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Retrospectiva Congresso Mulher da Palavra

agosto 31, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments



Nesse ano de 2018 comemoramos 10 anos. Confira a retrospectiva desde o nosso primeiro Congresso.


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Congresso Mulher da Palavra 2018

agosto 29, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments

Começa amanha o nosso Congresso 2018 e estamos todas muitas animadas!
Confira nossas preletoras:











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NelsonGalvao,

Sobre a verdadeira alegria! por Nelson Galvão

agosto 29, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments




Você já deve ter ouvido falar de Agostinho. Um homem incrível que viveu no séc. IV d.C. Ele viveu na época do saque de Roma pelos Visigodos. Seu livro “Cidade de Deus” foi escrito nesse ambiente decadente do império romano marcado pelos caos político, social, econômico e espiritual. Mas ainda assim, em seu livro “Confissões”, Agostinho afirma: “Tu nos despertaste para o prazer de te louvar, pois nos criaste para ti, e o nosso coração não tem sossego enquanto não repousar em ti”.[1] Me chama a atenção Agostinho falar de “prazer” em um contexto de caos! Como é possível?
Paulo nos ajuda a responder a essa pergunta. A exortação de Paulo aos filipenses é: “alegrai-vos no Senhor” (3.1). Essa exortação é repetida em 4.4 e mencionada em 4.10. Paulo já mencionou antes a alegria nessa carta. Aliás, ele menciona essa palavra pelo menos 15 vezes em toda a carta. Ele disse que a cooperação dos filipenses na causa do Evangelho lhe trazia alegria (Fl 1.5); que o fato de Cristo ser anunciado lhe trazia alegria (Fl 1.18); que a comunhão entre os filipenses lhe agregava alegria (Fl 2.2); que a fé operosa dos filipenses lhe dava alegria (Fl 2.17).
Perceba que a alegria de Paulo tinha mais haver com o Evangelho do que as circunstâncias temporais, o que nos deixa curiosos, uma vez que na ocasião ele estava preso. Qual o segredo da verdadeira alegria? Veja novamente a exortação: “alegrai-vos no Senhor” (3.1 – grifo meu). Aqui está o ponto: a verdadeira alegria tem como fonte o Senhor. De que Senhor ele se refere? Veja o verso 8: “Cristo Jesus, meu Senhor”. A verdadeira alegria encontra-se em Cristo.
Mas... o que significa alegrar-se em Cristo? Na sequência, Paulo contrapõe os maus obreiros (v. 2), com ele e seus cooperadores (v. 3). Os maus obreiros eram aqueles judaizantes que insistiam que a salvação se dá pela fé em Jesus e pelas obras. Afirmavam que Cristo não é suficiente para a salvação; é preciso algo mais a fim de merecer o céu. Sem dúvida, o conceito de salvação pelas obras faz parte da natureza caída do homem que o escraviza ainda mais em religiosidade que só traz mais amargura para a alma.
Por outro lado, os que servem a Deus em Espírito - ou seja, confiam exclusivamente em Cristo para a salvação (Gl 5.5) – desprezam a confiança em seus próprios méritos. Paulo descreve sua experiência quanto judeu fervoroso em sua religião (v. 4-6). Ele poderia orgulhar-se de ser zeloso nos preceitos religiosos. Mas considerava isso como “esterco” (v. 8)!  Por que? Porque é negando a própria capacidade de alcançar o céu que abraçamos a justiça que vem exclusivamente da fé em Cristo (v. 9) e participamos tanto dos sofrimentos de Cristo quanto da ressurreição de Cristo (v. 10,11).
Talvez você esteja sobrecarregado(a) de culpa e carregue um fardo enorme pelos seus erros no casamento ou com seus filhos. Talvez você esteja à procura de uma forma de pagar por estes erros através da religião ou de boas ações. Ou você já desistiu de ser o que não consegue e vive de forma cínica, flexibilizando/relativizando padrões morais. De todo modo o esforço em ser a boa pessoa que você deveria ser, mas não consegue ser, tem te trazido amargura, tristeza e até mesmo indiferença. Bem, eu quero apresenta-lo à fonte da verdadeira alegria: a confiança exclusiva nos méritos de Cristo. Somente em Cristo nossa alma se encontra com a satisfação plena. Nas palavras de Agostinho: “onde quer que se volte a alma humana, a não ser que se volte para ti, ela se fixa em tristezas; sim, mesmo quando contempla coisas belas”.[2]

 Nelson Galvão


[1] Agostinho. Confissões: Livros de 1 a 10 (Clássicos MC) (Locais do Kindle 164-165). Editora Mundo Cristão. Edição do Kindle.
 [2] Ibid. (Locais do Kindle 1051-1052).

Confira também as pastorais anteriores em Filipenses:




Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP. 
Atua como diretor pedagógico do ministério Pregue a Palavra, como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.

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NelsonGalvao,

Cristo em nós... isto sim é admirável! por Nelson Galvão.

agosto 21, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments





Quem são aqueles que você admira? Se essa pergunta fosse feita a uma criança, provavelmente a resposta seria alguém do panteão mitológico moderno da Marvel!
Mas os admiráveis dos adultos não são aqueles que têm superpoderes, mas a quem é projetado como exemplo a ser seguido. Alguns admiram empresários de sucesso, artistas do mundo pop, estadistas do passado, ou até mesmo novos “influenciadores digitais”. Obviamente estes são escolhidos assim a partir dos valores de cada indivíduo, ou sociedade. (É uma pena que no Brasil o admirável de alguns seja aquele que ignora a ética no futebol, preferindo cavar faltas a jogar limpo, e na política aquele que está preso por corrupção e, mesmo assim, se lança candidato à presidência da República. Isso expressa os valores de uma sociedade moralmente falida!).
Em nossa devocional de hoje veremos duas pessoas citadas por Paulo que são admiráveis, Timóteo e Epafrodito (Filipenses 2.19-30). Por que Paulo os cita assim? O que nesses dois homens é destacado por Paulo que deve nos chamar a atenção? Lembre-se que no texto anterior mencionei que Filipenses é uma carta disposta em ciclos de exortação/exemplo. Esse ciclo começa com a exortação do texto que trabalhamos na semana passada, Fl 2.12-18: “O Evangelho é poderoso para nos salvar e continuar nos salvando”.
Muito bem, dessa forma Paulo destaca em Timóteo e Epafrodito a exortação que ele deu em Fl 2.12-18; ou seja, o Evangelho transformou esses homens de tal maneira que os tornou admiráveis! Vejamos então o que Paulo destaca neles.
No verso 22 Paulo diz que Timóteo havia servido com ele em favor do Evangelho. Essa disposição em servir foi caracterizada por Paulo da seguinte forma:

a-     Timóteo cuidou sinceramente do bem-estar dos filipenses (v. 20);
b-     Timóteo deu provas de si servindo como filho ao lado do pai (v. 22).

O contraponto que Paulo faz é incrível, e destaca ainda mais a atitude de Timóteo! Enquanto Timóteo servia dessa forma, todos os outros “buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus” (v. 21).
Quanto a Epafrodito, este havia sido enviado pelos filipenses para servir a Paulo (v. 25). A respeito dele, Paulo recomenda que os filipenses deveriam honrar homens como ele (v. 29). Por que? Veja o v. 30: “pois ele chegou às portas da morte pela obra de Cristo, arriscando a vida para suprir-me o que faltava do vosso serviço”.
Incrível as características de serviço e abnegação desses dois homens! Paulo ressaltou essas características de Cristo em Fl 2.5-11, lembra? Então, a partir de Cristo, o Evangelho transforma o coração egoísta do homem em disposição a servir de forma abnegada em prol do outro! Isso deve ser digno de honra, o Evangelho transformando-nos à imagem de Cristo!
Quem você admira? Somos afeitos a honrar líderes denominacionais, cargos, posições, administradores de mega-empresas/templos. A estes damos os lugares de honra (Tg 2). Todavia, admirável mesmo é ver como o Evangelho transforma pecadores egocêntricos, tiranos, amantes de si mesmos, arrogantes, hedonistas (2 Tm 3.1-5), em servos com disposição de dedicar a própria vida em favor do outro, para a glória, não de si mesmos, mas de Cristo Jesus. Admirável é ver o Evangelho formar cônjuges dedicados um ao outro; pais servindo aos filhos; filhos aos pais; irmãos ajudando uns aos outros de maneira abnegada; patrões servos e empregados abnegados.
Oremos nesse momento. Mas não peçamos que o Senhor nos ajude a ser melhores! Não se trata de um “empurrãozinho” de Deus! Peçamos que o Evangelho nos transforme de tal maneira que o caráter de Cristo seja formado em nós. Cristo em nós... isto sim é admirável!

 Nelson Galvão


Confira também as pastorais anteriores em Filipenses:




Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP. 
Atua como diretor pedagógico do ministério Pregue a Palavra, como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.




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NelsonGalvao,

O Evangelho é poderoso para nos salvar e continuar nos salvando! por Nelson Galvão

agosto 14, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments



Quando meu filho tinha em torno de cinco anos de idade estávamos de férias em Natal-RN. Na ocasião minha esposa tirou uma foto minha com ele andando na praia. Essa é uma das fotos que carrego no coração por toda a vida. No ultimo fim de semana comemoramos o dia dos pais e recebi uma homenagem emocionante. Minha esposa tirou uma foto de nós dois juntos caminhando, tal qual 10 anos antes. Automaticamente muitas lembranças me passaram pela cabeça e fiquei muito feliz de poder participar do desenvolvimento do Mateus. Que alegria é para um pai ver seu filho crescer em caráter!
Por que mencionei isso? Porque a sessão de Filipenses que vamos ver hoje tem um teor de paternidade. Espero que você já tenha percebido, a carta de Paulo aos filipenses se dispõe em ciclos de exemplo/exortação, ou exortação/exemplo. Em Fl 1.12-26, Paulo dá seu próprio exemplo e conclui com uma exortação (Fl 1.27-20). Em seguida ele exorta (Fl 2.1-4) e conclui com o exemplo de Cristo (Fl 2.5-11).
No texto que iremos estudar hoje (Fl 2.12-18), Paulo começa com uma exortação e depois termina com o exemplo de Timóteo e Epafrodito (Fl 2.19-30), o que veremos na próxima devocional.
A exortação de Paulo agora é um tanto estranha! Vejamos: “realizai a vossa salvação com temor e tremor”. Como assim “realizar”? Paulo já deixou muito claro que a salvação é tão somente pela graça de Deus e terminantemente não dependente de nossas obras (cf.: Rm 3.24; Ef 2.8). Como agora ele exorta a que desenvolvamos a salvação?
É por isso que amo a leitura completa de livros da Bíblia! Ela minimiza a possibilidade de errarmos na interpretação. Perceba que desde o início da carta, Paulo trata de desenvolvimento cristão. Primeiro ele diz que estava certo de que aquele que começou a boa obra nos filipenses iria “aperfeiçoá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fl 1.6 – grifo meu). Depois ele ora pelos filipenses e pede que o amor deles “aumentasse cada vez mais no pleno conhecimento e em todo entendimento” (Fl 1.9 – grifo meu), e que no dia do Senhor Jesus eles fossem apresentados “cheios do fruto de justiça” (Fl 1.11).
É nesse caminho então que Paulo os exorta a portar-se de maneira digna do evangelho (Fl 1.27), a serem imitadores de Cristo (Fl 2.5) e a realizar a salvação. Assim, Paulo aqui trata do aspecto da santificação da salvação. Em outras palavras, uma vez alcançados exclusivamente pela graça de Deus derramada através da cruz de Nosso Senhor, agora devemos nos valer dessa mesma graça a fim de que os efeitos da salvação em nosso caráter e vida sejam cada vez mais patentes. E se alguém tem dúvida de que é a graça que nos salva e que também nos santifica, Paulo então afirma: “porque é Deus quem produz em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade”(Fl. 2.13 – grifo meu). Ou seja, Deus já nos concedeu graciosamente todos os recursos necessários para uma vida que O agrade.
Talvez agora você pergunte: “ok, entendi! Mas, em termos práticos, o que significa realizar a salvação?”. Observe que Paulo responde a essa pergunta. Ele diz: “Fazei todas as coisas sem queixas nem discórdias” (Fl 2.14).  Perceba que Paulo já vem falando de relacionamentos desde o início do cap. 2, onde ele diz para que os crentes tenham o mesmo sentimento que houve em Cristo. Agora, ele diz que todas as nossas ações devem ser pautadas pela ausência de queixas e discórdias. Isso significa realizar a salvação; ou seja, viver de acordo com a salvação que já nos foi irrevogavelmente concedida.
Paulo acrescenta, fazer todas as coisas sem queixas e discórdias, nos identifica como filhos de Deus que resplandecem como luz em meio a uma geração corrupta e perversa (Fl 2.15). [Esta é uma alusão ao sermão do Monte, onde Jesus diz que os Bem-aventurados são sal e luz do mundo (Mt 5.13,14)]. Essa missão de iluminar um mundo em trevas só é possível através da retenção da “Palavra da Vida”; i. é, Cristo e Sua Palavra (Fl 2.16).
Agindo assim, os crentes filipenses trariam muito orgulho para Paulo (perceba o teor paternal) no dia de Cristo Jesus.
Pare um pouco agora. Faça uma avaliação de si mesmo. Como você era quando foi salvo por Cristo? Passou-se 5, 10, 15 anos. Como você é agora? Continua a reclamar da mesma forma? Clima, comida, trabalho, casamento, pais, igreja, até mesmo de Deus? Diretamente ligada às reclamações estão as discórdias. Quem reclama um dia explode! O coração quando não é preenchido do Evangelho é um reservatório que explode em reclamações e as reclamações detonam as discórdias.
Espero que você já tenha percebido que precisamos do Evangelho todos os dias! Precisamos todos os dias ser preenchidos da graça de Nosso Senhor Jesus. O evangelho é poderoso para nos salvar e continuar nos salvando!


Nelson Galvão

Confira também as pastorais anteriores em Filipenses:




Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP. 
Atua como diretor pedagógico do ministério Pregue a Palavra, como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.

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BiancaBonassiRibeiro,

Sobre a adoção. Parte 4. Adoção como vida nova. por Bianca Bonassi Ribeiro

agosto 10, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments



A terceira parte deste estudo mostrou que a adoção é um privilégio para o adotante porque permite que ele entenda um pouco melhor a profundidade do amor de Deus Pai. Estudamos que Deus usou a adoção terrena de Jesus, por José, para compor a história de um Reino eterno. Assim, este capítulo final visa apresentar que adoção é o início de uma vida nova fundamentada em amor e não em caridade. Uma vida nova onde há ruptura com uma antiga estrutura familiar para que haja um recomeço em uma nova família.  
Acredito que o adotado precisa, desde cedo, saber de sua história, não para que se sinta vítima, mas para que a relação entre adotante e adotado cresça em confiança pautada na verdade. Caso contrário, existe a possibilidade de surgirem sérios problemas ao longo da vida e do relacionamento entre pais e filhos (infelizmente conheço alguns casos com desfecho bem triste). Talvez, em virtude de grande parte das histórias de adoção estarem marcadas por um início triste, alguns pais querem poupar seus filhos da dor e, por isso optam por esconder, omitir parte da história. Em outros casos, os pais não são muito transparentes porque não querem que um ato de amor seja confundido com ato de caridade (infelizmente no século XXI, ainda há pessoas que acreditam que adoção é um ato de caridade – “um bem social”). Obviamente, a história de cada adotado deve ser contada aos poucos e na linguagem e maturidade em que ele se encontra.
Todo caso de adoção é um recomeço de vida, o adotado ganha novo nome e/ou sobrenome, novos pais, nova família, nova casa. Portanto, o vínculo com o passado precisa ser rompido. Em São Paulo, atualmente, quando os adotantes fazem todo o processo de acordo com a lei, essa ruptura ocorre naturalmente, pois tudo é mediado pela Vara da Infância e Juventude. Por exemplo, os adotantes e adotados não tem nenhum contato ou informação com os progenitores, tudo é intermediado pelos assistentes sociais e juiz responsável. No máximo, os adotantes recebem um relatório escrito ou oral sobre algumas informações à respeito do histórico passado. No entanto, no Brasil, ainda é possível, também, que haja casos de adoção dentro dos trâmites legais, mas que por alguma razão preservem contato e vínculo com os progenitores ou familiares antigos. Particularmente não acho saudável, porque a possibilidade de ter duas famílias gera confusão na mente do adotado. Pela lógica, filhos biológicos não têm duas famílias, sendo assim  por qual razão filhos adotivos deveriam ter duas famílias?
A ruptura total com o passado é crucial para prosseguir com a nova vida por meio da adoção. Diante desse cenário, notamos que a Palavra de Deus usa a adoção no “mundo dos humanos” como ilustração de um ato amor que permite uma nova vida, em uma nova família. Talvez você não entenda porque Deus faria uma ilustração como essa, ou ainda questione o propósito D’Ele em explicar uma verdade espiritual a partir da adoção, mas como está escrito em Jó 11.7-9 e Romanos 11. 33-36 (Almeida 21):
Poderás descobrir as profundezas de Deus? Poderás descobrir a perfeição do Todo-Poderoso? A sabedoria de Deus é tão alta quanto o céu. Que poderás fazer? Ela é mais profunda que o Sheol! Que poderás saber? Ela é mais extensa que a terra, e mais larga que o mar.
Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Pois, quem conheceu a mente do Senhor? Quem se tornou seu conselheiro? Quem primeiro lhe deu alguma coisa, para que lhe seja recompensado? Porque todas as coisas são dele, por ele e para ele. A ele seja a glória eternamente! Amém (grifo meu)
A nossa função não é entender o propósito de Deus em utilizar a adoção como ilustração de mistérios espirituais, não temos essa capacidade. Particularmente, gosto de imaginar Deus como um Grande Autor de livros. Quando leio um livro de contos não questiono porque o autor propôs aquela história, os personagens e o enredo. Portanto, assim como um autor tem a liberdade de criar, o Grande Autor, desejou inserir a adoção como uma espécie de conto alegórico que visa transmitir um sentido além do literal.
A adoção, como já percebemos é uma prática antiga, Stephen D. Doe[1], conceitua a adoção como uma ação, pois trata-se de transformar um ilegítimo em legítimo. Logo, há um novo status de relacionamento que não existia anteriormente, o que proporciona ao adotado a mesma condição legal e afetiva do biológico, que já nasce como legítimo.
O tipo de adoção que se pratica atualmente no Brasil, tem como berço o período áureo do Império Romano. A historiadora Alessandra Z. Moreno[2] apresenta um panorama sobre essa temática à luz do Direito Romano:
Do ponto de vista legislativo, a ausência de filhos como incentivo à adoção estava ligada à tradição jurídica romana, onde a incorporação de filhos alheios era utilizada para garantir a perpetuação do culto doméstico, o nome e as tradições familiares de indivíduos sem descendentes. No Direito Romano clássico, essa incorporação era feita por meio da “adrogação[3]” e da “adoção”. Lembrando que a família no código romano dizia respeito a um grupo de pessoas subordinadas ao domínio de um pater familias, e não a membros unidos por laços de sangue ou de matrimônio, destacamos que essas duas formas de incorporação eram delimitadas em função da existência, ou não, de pátrio poder sobre a pessoa a ser incorporada (MORENO, 2009, p. 450-451).
O termo em latim pater familias se refere a uma figura masculina que representa o pai de família. No entanto, durante o período que vigorou o Império Romano (27 a.C a 476 d.C), esse patriarca representava a autoridade máxima de um clã[4] e era substituído somente depois de sua morte. Sendo assim, família não se restringia ao que hoje conhecemos como núcleo familiar (marido, esposa e filhos) e sim, a um amplo grupo. A família, durante o Império Romano, eram todas as pessoas que estavam sob o poder do pater familias, essa ligação poderia ser tanto biológica quanto jurídica. Pela perspectiva legal romana, o pater famílias detinha muitos direitos e dentre eles, destacam-se: a) o direito de punir escravos; b) o direito sobre a vida ou morte de uma criança recém nascida dentro do clã; c) o direito de adotar uma criança que estivesse apta para adoção e nem sempre eram órfãos (WALTERS, 2003)[5].
O contexto histórico é importante, porque nos traz à lembrança qual era a realidade da adoção nas sociedades vigentes no momento em que Novo Testamento foi escrito. Ao mesmo tempo, nos dá informações para compreendermos a adoção como analogia de nova vida. O propósito da adoção terrena é apontar para a adoção espiritual como garantia de benção e possibilidade de redenção em uma nova família.
O apóstolo Paulo, usou a adoção para explicar a relação de filiação e relacionamento que os primeiros cristãos de Roma podiam usufruir com Deus Pai (Pater Familias). E, uma vez que essa carta está registrada na Bíblia, podemos entender que essa mesma verdade se aplica a nós, hoje.
Paulo, de forma sutil introduz, no início da carta aos romanos, o pano de fundo da analogia da adoção terrena com a adoção espiritual. O apóstolo menciona Jesus, que como homem era descendente de Davi (por adoção, como vimos anteriormente) e pelo Espírito, filho biológico de Deus (Rm 1.3-4).
Um panorama geral e resumido da carta de Paulo aos romanos permite-nos visualizar que a simbologia da adoção foi construída de acordo com os padrões legais da época, na autoridade máxima do pater famílias. Isso porque nos capítulos 1 e 2 do livro de Romanos, apresentam Deus soberano e com autoridade para decidir sobre a vida e a morte, semelhante à função terrena desempenhada pelo pater familias. Além disso, o capítulo 3 demonstra que pela lei de Deus, embora sejamos criaturas D’Ele estamos destituídos de sua proteção, por consequência do pecado. Pela lei romana o pater familias poderia punir ou rejeitar todos os que estavam debaixo do seu poderio, mesmo que biologicamente estivessem ligados a ele. Entretanto, a partir do final do capítulo 3 até o capítulo 7, da carta de Paulo aos Romanos, o apóstolo apresenta os termos da adoção espiritual: a fé no sacrifício de Jesus.
A simbologia da adoção como nova vida tem o seu ápice no capítulo 8, onde claramente Paulo apresenta os termos da adoção espiritual que legalmente garante os direitos e deveres de um filho:
Entretanto, vocês não estão sob o domínio da carne, mas do Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. Mas, se Cristo está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito está vivo por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vocês. Portanto, irmãos, estamos em dívida, não para com a carne, para vivermos sujeitos a ela. Pois, se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os torna filhos por adoção, por meio do qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória (Rm 8. 9-17 – grifo meu)
Importante ressaltar, que a continuação do capítulo 8 da carta aos romanos, esclarece que a revelação da adoção deve ser aguardada por todos os que aceitam o sacrifício de Jesus e têm sua vida transformada (Rm 8.18-25). O tempo de espera para que a nossa adoção seja revelada é o mesmo período que Jesus tem que aguardar para se tornar Rei de Israel, aqui na Terra (direito humano adquirido por meio de sua condição de adotado por José). Sendo assim, a condição legal de filiação já existe, mas a herança decorrente deste status será recebida no futuro.
O contexto patriarcal de toda a carta aos romanos continua sua estrutura lógica nos capítulos posteriores, onde apresenta novamente a soberania de Deus como pai (Pater Familias) que tem autoridade para decidir a quem quer adotar (esse é o privilégio do adotante), conforme escrito em Romanos 9 a 11. Na sequência, os capítulos 12 à 15 da carta aos romanos, são instruções de nova vida para os filhos adotivos, ou seja, como cada um de nós devemos proceder debaixo da autoridade e supervisão de Deus – O Supremo Pater Familias.
Com base em todo esse cenário, notamos que Deus instituiu a adoção terrena justamente para que compreendêssemos a grandeza da adoção espiritual. Ao experimentar o amor que eu tenho pelos meus dois filhos adotivos é ter o privilégio de contemplar uma pequenina amostra do amor que o meu Pai celestial tem por mim. Isso significa que mesmo eu sendo imperfeita Ele me ama, quando eu peco Ele me perdoa, que Ele não me escolheu por atributos biológicos, físicos ou espirituais. Assim como, Luciano e eu escolhemos adotar o Pedro e o Vitor por amor, Deus, antes da fundação do mundo me escolheu, por amor e, escreveu meu nome no Livro da Vida.
Por outro lado, como filha adotiva consigo experimentar a benção de fazer parte de uma família tão especial. Pela graça, sou filha adotiva de um Pai muito criativo, um Grande Autor de histórias de vida e do melhor Professor que nos ensina verdades tão belas e profundas.
Entretanto, se você, mesmo depois de ler tanto sobre adoção, ainda não consegue entender a dimensão dessa nova vida, a minha oração é que Deus, na sua infinita graça, abra os olhos do seu entendimento. Assim, você poderá experimentar a alegria de ser irmão mais novo de Jesus, porque:
[...] aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus ( Jo 1. 12-13 – grifo meu).
Ao nos tornarmos filhos de Deus estamos aceitando viver debaixo do senhorio D’Ele como Pater Famílias. Ao mesmo tempo que essa decisão nos dá esperança de uma herança futura, a vida eterna, também exige de cada um de nós a responsabilidade de andarmos de acordo com o manual deixado por Deus.
Por fim, toda família tem suas regras e sua forma de viver, a família celestial também tem o seu manual de conduta, trata-se da Bíblia. É impossível almejar desfrutar a condição de filiação sem viver uma nova vida e, para isso temos a Palavra de Deus que nos orienta conforme escrito em 2 Pedro 1.4; 2 Timóteo 3.16, 17; Salmos 19.7-9; 119.105.



Bianca Bonassi Ribeiro


[1] Stephen D. Doe é pastor da Orthodox Presbyterian Church em Oxnard, Califórnia e escreveu o artigo: Setting the Solitary in Families: The Bible and Adoption.
[2] MORENO, Alessandra Zorzeto. Adoção: Práticas Jurídicas e Sociais no Império Luso-Brasileiro (XVIII-XIX). HISTÓRIA, São Paulo, 28 (2): 2009.
[3] Adoção de uma pessoa maior de idade.
[4] Conjunto de famílias com um antepassado comum, unidas por esse vínculo.
[5] WALTERS, James C. Paul, Adoption and Inheritance. In: SAMPLEY, J.P. Paul in the Greco-Roman World: a handbook. Trinity Press International: Harrisburg, 2003.


Confira também as publicações anteriores da série sobre adoção:




Bianca é casada com Luciano. Eles têm dois filhos, o Pedro e o Vitor. Ela faz parte da equipe docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, desde 2007 e é membro da Primeira Igreja Batista de Atibaia.
Bianca é doutora em Comunicação e Semiótica, mestre em Administração e graduada em Administração de Empresas.

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BiancaBonassiRibeiro,

Sobre a adoção. Parte 3. Adoção como privilégio . por Bianca Bonassi Ribeiro

agosto 02, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments




A segunda etapa deste estudo apresentou a adoção como propósito. Estudamos que Deus usou a adoção de Moisés, pela filha do faraó, para poupá-lo da morte e treiná-lo para uma grande missão – liderar e conduzir os israelitas no deserto. Nesta terceira parte, veremos que a adoção é um privilégio para os adotantes. A Palavra de Deus apresenta José, o pai terreno de Jesus, como um dos privilegiados e como Deus permitiu que ele fizesse parte de uma história de um Reino eterno.
Na maioria das vezes, quando uma pessoa se depara com uma história de adoção, ela exclama: que privilégio dessa(s) criança(s)! Particularmente já ouvimos isso diversas vezes. As pessoas comentam sobre as muitas oportunidades que essa criança passou a ter. Mas, quando Luciano e eu ouvíamos isso, logo pensávamos: o privilégio é nosso. Isso porque temos a oportunidade de entender e aprender muitas coisas. Assim, este capítulo se concentra no privilégio do adotante e não do adotado, especialmente como ilustração de verdades espirituais.
No Brasil, o adotante pode estabelecer uma lista de critérios para escolher a criança almejada. Os requisitos vão desde a faixa etária da criança, passa por cor de pele, tipo de cabelos, sexo, estado de saúde e muitas outras características que condicionam a escolha. Obviamente, quanto maior e mais específica esta lista, mais tempo de espera para o adotante. Muitos adotantes procuram semelhanças físicas entre eles e o adotado. No entanto, acredito que esse não deve ser o foco. Isso porque o privilégio do adotante está na escolha de amar alguém que não vai se parecer fisicamente com ele. A ênfase está na liberalidade de escolher amar o outro. O amor é uma ação que envolve disposição de coração, independentemente de como se apresenta o ser amado.
Em uma relação de adoção, o adotante conta ainda com o privilégio de ensinar os seus valores, a sua forma de viver e ver o mundo, os seus gostos e hábitos para o adotado. O adotante terá quem receba a sua herança e não me refiro apenas aos bens. Ele terá quem continue o seu legado, a permanência da sua genealogia da mesma forma que um casal cujos filhos são biológicos. Todos esses privilégios podem partir de um foco egoísta, mas acredito que na maioria das vezes ele está carregado de um sentimento altruísta. Na Bíblia, um grande exemplo desse tipo de amor está representado na relação de paternidade (por adoção) entre José e Jesus.
Apenas para contextualizar, vale lembrar que centenas de anos se passaram depois da libertação do povo de Israel (descentes de Jacó) sob a liderança de Moisés. Esse povo se tornou uma nação e em certo momento da história passou a ser governado por reis. Deus escolheu a linhagem de Davi (um rei segundo o coração de Deus – At 13.22) para perpetuar um reinado. Porém, os israelitas se rebelaram contra Deus e foram subjugados por outros impérios, por isso na época em que Jesus nasceu, a nação de Israel estava debaixo da autoridade do Império Romano.
A encarnação do próprio Deus ocorreu de forma sobrenatural e foi previamente anunciada pelo profeta Isaías 7.14 “Por isso o Senhor mesmo dará a vocês um sinal: a virgem ficará grávida, dará à luz um filho e o chamará Emanuel”. Depois de anos, a profecia se realizou como descrito em Mateus 1.18-25:
Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à desonra  pública, pretendia anular o casamento secretamente. Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: “José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá  dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.” Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: “A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel, que significa “Deus conosco”. Ao acordar, José fez o que o anjo do Senhor lhe tinha ordenado e recebeu Maria como sua esposa. Mas não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus (grifo meu)
Notamos que o anjo do Senhor saudou José como filho de Davi (Mt 1.20; Lc 1.27 e 2.4-5), esse tipo de saudação seria como, atualmente, cumprimentar uma pessoa por seu nome e sobrenome. O cuidado do anjo, bem como o de Mateus e Lucas em ressaltar José como filho de Davi é importante porque identifica sua origem legal e social.
Mateus, inclusive, inseriu José como sucessor legal ao trono de Davi a partir de um direito adquirido por herança e comprovado pela genealogia de Jesus (filho adotivo de José), de acordo com a figura abaixo. 

Genealogia de Jesus

Jacó gerou Judá e seus irmãos;

Judá gerou, de Tamar, Farés e Zará;
Farés gerou Esrom;
Esrom gerou Arão;
Arão gerou Aminadabe;
Aminadabe gerou Nasom;
Nasom gerou Salmom;
Salmom gerou, de Raabe, Boaz;
Boaz gerou, de Rute, Obede;
Obede gerou Jessé;
Jessé gerou o rei Davi.
Davi gerou, daquela que havia sido mulher de Urias, Salomão;
Salomão gerou Roboão;
Roboão gerou Abias;
Abias gerou Asa;*
Asa* gerou Josafá;
Josafá gerou Jorão;
Jorão gerou Ozias;
Ozias gerou Jotão;
Jotão gerou Acaz;
Acaz gerou Ezequias;
Ezequias gerou Manassés;
Manassés gerou Amom;
Amom gerou Josias;
Josias gerou Jeconias e seus irmãos, na época do exílio na Babilônia.
Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou Salatiel;
Salatiel gerou Zorobabel;
Zorobabel gerou Abiúde;
Abiúde gerou Eliaquim;
Eliaquim gerou Azor;
Azor gerou Sadoque;
Sadoque gerou Aquim;
Aquim gerou Eliúde;
Eliúde gerou Eleazar;
Eleazar gerou Matã;
Matã gerou Jacó;
Jacó gerou José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo.


Fonte: figura construída a partir de Mateus 1. 1-16.

Ao descrever a genealogia de Jesus, Mateus apresentou a sequência de sucessores ao trono de Davi, por direito. Porém, naquela época (em torno de 5-4 a.C) o território da Judéia (parte de Israel que coube aos descendentes de Davi reinar) estava sob o domínio do Império Romano e Herodes o Grande, filho de Antípater[1] foi designado rei desse território. Ele conquistou esse cargo em virtude de sua fidelidade à Roma, que estava sob o comando de Júlio César, o imperador.
Por essa razão, José (marido de Maria e pai de Jesus), embora tivesse o direito ao trono, em virtude do contexto político da época não pode reinar. Nas sociedades organizadas em torno do parentesco (caso de Israel/Judá) as genealogias eram documentos históricos que estabeleciam a identidade e também legitimavam cargos.
De acordo com Youngblood, Bruce e Harrison (2004)[2] a estrutura social apresentada no Antigo Testamento é conhecida como patriarcal, ou seja, governada pelo pai, logo, a partir do costume judaico, ele tinha quatro grandes responsabilidades: a) circuncidar o filho, b) passar sua herança ao filho primogênito, c) encontrar uma esposa para o filho e, d) ensinar ao filho uma profissão. José e toda a sociedade israelita/judaica estava sob essa estrutura patriarcal e José cumpriu três de suas responsabilidades.
A  Palavra de Deus revela que foi José que deu o nome do menino Jesus (Mt 1.25b), exatamente como o anjo ordenara. O processo de nomeação seguiu a tradição da sociedade de Israel/ Judá conforme apresentado por Lucas 2.21-23:
Completando-se os oito dias para a circuncisão do menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, o qual lhe tinha sido dado pelo anjo antes de ele nascer. Completando-se o tempo da purificação deles, de acordo com a Lei de Moisés, José e Maria o levaram a Jerusalém para apresenta-lo ao Senhor (como está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor” – grifo meu).
A primeira responsabilidade de um pai, no contexto sociocultural da época foi cumprida por José, ele não só deu o nome ao filho de Maria, como também assumiu a responsabilidade de pai. O ritual de circuncidar e dar o nome equivalia ao que hoje denominamos registro em cartório de filiação e nascimento de um filho. Assim como, o registro e obtenção da certidão de nascimento de uma criança o vincula legal e socialmente a um núcleo familiar, a circuncisão e oferta no templo, legitimava o parentesco da criança àquela família.
Para muitos pais biológicos o registro de nascimento e filiação realizado no cartório é algo tão simples e comum que não exige grandes comemorações. No entanto, este ato para pais adotivos é a consumação e segurança de que finalmente aquela criança tão amada, legalmente pertence à família. No Brasil, os adotantes esperam meses para conseguir registrar seus filhos, porque pela lei, nós precisamos aguardar um período onde temos a guarda provisória da criança. Enquanto a adoção não se legitima no cartório, mesmo que ela esteja sob nossos cuidados, nós ainda não temos plenos direitos sobre ela. Por isso, quando a adoção é legitimada em cartório os adotantes ficam muito felizes e aliviados.
Quando José legitimou a paternidade dele para com o bebê Jesus, filho de Maria, o vínculo adotivo estabeleceu os direitos e deveres de cada um nessa relação. Portanto, o fato de José ter direito ao trono (linhagem real de Davi) e Jesus ser o filho primogênito do sexo masculino, Ele herdou o direito terreno de se tornar Rei. Importante ressaltar que o desfrute dessa herança na Terra, ainda não foi exercido por Jesus. Isso não quer dizer que Ele não seja Rei no plano celestial, mas dentro da estrutura lógica que rege os seres humanos, Jesus em tempos futuros desfrutará de seu direito ao trono Davídico.
O reino de Jesus, na Terra, acontecerá depois de sua segunda vinda. Isso porque a primeira vinda D’Ele focou em viver como ser humano e não como Rei. Por isso nasceu e foi adotado por José, viveu como exemplo e com sua morte e ressurreição oferece salvação a todos quanto O aceitarem como Senhor e Salvador, conforme previamente anunciado.  
Resumindo, a influência de José como pai fiel a Deus foi retratada como um exemplo de líder paterno. Ao receber um comando divino ele obedeceu, independentemente do que as pessoas ao redor pensariam. José:
a)     quando alertado a não deixar Maria e assumir o filho que biologicamente não era seu, ele obedeceu (Mt 1.20);
b)     levou o menino para ser circuncidado no templo em Jerusalém (Lc 2.21-23);
c)      atendeu ao alerta, dado por um anjo e fugiu para o Egito com Maria e Jesus ainda bebê, a fim de salvá-lo da ira de Herodes (Mt 2.13-14);
d)     retornou para Israel com Maria e Jesus, depois do comando de um anjo, após a morte de Herodes (Mt 2.19-23);
e)     levou sua família, anualmente, na época da Páscoa para Jerusalém por ocasião das festividades religiosas;
f)       ensinou uma profissão a seu filho Jesus, a carpintaria (Mc 6.3).
Por fim, José não pôde escolher uma esposa para Jesus, o item c das quatro grandes responsabilidade de um pai israelita/judeu, mas isso ocorreu porque a noiva de Cristo não é humana, ela é representada pela Igreja de Cristo e o casamento ainda está para acontecer. Essa noiva foi escolhida por Deus Pai e não pelo pai José.  Mas, o privilégio de José, o adotante, recai na condição de que Deus escolheu um homem mortal para fazer parte de um plano e reino celestial e eterno.
Assim, a condição privilegiada de pais adotivos está na possibilidade de experimentar graciosamente a vivência de como é possível amar tão profundamente outra pessoa, mesmo que biologicamente não haja ligação. Dessa forma, o filho que não possui a essência genética dos pais, ao longo do tempo se parece com eles no que se refere a gostos, hábitos, valores e forma de agir. Trata-se de um exemplo simbólico, mesmo que imperfeito e muito superficial, de como o Pai Celestial ama e transforma seus filhos adotivos, ou seja, todos os que já aceitaram a Jesus como único Salvador.

“Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá”
(Sl 127.3 – grifo meu)



[1] Homem considerado não israelita/ judeu por pertencer à linhagem de Esaú que era irmão gêmeo de Jacó (Israel) ambos filhos de Isaque e Rebeca e por não ser da linhagem de Davi não poderia reinar sobre o povo israelita.
[2] Dicionário Ilustrado da Bíblia. Editor Geral: Ronald F. Youngblood; co-editores: F.F. Bruce & R.K. Harrison. São Paulo: Vida Nova, 2004, p. 548 e 1030.

Bianca Bonassi Ribeiro


[1] Homem considerado não israelita/ judeu por pertencer à linhagem de Esaú que era irmão gêmeo de Jacó (Israel) ambos filhos de Isaque e Rebeca e por não ser da linhagem de Davi não poderia reinar sobre o povo israelita.
[2] Dicionário Ilustrado da Bíblia. Editor Geral: Ronald F. Youngblood; co-editores: F.F. Bruce & R.K. Harrison. São Paulo: Vida Nova, 2004, p. 548 e 1030.



Confira também as publicações anteriores da série sobre adoção:




Bianca é casada com Luciano. Eles têm dois filhos, o Pedro e o Vitor. Ela faz parte da equipe docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, desde 2007 e é membro da Primeira Igreja Batista de Atibaia.
Bianca é doutora em Comunicação e Semiótica, mestre em Administração e graduada em Administração de Empresas.

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