submisso e que confia em Deus. Nesta área, talvez mais que em qualquer outra, a esposa, por sua obediência ou desobediência, influencia a vida e o comportamento dos filhos. Paulo avisa que se as esposas não obedecem a seus maridos, as palavras de Deus serão “blasfemadas”. Tanto aqueles dentro de casa quanto fora rejeitarão a Palavra que viram rejeitada por uma mulher rebelde e resistente.
2.     2. Uma mulher sábia é diligente em servir e atender as necessidades de sua família e dos outros. Ela “não come o pão da preguiça” (Pv. 31.27). Ela devotou sua vida a servir àqueles a quem ela ama, enquanto confia em Deus para atender suas próprias necessidades. Servir é o campo peculiar das mulheres como “ajudadoras”. De fato, o relacionamento de Jesus com as mulheres que O seguiam era distinto do Seu relacionamento com os discípulos homens de uma maneira bastante notável: Ele ministrava aos homens, mas as mulheres ministravam a Ele. Nos Evangelhos, sempre que se fala de ministério como sendo dado diretamente a Jesus, é o ministério dos anjos ou das mulheres.
A atitude do coração de um servo é lindamente ilustrada na resposta de Maria quando o anjo lhe disse que ela fora escolhida para dar vida ao Filho de Deus. Sabendo da inconveniência e sacrifício que seriam necessários, Maria humildemente respondeu “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra (Lucas 1:38)”. A mulher que busca ser servida e que se ressente do seu chamado para servir destruirá seu lar.
3.     3. Um lar temente a Deus exige uma mulher pura em cada aspecto. Ela não pode encher sua mente com livros, revistas, música ou programas de televisão sugestivos ou impuros, sem convidar o ataque de Satanás à sua casa. Até mesmo muitos romances “cristãos” e artigos de revistas podem levar uma mulher a viver num mundo de fantasia, ao invés de preencher sua mente com pensamentos puros e leais a seu marido.
Em seus relacionamentos com homens, a mulher sábia será discreta, ao invés de agressiva, ousada ou ficar flertando. Ela fugirá de qualquer situação ou relacionamento que possa minar ou ameaçar seu relacionamento com seu marido.
4.     4. Finalmente, uma mulher sábia reconhece e se deleita em seu chamado para ter filhos e para ser uma professora e cuidadora dos filhos que Deus lhe der. Ela cumpre a instrução bíblica de ser uma “operosa dona de casa” (Tito 2.5) e está disposta a sacrificar a “realização”, o desafio, a liberdade, ou a renda extra oferecida por uma carreira fora de casa, para devotar a si mesma ao seu primeiro chamado como esposa e mãe.

Lydia Sigourney, uma educadora cristã do século passado, escreveu a respeito das responsabilidades das jovens como mães. Ela disse aos homens “Considerem-nas responsáveis pelo caráter da próxima geração. A força da nação está nos lares de seu povo.”
            Joquebede nunca teve reconhecimento nos livros de história. Esta mãe judia teve influência direta sobre seu filho por 4 ou 5 anos no máximo. Mas com os olhos da fé, ela visualizou o propósito único que Deus tinha para seu filho. Ela o discipulou a respeito da vontade e da Palavra de Deus. Ela o ensinou que os prazeres do pecado são somente temporais e que a obediência tem recompensas eternas. Oitenta anos mais tarde, Moisés encarou uma escolha. Ele poderia ter passado o resto de sua vida no palácio egípcio, aproveitando sua fama, luxo, facilidade e prosperidade. Ao contrário, ele escolheu identificar-se com o estigma e opressão do povo de Deus, resultando na salvação de toda uma nação. Eu creio que as raízes desta decisão serão encontradas em uma mãe discipuladora e comprometida.
Chamado ao Arrependimento e Restauração
Assim como em qualquer área da vida, a maneira de Deus pensar é exatamente o oposto da maneira do homem pensar. Agora mais do que nunca, há uma necessidade desesperada por nós como mulheres que identificam onde erramos e nos comprometamos com o plano de Deus para nossas vidas e para sermos diferentes – deixar que nossas vidas ofereçam uma alternativa à vida egoísta e conter as vozes poderosas do nosso tempo que tentam negar e desafiar a ordem criada por Deus para homens e mulheres.
Nunca é fácil nadar contra a maré, mas é exatamente o que devemos fazer se quisermos reaver o terreno que foi perdido por nossas escolhas tolas e pecaminosas.
Eu pessoalmente acredito que nossas atitudes, valores e comportamento como mulheres cristãs tem causado um dano incalculável à condição espiritual de nossos lares e igrejas e consequentemente, à nossa nação.
Estou convencida de que antes que experimentemos um avivamento genuíno pelo qual ansiamos em nossos lares e igrejas, nós, como mulheres, teremos que nos arrepender e retornar ao propósito para o qual Deus nos criou.
Que Deus nos conceda um novo derramamento de humildade, quebrantamento, obediência e fé, para que Ele possa usar as nossas vidas como instrumentos de justiça e reavivamento para Sua glória!


Nancy DeMoss Wolgemuth

Confira aqui a primeira parte desse texto:
A Mulher Moderna – PARTE I.

Fonte: Revive our hearts. Website: reviveourhearts.com. 

Traduzido com permissão. 
Título original:  Today’s Woman
Tradução: Viviane Andrade



Nancy Leigh DeMoss é apresentadora de dois programas de rádio nos Estados Unidos: Revive Our Hearts [Aviva nossos corações] e Seeking Him [Buscando a Deus]. Seus livros já venderam mais de um milhão de cópias. Tem trabalhado desde 1980 na organização cristã Life Action Ministries. Também é organizadora do livro Mulher Cristã: repensando o papel da mulher à luz da Bíblia, publicado por Vida Nova. 


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A Mulher Moderna – PARTE I. por Nancy DeMoss Wolgemuth

maio 22, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments



        Eu faço parte da geração na qual termos como “liberação feminina”, “feminismo”, “direitos iguais”, e “casamento igualitário” são praticamente palavras do dia a dia.
   Nossa sociedade não promove mais os valores de Deus para as mulheres. Feminilidade, modéstia, discrição, virtude e graciosidade são aparentemente relíquias de uma era passada – tão fora de lugar na cultura contemporânea quanto o cavalo e a carruagem.
      Ao contrário, a mulher “ideal” de nosso tempo é glamorosa, sofisticada, agressiva, poderosa, voltada para sua carreira, independente, autossuficiente e sensual. Ela não precisa de nada nem de ninguém. Ela tem o controle de sua vida, assim como das circunstâncias e pessoas ao seu redor.
     Em suas formas mais radicais, o movimento feminista é facilmente identificável. Nós o associamos aos esforços para eliminar toda e qualquer distinção entre homens e mulheres. Podemos pensar em tentativas de abolir as estruturas familiares tradicionais (tais como casamento monogâmico, maridos como provedores, mães como cuidadoras) e de substituí-las com alternativas depravadas (sexo livre, casamento homossexual, divórcio sem culpa, etc.). Vemos mulheres zangadas e estridentes marchando pelo direito do aborto e de salários iguais entre homens e mulheres.
      Como mulheres cristãs, reconhecemos tais esforços pelo que são e desprezamos e condenamos este ataque tão óbvio aos padrões bíblicos.
      Entretanto, a filosofia de liberação da mulher não está confinada à arena secular. Muitos elementos não tão óbvios desta filosofia têm penetrado e permeado nossas instituições e lares cristãos. Um bando de periódicos, escritores e palestrantes supostamente cristãos têm sutilmente promovido a filosofia egocêntrica, centrada nos direitos que são a raiz do movimento feminista. A maioria de nós, como mulheres cristãs, é muito mais influenciada por este tipo de pensamento do que percebemos.
     Infelizmente as táticas do tentador não mudaram desde seu encontro com a primeira mulher no jardim. Assim como no ataque à Eva, a serpente apresenta sua filosofia hoje de maneiras sutis e enganosas que, na superfície, parecem ser inofensivas.
     O inimigo atua através de nossa cultura e nossa natureza caída para nos persuadir de que se não nos levantarmos para defender nossos direitos, ninguém mais o fará; que temos o direito de sermos felizes e completas; e que uma vida de doação e serviço é escravidão.
   O problema é que, por mais apelativo e atraente que o diabo faça parecer o seu programa, ele é um mentiroso. Ele é um enganador. Ele é o destruidor.
    Por muitos anos, como eu viajo e ministro às mulheres, ouvindo-as compartilharem o que há em seus corações, eu tenho sofrido ao ver a devastação física, mental e espiritual sofrida pelas cristãs que foram enganadas. Elas rejeitaram o plano de Deus (talvez inconscientemente) para suas vidas e seguiram os planos à maneira do mundo pensar. Elas têm sido feitas de trouxa, acreditando nas mentiras de Satanás. E elas estão pagando um preço de consequências dolorosas em suas consciências, em seus corpos, emoções e espíritos, seus casamentos, e seus filhos e netos.
     Deixe-me sugerir que devemos começar aceitando o simples fato de que Deus nos fez mulheres e que Ele nos fez vastamente diferentes dos homens, não apenas psicologicamente, mas também emocional, mental e até mesmo espiritualmente. O caráter da mulher é um dom a ser valorizado, guardado e recebido com gratidão. Mas é um privilégio que vem com responsabilidades das quais não podemos escapar. Tais responsabilidades estão enraizadas no propósito para o qual Deus nos criou.
    Assim que começamos a considerar nosso propósito para viver, descobrimos uma diferença fundamental entre o plano de Deus e o modo de pensar do homem. Na raiz da filosofia feminista está a visão de que a mulher existe para agradar e preencher seu próprio ser, de que ela é um ser independente, livre para fazer o que desejar.
    Mas temos que reconhecer que, desde a sua criação, a mulher foi feita para o homem e dada ao homem, para ajudá-lo e atender suas necessidades. Mas sendo uma ajudadora, a mulher encontra sua maior recompensa, porque ela funciona como Deus a desenhou.
   Tudo a nosso respeito – nossa aparência, nossas atitudes, nossas ações, nossas palavras – ou ajudam ou atrapalham os homens que Deus colocou ao nosso redor ou com autoridade sobre nós. Nós os ajudamos quando nós os edificamos ou exaltamos. Nós os atrapalhamos e puxamos para baixo quando nos exaltamos. “Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos.” (Pv 14.1)
     Se nós “edificamos” ou “derrubamos” nossas casas, estamos sendo influenciadas por uma esfera mais do que apenas aqueles que vivem dentro das quatro paredes das nossas casas. Por nossas atitudes, palavras e comportamento como mulheres, estamos sábia ou tolamente traçando uma marca indelével em nossas igrejas, sociedade e futuras gerações.


Atitudes que Edificam

1.   Um lar sólido deve ser construído sobre a fundação de um compromisso permanente e incondicional. (“Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.” Pv. 31.12) O mundo diz “Você não tem que aguentá-lo. Você tem que achar alguém que te trate bem.” Mas a mulher de Deus está no seu casamento para dar, não para receber e ela continuará dando não importa o custo.

2.   A mulher que rendeu todas as suas expectativas para Deus tem um espírito agradecido. Por outro lado, a mulher exigente, guiada pelos seus direitos, sente que devem algumas coisas a ela e suas expectativas nunca podem ser satisfeitas. Ela conecta seu marido, filhos e outros às expectativas que ele não tem condições de cumprir.

3.   A mulher de Deus é vestida com humildade (1Pe 5.5), aquela atitude do coração que a faz estimar os outros mais que a si mesma (Fl 2.3). A mulher orgulhosa destrói sua casa, bem como outras, colocando a si mesma, suas necessidades e seus desejos antes dos outros.

4.   Uma mulher sábia edifica a sua casa com um espírito de mansidão, ou entregou todos os seus direitos a Deus. A mulher tola fica facilmente irada quando sente que seus desejos foram violados.

5.   A mulher que confia em Deus, será capaz de responder à autoridade do seu marido submissa e obedientemente. A mulher que resiste à direção do cabeça, aquele apontado por Deus, ameaça a segurança do seu lar. O desejo de uma mulher de controlar o homem é parte da maldição que resultou da Queda (Gn 3.16). Um lar pode ser destruído por uma mulher dominadora e manipuladora, que seja dirigida pelo desejo de controlar. A rendição edifica uma casa.

6.   O espírito de um lar é construído por uma mulher que irradia alegria – alegria que está enraizada não nas circunstâncias externas, mas na confiança que Deus é “o Bendito Controlador” de todas as coisas. A mulher centrada em si mesma infecta aqueles ao seu redor com seu espírito de descontentamento e amargura.

7.   A mulher misericordiosa e perdoadora “cobre uma multidão de pecados” com seu amor e é rápida em deixar de lado transgressões cometidas contra ela. Uma mulher tola aniquila a sua casa mantendo um registro de ofensas e insistindo em retaliar.

8.   A mulher de Deus reverencia seu marido, não necessariamente porque ele é digno de honra, mas porque ela concorda que Deus colocou este homem como cabeça dela. A mulher que destrói seu marido com uma atitude de desrespeito exalta a si mesmo e tolamente derruba a sua casa.

9.   A mulher leal edificará seu marido e filhos falando bem deles aos outros. A atitude crítica destruirá o espírito da casa. A mulher tola comparará seu companheiro aos outros homens de maneira desfavorável e se permitirá fantasiar a respeito do homem “ideal” com quem ela “realmente” gostaria de estar casada.

10.   “Acima de todas as coisas”, Paulo exortou “amem ardentemente uns aos outros” (1Pe.4.8). Uma das coisas mais importantes que as mulheres de Deus mais velhas podem ensinar às mais novas é a amar seus maridos e filhos (Tito 2.4). A mulher amorosa não buscará seus próprios interesses, tempo, privacidade e realizações, mas dará de si mesma inteiramente para atender às necessidades dos outros, sem esperar nada em troca. Por outro lado, uma atitude que busca sua própria satisfação, é uma influência feia, cancerosa, destrutiva num lar.


Nancy DeMoss Wolgemuth


Fonte: Revive our hearts. Website: reviveourhearts.com. 

Traduzido com permissão. 
Título original:  Today’s Woman
Tradução: Viviane Andrade



Nancy Leigh DeMoss é apresentadora de dois programas de rádio nos Estados Unidos: Revive Our Hearts [Aviva nossos corações] e Seeking Him [Buscando a Deus]. Seus livros já venderam mais de um milhão de cópias. Tem trabalhado desde 1980 na organização cristã Life Action Ministries. Também é organizadora do livro Mulher Cristã: repensando o papel da mulher à luz da Bíblia, publicado por Vida Nova. 

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BiancaBonassiRibeiro

Meu filho, o Areópago e Paulo. por Bianca Bonassi Ribeiro

maio 17, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments



Esse artigo é uma experiência pessoal, cujo foco é estimular pessoas a encontrarem soluções verdadeiras e sábias para problemas cotidianos. Ao mesmo tempo, gostaria de incentivar mais pessoas a se posicionarem no “Areópago” de nossos dias. Simplesmente porque acredito na suficiência da Bíblia como ferramenta útil, dada por Deus, para ensinar, repreender, corrigir e instruir na justiça, conforme 2 Timóteo 3.16.
Recentemente, um de meus filhos estava estudando mitologia grega, na escola, porém o enfoque estava além do simples apresentar fatos. Havia um forte apelo persuasivo que estava gerando bastante incômodo ao meu filho. Até que em certo momento ele se recusou a fazer determinado exercício/trabalho e foi chamado à conversar com a coordenadora. Neste “bate-papo” com a coordenação foi-lhe pedido um trabalho sobre um deus grego. Ao chegar em casa, esse meu filho me explicou toda a história e a missão que ele teria que cumprir. Isto aconteceu numa sexta-feira e o trabalho deveria ser entregue na segunda-feira. Diante disso, orei mentalmente pedindo sabedoria e falei que faríamos o trabalho juntos no dia seguinte. Assim, passei o restante do tempo orando por sabedoria e meditando em como poderíamos ser sábios e cumprir a tarefa. Foi então que me lembrei de uma das viagens de Paulo à Grécia, especificamente quando ele foi ao Areópago. Assim chegamos ao tema do trabalho e consequentemente deste artigo.
Para desenvolver o trabalho, abri a Bíblia de estudo NVI em Atos 17.16-25 que fala da experiência de Paulo, no Areópago, meu filho leu esse texto. Na sequência, perguntei se ele sabia o que era o Areópago e o conduzi a ler o comentário explicativo, na nota de rodapé. Para então, ele chegar no deus Ares (deus da guerra e do trovão na mitologia grega). Depois disso, complementamos a pesquisa com informações da internet, mas no trabalho do meu filho constava o trecho de Atos 17. 22-24 e assim, sem brigas e discussões, pelo menos a coordenadora e professora foram expostas à Palavra de Deus e a tarefa foi realizada com empenho.
No entanto, esse texto me chamou atenção em vários aspectos que gostaria de compartilhar aqui. E o convido a ler o trecho apresentado a seguir:
[...] Paulo ficou profundamente indignado ao ver que a cidade estava cheia de ídolos. [...] Alguns filósofos epicureus e estóicos começaram a discutir com ele. Alguns perguntavam: “ O que está tentando dizer esse tagarela?” Outros diziam: “Parece que ele está anunciando deuses estrangeiros”, pois Paulo estava pregando as boas novas a respeito de Jesus e da ressurreição. Então o levaram a uma reunião do Areópago, onde lhe perguntaram: “Podemos saber que novo ensino é esse que você está anunciando? Você está nos apresentando algumas ideias estranhas, e queremos saber o que elas significam.” Todos os atenienses e estrangeiros que ali viviam não se preocupavam com outra coisa senão falar ou ouvir as últimas novidades. Então Paulo levantou-se na reunião do Areópago e disse: Atenienses! Vejo que em todos os aspectos vocês são muito religiosos, pois andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio (At 17. 16b, 18-23 – grifo meu).
O Areópago ficava numa colina em Atenas e era um local onde os filósofos da época se reuniam para estudar e discutir ideias. Tratava-se de um misto de ensino religioso e secular. Os filósofos gregos epicureus[i] pertenciam a uma escola fundada por Epicuro por volta de 306 a.C. e tinham como objetivo principal da vida a busca pelo prazer. Eles acreditavam que a felicidade era alcançada pelo prazer mental e físico e procuravam evitar o que causava dor. Enquanto que os estóicos[ii] (baseados nos ensinos de Zenão no pórtico de Stoa Poikili), outra escola filosófica, acreditavam que os seres humanos deveriam ser livres das paixões e governados pela razão. Ao mesmo tempo pensavam que Deus era um espírito universal e que as pessoas faziam parte dessa razão universal, assim precisavam encontrar seu lugar certo na ordem natural das coisas. Acima de tudo pregava-se a auto-suficiência do indivíduo.
Ao estudar sobre essas escolas de pensamento antigas, notamos muita semelhança com as sociedades modernas. Os deuses da atualidade continuam a ser o bem-estar individual e auto-prazer. Ao “andar pelas cidades”, observamos cuidadosamente os objetos de culto focados no “eu”, trata-se da cultura do “self”. No entanto, Paulo decidiu apresentar as boas novas a respeito de Jesus. Nesse novo ensino, ou seja, nessa nova escola, o Mestre mesmo sendo Deus, esvaziou-se a si mesmo, se apresentou como servo em favor de outros, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte (Fp 2. 6-8). Os seguidores dessa escola devem ter essa mesma atitude que vai contra a cultura atual. Ela tira o foco do “self” e o direciona para o outro. Como está escrito:
Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a vocês mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus (Fp 2.3-5).
No entanto, se você optar por seguir essa escola, esteja preparado para receber o retorno que Cristo (Mestre) e Paulo (professor e seguidor) receberam. Em Atenas e ao final do discurso, no Areópago, conforme descrito em Atos 17, Paulo foi:
1. Ridicularizado - "... o que fala este tagarela?" (v. 18).
2. Zombado - "alguns deles zombaram" (v.32).

Mas influenciou novos seguidores dessa Escola: "Dionísio e Dâmaris creram" (v. 34)
Por fim, como em toda boa escola o Mestre, orienta que para o pupilo ter bom desempenho é necessário forte dedicação e muito estudo. Na escola de Cristo, a dedicação é a inclinação do coração em obedecer às Palavras do Mestre e o estudo deve ser pautado no livro texto que Ele indicou: a Bíblia Sagrada.

Bianca Bonassi Ribeiro 
[i] Dicionário ilustrado da Bíblia. Ronald F. Youngblood; F.F. Bruce e R.K. Harrison.
[ii] idem



Bianca é casada com Luciano. Eles têm dois filhos, o Pedro e o Vitor. Ela faz parte da equipe docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, desde 2007 e é membro da Primeira Igreja Batista de Atibaia.
Bianca é doutora em Comunicação e Semiótica, mestre em Administração e graduada em Administração de Empresas.

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Como as mulheres podem servir na igreja e ainda permanecer fiéis à Palavra de Deus? por Vanda Santos

maio 10, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments





Com o intuito de dar um vislumbre de como as mulheres podem servir na igreja, Glória Furman e Kathleen Nielson escrevem o livro “Ministério de Mulheres”. O livro trata da necessidade das mulheres de aprenderem sobre a glória de Deus e quem Ele é, em se dedicar a aprender e ensinar a outras mulheres o que aprendeu, obedecendo a ordem do Mestre em fazer discípulos, começando com a dedicação e disciplina em conhecer o conteúdo da Palavra, a teologia, e dá exemplos sobre como colocá-la em prática. As autoras deixam claro como as mulheres podem servir nos diversos ministérios, desenvolvendo seus dons tanto na igreja como no seu dia a dia, em seu lar, vizinhança e trabalho. Elas dão um destaque significativo sobre a necessidade primária do conhecimento bíblico, anterior a qualquer outra necessidade: “O ministério de Mulheres deve ser, antes de tudo, fundamentado na Palavra. Não devemos começar com as necessidades das mulheres- embora devamos chegar a essas necessidades.”[1]
Em primeira instância, o que mais importa no trabalho realizado com elas e por elas é se está sendo feito com os motivos corretos e com conteúdo voltado para honrar e glorificar a Deus. Como foi visto anteriormente, as funções exercidas pelas mulheres na bíblia eram um serviço de valor. Hoje em dia, muitas vezes, a mulher não encontra um espaço para servir, por diversos motivos: por não saber como, por não ter apoio e direcionamento por parte da liderança e, outras vezes, por não querer e não ser incentivada a fazer. John Piper e Wayne Grudem também tratam deste assunto e destacam algumas razões, como podemos conferir:
Primeira, os homens têm muitas vezes magoado as mulheres, tratando-as como cidadãos inferiores do reino; e alguns homens menosprezam ou ignoram a contribuição delas no ministério. (...) Uma razão para o atual movimento feminista é que algumas mulheres estão respondendo aos homens que as oprimem e as tratam mal. Segunda, as mulheres contemporâneas devem ser incentivadas pelas mulheres que, nas Escrituras, contribuíram para disseminar a mensagem do reino. (...) Nenhuma mulher que tem o desejo de servi-Lo deve sentir-se como se não houvesse lugar para o seu ministério na igreja.[2]

Então qual é o lugar da mulher na igreja local? Atualmente, é difícil conversar e interagir com objetivo de edificação mútua com outras mulheres na igreja; parece que o mais fácil mesmo é fazer parte de um grupo de whatsapp e mandar mensagens prontas e dizer “Bom dia!”, “Boa tarde!”, “Boa Noite!”, “Oi, tudo bem?”, “beijinhos”, “Você vai ficar bem”, “Deus está no controle”, “Não desista!” etc, (não que isso seja desprezível em si). Porém, ligar para marcar uma visita ou perguntar: Como está a sua vida espiritual? Você está passando por alguma dificuldade? Existe uma maneira em que eu possa lhe ajudar? Estar disposta a ouvir e fazer algo pela irmã se torna um pouco difícil e invasivo, pois exige uma resposta além de um sim ou não.
Por outro lado, o fato é que “engajar-se na igreja local traz muito mais alegria e muito mais desafios do que a interação por meio da tecnologia”.
Os dons que Deus concede às mulheres são presentes valiosos para serem usados na igreja, lar, trabalho, ou qualquer outro lugar. Podemos fazer mais que simplesmente responder com um emogi. Podemos nos envolver pessoalmente, uma a uma, oferecendo ajuda espiritual efetiva. Mas a dúvida permanece: Como? E Cindy Cochrun discorre:

Como mulheres, encontrar o nosso lugar na igreja local pode ser um desafio. Embora todo dom seja igualmente valioso dentro do corpo, o dom de Deus às mulheres se estende muito além de trocar fraldas e fazer café. (...) Também não devemos nos esquecer de buscar entre as mulheres maior diversidade de dons, perspectivas, sabedoria e experiência (...) O custo de negligenciar o talento das mulheres na igreja local é extenso. Não somente perderemos a beleza e a alegria de um corpo que funcione e seja saudável, mas lentamente a igreja também enfraquecerá. (...) Tanto uma jovem mãe com muitos vizinhos amigos quanto uma vereadora terão ideias valiosas para o compartilhar sobre evangelização em suas comunidades. Mulheres advogadas e corretoras de imóveis podem ser um grande trunfo em uma comissão de construção da igreja. A mulher com experiência na organização de associações de bairro em áreas economicamente desafiadora e a presidente do banco local podem oferecer sua experiência à congregação de várias maneiras. Muitas mulheres com dons de ensino serão chamadas a usar esses dons em todos os tipos de oportunidades biblicamente apropriadas.[3] (grifo meu).

Como foi exposto, não importa a formação da mulher; ela poderá servir com eficácia no corpo de Cristo de diferentes maneiras. Porém, é de suma importância que ela conheça o evangelho, a fim de vivenciá-lo no seu cotidiano e dentro da igreja local, pois Cristo é o motivo e o foco de todo serviço.

ÁREAS EM QUE AS MULHERES PODERÃO SERVIR NA IGREJA LOCAL

Todo o projeto começa com oração pela busca de direcionamento do Espírito. As mulheres dispostas deverão levá-lo para a liderança da igreja para sua posterior implantação.
Baseadas em pesquisas feitas com líderes de três igrejas Batistas, sobre os trabalhos que são realizados somente com mulheres, seguem abaixo as sugestões:

       No ensino: dando aulas na EBD para crianças, para meninas, moças solteiras, jovens casadas, mulheres na meia idade e 3ª idade.
       Na liderança: organizando os treinamentos para mulheres em várias faixas etárias.
       No evangelismo: Treinando, distribuindo literatura, fazendo reuniões em casa com as vizinhas para ler a bíblia, Oficina de artes, se envolvendo com a vizinhança da igreja.
       No discipulado: ensinando sobre os princípios bíblicos, a vida de Jesus, orando e estimulando outras a terem uma vida devocional.
       Na assistência: generosidade com as famílias carentes, da igreja ou de pessoas próximas.
       Nas assembleias: secretariando e mantendo as atas em dia. (escribas)
       No louvor: adorando com sua voz e compromisso no coral ou conjuntos, ou mesmo tocando instrumentos e na projeção e arranjo das letras.
       No aconselhamento bíblico: ouvindo e prestando ajuda e consolando as aflitas.
       No grupo de leitura: organizando ou participando dos estudos de livros.
       Nos grupos de intercessão: Mulheres que oram pelos pedidos encaminhados a elas.
       Na cozinha: ajudando na preparação de almoço e confraternização.
       Nos encontros: Mensal, chá de cozinha, bebe, com estudo da palavra.
       No café da Manhã: as mulheres se reúnem, tomam café e compartilham da Palavra.
       No encontro com Jovens Mães com filhos pequenos: lerem um livro sobre como criar os filhos ou como servir a Deus nesta fase tão corrida da vida.

A lista não é exaustiva, mas os serviços citados serão em vão se não forem feitos com a motivação de levar as mulheres a conhecerem cada dia mais o Senhor Jesus e se preparem para o “grande dia” em que se encontrarão com ele, e permanecerem firmes - Hb 3.13-14(ARA).

Vanda Santos


[1] FURMAN, Glória e NIELSON, Kathleen. “Ministério de Mulheres”. Amando e servindo a igreja por meio da Palavra. São Paulo. Editora Fiel - 2015
[2] PIPER, John, GRUDEM,Wayne. “Homem e Mulher”. Seu papel bíblico no lar, na igreja e na sociedade. São Paulo. Editora Fiel. 1996
 [3] FURMAN, Glória e NIELSON, Kathleen. “Ministério de Mulheres”. Amando e servindo a igreja por meio da Palavra. São Paulo. Editora Fiel. 2015.


Vanda Pires de Sant' Anna Santos, formada em Teologia pelo Seminário Batista Logus em SP, trabalha há 10 anos no departamento de vendas da Editora Fiel,  membro da Igreja Batista da Graça, onde atuou por vários anos como lider da União Feminina Missionária e Professora no Clube OANSE, para crianças. Casada  há 33 anos com Valdir Santos, Pastor e Ministro de Música, mãe de 3 filhos, Sara Carolina, 32, casada, Jônatas, 29, casado, Allan, 25, solteiro, e avó do Vitor, de 2 anos.

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A Bíblia precisa ser desmasculinizada? por Nelson Galvão

maio 03, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments




A Bíblia precisa ser desmasculinizada?

O recente movimento feminista tem acusado a Bíblia de machismo. As Escrituras teriam sido escritas em um ambiente patriarcal, machista e, por isso, seriam repletas de afirmações e narrativas que refletem uma cultura “Androcêntrica”. Veja o que afirma a teóloga Rosemary Ruether, em seu livro “Sexismo e religião”, publicado pela Editora Luterana:

Partindo do pressuposto básico de que o macho é o modelo da pessoa humana e, portanto, também a imagem normativa de Deus, todos os símbolos, da linguagem sobre Deus à cristologia, à igreja e ao ministério são moldados pelo modelo dominante do macho como figura central, e a fêmea como subordinada e auxiliar.[1]

Para a teóloga feminista, a Bíblia é inteiramente influenciada pelo machismo e, por isso, não pode ser a autoridade final. Dessa forma, na concepção de Ruether, deveriam ser descartados todos os “elementos machistas” da Bíblia, como até mesmo referir-se a Deus no masculino, uma vez que Deus teria sido expresso de forma machista pela cultura judaico-cristã, que é marcada pelo “patriarcado”. A proposta feminista então é fazer uma leitura feminista da Bíblia, a desmasculinizando:

A leitura feminista da Bíblia encontra na fé bíblica uma norma pela qual os textos bíblicos são submetidos à crítica [...] Desse modo, muitos aspectos da Bíblia são explicitamente postos de lado e rejeitados.[2]

Na concepção de Ruether até mesmo Jesus deveria ser “desmasculinizado”:

No momento em que a mitologia de Jesus, o Messias, ou o logos divino, acompanhado de sua imagética masculina tradicional, for eliminada, o Jesus dos evangelhos sinóticos será reconhecido como figura imensamente compatível com o feminismo.[3]

Essa seria então uma “hermenêutica de suspeita” feminista. A Bíblia teria sido escrita, traduzida, canonizada e interpretada por homens. O Canon da fé ficou centralizado no homem. Assim, por meio da reconstrução teológica e exegética, as mulheres novamente deveriam assumir o lugar de destaque que ocuparam na história cristã primitiva.
Foi nesse caminho teológico que em 1998, mais de 800 feministas, gays e lésbicas do mundo inteiro reuniram-se nos Estados Unidos num Congresso chamado “Reimaginando Deus”. Os participantes do Congresso celebraram uma “Ceia” onde o pão e o vinho foram substituídos por leite e mel, e conclamaram as igrejas tradicionais a pedir perdão por terem se referido a Deus sempre no masculino. Amaldiçoaram os que são contra o aborto e abençoaram os que defendem os gays e as lésbicas.
É nesse mesmo caminho teológico que recentemente a Igreja Nacional da Escócia abraçou a chamada “teologia de gênero”. De acordo com cartilha divulgada pela Igreja, os pastores devem considerar o uso de linguagem neutra” para se referir a Deus.
É nesse mesmo caminho teológico que muitas igrejas evangélicas no Brasil tem aceitado pastoras, considerando textos como 1 Tm 2.11, ou 1 Co 1.3, como machismo de Paulo, ou declarações que devem se circunscritas ao tempo da igreja primitiva.


As origens da tentativa de desmasculinizar a Bíblia

Esse esforço em “desmasculinizar” a Bíblia tem origem na hermenêutica de Bultman. Rudolf Bultmann nasceu em 1884, em Wiefelstede, Alemanha. Era filho de pastor luterano e neto de missionário na África. Frequentou as universidades de Tubingen, Berlin e Marburg. Foi influenciado pelos professores liberais: Wilhelm Hermann e Adolf Von Harnack.
Influenciado ainda pelo existencialismo de Heidegger, Bultmann propôs a abordagem hermenêutica da crítica da forma.  
A abordagem da crítica da forma proposta por Bultmann parte do princípio de que o conteúdo de origem oral dos Evangelhos, especialmente os sinóticos, “sofreu alterações resultantes da sobreposição de camadas de tradições subsequentes”[4]. Em outras palavras, a Igreja, em anos posteriores ao cristianismo primitivo teria acrescentado a teologia presente no Cânon. Assim, o material contido no Novo Testamento procederia, em grande parte, de ambientes não-judeus ou estranhos à Bíblia. Assim, por exemplo, “o misticismo egípcio, a especulação filosófica helenista, as religiões de mistério e os ritos religiosos romanos formam um pano de fundo importante para a compreensão das principais ideias do NT”[5]. Por exemplo, o “Senhor” de Paulo, seria do Helenismo e não judaico, assim como “Filho de Deus” e “Salvador”.
De acordo com Bultmann, o gnosticismo teria influenciado, dentre outras coisas:

(1) a escatologia neotestamentária. Por exemplo, seria linguagem gnóstica quando Satã é “chamado de  Θεὸς τοῦ αἰῶνος τούτου (2 Co 4.4), ou ἄρχων τοῦ κόσμου τούτου[6].
(2) a antropologia bíblica. Segundo Bultmann, “a mitologia gnóstica serve para caracterizar a situação do ser humano no mundo como uma vida que, por sua procedência, está fadada ao perecimento, que está entregue ao domínio de poderes demoníacos”[7]; (3) a terminologia para expor o evento salvífico[8].

A desmitologização precede a desmasculinização

Para Bultman o gnosticismo teria influenciado o cristianismo de tal forma que este criou a imagem mitológica de Jesus conforme a vemos no Evangelho de João. Dessa forma, seria necessário distinguir o Jesus da história do Jesus da fé.
Em sua obra “Jesus Cristo e mitologia”, Bultmann afirma:

A mitologia [...] crê que o mundo e a vida humana têm seu fundamento e seus limites em um poder que está mais além de tudo aquilo que podemos calcular ou controlar. A mitologia fala deste poder de forma inadequada e insuficiente, porque o considera um poder humano. Fala de deuses, que representam o poder situado mais além do mundo visível e compreensível... Tudo o que acontece é igualmente válido para as concepções mitológicas que se dão na Bíblia.[9]

Em 1941 Bultmann escreveu um livro: “Novo Testamento e mitologia: o problema da eliminação dos elementos mitológicos da proclamação do Novo Testamento”. Nesse livro, o autor recomenda:

“Ninguém que seja adulto o suficiente para pensar por conta própria imagina que Deus possa habitar um céu situado em algum lugar. Não existe mais céu algum no sentido tradicional da palavra. O mesmo se aplica ao inferno no sentido de um submundo mítico localizado debaixo dos nossos pés. Portanto, a história segundo a qual Cristo desceu ao inferno e subiu ao céu deve ser descartada. Não podemos mais esperar pelo retorno do Filho do Homem nas nuvens ou acreditar que os fiéis o encontrarão nos ares”[10].

Essa interpretação literal do Novo Testamento é chamado por Bultmann de “sacrificium intellectum”[11].
Dessa forma, Bultman negava: (1) A escatologia do Novo Testamento; (2) O ensino de expiação do NT, uma vez que supostamente repousa sobre o imaginário primitivo de culpa e justiça; (3) O Filho do Homem preexistente que entra no mundo para salvar o homem seria do gnosticismo.
Para Bultmann, o evento Jesus é uma combinação de história e mito. De acordo com Bultmann, “lendária é a história da tentação [...] Um colorido lendário possui a história da entrada de Jesus em Jerusalém [...], e elementos lendários penetraram de múltiplas maneiras na narrativa da paixão de Jesus”[12].
Esses “mitos devem ser interpretados de forma antropológica, e não de cosmológica; não como imagens objetivas do mundo, e sim como expressões de nossa compreensão da existência humana”[13].
Dessa forma, Bultmann diferencia o Jesus da história, do Jesus da fé. Bultmann não via Jesus como Filho de Deus que expiou os pecados do mundo. A morte e ressurreição de Jesus têm um significado existencial. A teologia não está interessada em fatos históricos, mas no significado existencial dos eventos históricos. Assim, Bultman quando questionado se acreditava que Jesus havia de fato ressuscitado dos mortos, respondeu: “Sou teólogo e não arqueólogo”[14]. Segundo o teólogo:

“O reconhecimento de Jesus como aquele no qual a palavra de Deus se nos depara de modo decisivo, quer se lhe atribua o título ‘Messias’ ou o de ‘Filho do homem’, quer se o denomine de ‘Senhor”, é um mero ato de fé que independe da resposta à pergunta histórica, se Jesus se considerou o Messias. Essa pergunta somente pode ser respondida pelo historiador – na medida em que for possível responde-la; e a fé como decisão pessoal não pode depender de seu trabalho”[15].

Esse método foi absorvido sem reservas pela teologia feminista que tenta fazer uma releitura das Escritura sob o viés do feminismo.

Uma breve consideração dos pressupostos da teologia feminista

A teologia bultimaniana não crê na inspiração das Escrituras e a teologia feminista que tem influenciado tantas igrejas evangélicas no Brasil tem bebido desse tipo de fonte.
O pressuposto básico por detrás dessas teologias, que hora tentam “desmitologizar” as Escrituras, e outra hora tentam “desmasculinizá-la”, é a descrença na inspiração das Escrituras.
Não quero ser extensivo na argumentação a respeito da autoridade das Escrituras. Basta-nos nos deter em 2 Tm 3.15-17:

Porque desde criança você conhece as sagradas letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.

Paulo escreve a sua segunda carta ao jovem pastor Timóteo para instruí-lo em como este deveria proceder na liderança da Igreja do Senhor. De acordo com Carlos Oswaldo, o argumento básico dessa carta é: “Motivar Timóteo a assumir sua parte no ministério de Paulo suportando as provas do ministério com perseverança e pureza” (Pinto: 2008, p. 449).
Com isso em mente, percebemos que não é possível considerar o vs. 15 isoladamente, assim como o fazem alguns neo-ortodoxos. Sim, as sagradas letras são capazes de tornar o homem sábio para a salvação, mas elas também são capazes de tornar o homem de Deus últil para toda a boa obra, porque “toda” ela é inspirada, e não somente partes.
A palavra γραφὴ (Escritura) ocorre 55 vezes no Novo Testamento e em todas as ocorrências se refere ao Antigo Testamento. Isso significa que, embora Deus tenha usado agentes humanos, as palavras do Antigo Testamento são θεόπνευστος (inspiradas).
Conceito semelhante está em 2 Pe 1.20,21:

Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo.

Entretanto, tudo indica que Paulo também se referia aos seus próprios ensinamentos como inspirados. Parece que em 2 Tm 3.14-17, Paulo inclui as duas fontes do conhecimento de Timóteo, quais sejam, "aquilo que aprendeste" (de mim- 2 Tm 3.14) e "as sagradas letras", como inspirados. Em várias ocasiões, Paulo chega bem perto de chamar seus escritos de “Escritura”. De acordo com o que nos lembra Stott:

Encaminha suas cartas para serem lidas nas assembléias cristãs, sem dúvida ao lado das leituras do Antigo Testamento (p. ex.: Cl 4:16; 1 Ts 5:27). Várias vezes ele afirma estar falando em nome e com a autoridade de Cristo (p. ex.: 2 Co 2: 17; 13: 3; Gl 4: 14), e chama a sua mensagem de "a palavra de Deus" (p. ex.: 1 Ts 2:13). Uma vez ele diz que, comunicando o que Deus lhe revelara, não usa "palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito" (1 Co 2: 13).[16]

Além disso, Pedro chama as cartas de Paulo de “Escritura”, no mesmo patamar do Antigo Testamento (2 Pe 3.15,16).
Dessa forma, entendo que os pressupostos da teologia feminista, e seus esforços em “desmasculinizar” as Escrituras, não se sustentam à luz das Escrituras.


A oposição de Oscar Cullmann

Rudolf Bultmann encontrou em Oscar Cullman seu maior oponente. Os argumentos de Cullman contra a “desmitologização” de Bultman são contundentes e aplicáveis a “desmasculinização”, usada pelos feministas.
Cullman nasceu em 1902, em Estraburgo, França. Foi professor de Novo Testamento na Universidade da Basiléia, Suíça.
Assim como Bultmann, Cullman utilizava-se do método histórico-crítico para a intepretação da literatura do NT[17]; entretanto, chegou a conclusões diferentes de Bultmann[18].
Para Cullmann o material historiográfico contido nas páginas do Novo Testamento é plenamente confiável: “é possível extrair um volume significativo de informações confiáveis do Novo Testamento e da literatura correlata sobre o Jesus histórico e sobre seus ensinamentos”[19]. Do contrário, uma questão levantada por Paul Enns é pertinente:

“à luz das posições de Bultmann, qual seria o benefício de proclamar um evangelho sem validade histórica?” Se o Jesus verdadeiro não pode ser realmente conhecido, como Bultmann sugere, qual é o benefício de pregar o evangelho?”[20].

Faço a mesma pergunta aos feministas evangélicos: Se a Bíblia é machista em seu conceito sobre casamento, família e papel feminino na igreja, quem poderia confiar em um Salvador que nasceu em um ambiente supostamente machista e parece ter ratificado esse machismo?

Quanto à influência do gnosticismo sobre o cristianismo primitivo, Cullmann argumentou que não existem evidências historiográficas suficientes para essa afirmação de Bultmann. Assim, se posicionou de forma contrária ao teólogo alemão. Foi o cristianismo primitivo que influenciou a comunidade gnóstica. “A verdade é exatamente o oposto que Bultmann afirmava: foram os ensinamentos do cristianismo primitivo que comunicaram ao gnosticismo características cristãs sólidas”[21].
 Cullmann escreveu o livro “Cristo e o tempo”. Era uma tentativa de documentar, com base na literatura bíblica, um ponto de vista teológico da história, que veio a ser conhecido como heilsgeschichte, “História da Salvação”. Isso significa que:

(1) Deus agiu de maneira redentora no decurso da história;
(2) esses eventos salvíficos se colocam um diante do outro numa dupla relação de continuidade e progressão;
(3) o evento de Jesus é o centro dessa história. “Toda teologia cristã, em sua mais íntima essência, é história bíblica”.

Da mesma forma, podemos afirmar que não foi a cultura “patriarcal” Antiga que influenciou as Escrituras, mas as Escrituras que trouxe a revelação da pessoa de Deus, o conceito de família heterossexual e monogâmica e o conceito complementarista de liderança no lar. É na história da salvação que encontramos a vontade de Deus para os gêneros e para a família.
Assim, conclui-se que o esforço deliberado do movimento feminista em “desmasculinizar” as Escrituras representa mais um ataque demoníaco à verdade revelada. Muitos pastores estão desavisados das implicações dessa abordagem feminista e minimizam o problema. O que está em jogo é a doutrina da inspiração das Escrituras. Talvez nunca na História do Cristianismo a Igreja tenha sofrido um ataque tão sorrateiro e danoso.

 Nelson Galvão
Sola Scriptura



[1] Miller e Grenz. Teologia Contemporâneas, p. 188
[2] Ibid, p. 191
[3] Ibid, p. 195
[4] Ibid, p. 50.
[5] Ibid, p. 51.
[6] Rudolf Bultmann. Teologia do Novo Testamento. p. 227.
[7] Ibid, p. 229.
[8] Ibid, p. 230,
[9] Rudolf Bultmann. Jesus Cristo e Mitologia. p. 12
[10] Rudolf Bultmann, in Miller e Grenz. Teologias Contemporâneas. p. 54
[11] Ibid, p. 55.
[12] Rudolf Bultmann. Teologia do Novo Testamento. p. 66.
[13] Rudolf Bultmann, in Miller e Grenz. Teologias Contemporâneas. p. 59
[14] Ibid, p. 60.
[15] Rudolf Bultmann. Teologia do Novo Testamento. p. 66.
[16] John Stott. p. 45
[17] Concordo com o esclarecimento de Carson, MOO & Morris: “A crítica da forma não pressupõe nenhum juízo a priori sobre a historicidade do material que analisa [...[ De modo que, numa definição assim restrita, há sem sobra de dúvida espaço para a crítica da forma no estudo dos evangelhos”. Introdução ao Novo Testamento. p. 25.
[18] Miller & Grenz. Teologias Contemporâneas. p. 61
[19] Ibid, p. 62.
[20] Paul Enns. Manual de Teologia Moody. p. 701.
[21] Ibid, p. 62.

  


Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP. 
Atua como diretor pedagógico do ministério Pregue a Palavra, como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.

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