NelsonGalvao,
Cuidado com a maldição!
“Sinais possíveis de maldições na Família: repetidas depressões emocionais, repetidas doenças crônicas, repetidos abortos, repetidos divórcios e separações, repetidos alcoolismo, incapacidade de se engravidar, contínua falta financeira, repetidas mortes prematuras, repetidas infidelidades, imoralidades e perversidades sexuais, predisposição para desastre, maldição de guerra.”[6]
A hereditariedade
Maldição em Objetos
“Qualquer objeto que foi feito para uso no culto a Satanás é amaldiçoado e não pode ser purificado. Tem que ser destruído. Exemplos de coisas assim são ídolos, estátuas de santos e entidades, e joias com símbolos ocultistas. Cerca de metade das lembranças de turismo encontradas nas lojas em todo o mundo são objetos amaldiçoados. Por quê? Porque com frequência são artigos pertencentes à cultura local que geralmente têm envolvimento com algum tipo de culto a demônios. Você já viajou para o exterior e trouxe para casa imagens esculpidas de entidades, como souvenirs? Em muitas igrejas por onde passei, a primeira coisa que vi ao entrar no gabinete pastoral foi um conjunto de lembranças trazidas de suas viagens ao exterior, e de suas viagens missionárias. Muito frequentemente tais “lembranças” incluíam estátuas de deuses demoníacos! Essas coisas trazem uma maldição para a vida do pastor e para a igreja.”[13]
Maldição em lugares
“Maldição é a autorização dada ao diabo por alguém que exerce autoridade sobre outrem, para causar dano à vida do amaldiçoado. Na maioria das vezes não temos consciência de estar passando-lhe essa autorização; em geral o fazemos mediante prognósticos negativos, o que é popularmente conhecido como “rogar praga”. E um dizer profético negativo sobre alguém. A maldição é a prova mais contundente do poder que têm as palavras. Prognósticos negativos são responsáveis por desvios sensíveis no curso de vida de muitas pessoas, levando-as a viver completamente fora dos propósitos de Deus.
As pragas se cumprem.”[15]
“Há poder em nossas palavras, para morte e para vida. Toda palavra que sai de nossa boca, é usada ou por satanás ou pelo Espírito Santo. Não há palavra perdida. Toda palavra torpe ou maldita é usada por Satanás para transformá-la em produto contra nós, ou contra quem pronunciamos. Toda palavra de benção é usada pelo Espírito Santo de Deus, para transformá-la em produto para abençoar nossas vidas, ou de quem abençoamos. Quantas vezes, apesar do Espírito Santo morar em seu interior, você usou a sua boca e lançou palavras. Talvez até em momentos de ira, nervosismo, e estas palavras estão ecoando até hoje como maldição: Contra você mesmo : “Eu não presto para nada”, “Eu sou gorda demais”; “Contra seu marido/esposa: “Você não presta”, “Você nunca será alguém na vida”; Contra seu salário : “Esta micharia de novo”, “Este mês não vai dar”; Contra seus filhos: “Você é burro”, “Você é preguiçoso”, “Você é rebelde”, “Você é igual ao seu pai ( mãe)”- pejorativamente, “Você é uma prostituta”. Às vezes recebemos palavras de maldição de nossos pais, irmãos, pessoas, etc. Temos autoridade no Nome de Jesus, para cancelar toda palavra de maldição, toda sentença laçada contra nós.”[17]
A feitiçaria
‘arar – אָר֤וּ
‘älâ – הָ·אָלָה֒
Qälal – וָ·אֲקַֽלְלֵ֔·ם
Qäbab – קַבֹּ֖·ה
A Maldição em Gênesis
“O livro tem duas partes distintas: capítulos 1-11, a história primeva, e capítulos 12-50, a história patriarcal (tecnicamente 1.1-11.26 e 11.27-50.26). Gênesis 1-11 é um prefácio à história da salvação, tratando da origem do mundo, da humanidade e do pecado. Gênesis 12-50 reconta as origens no ato de Deus escolher os patriarcas, juntamente com as promessas de terra, posteridade e aliança.”[24]
Desta forma, o livro de Gênesis relata a origem do pecado e, diretamente ligada a ele, a origem da maldição. Nós vemos a ocorrência da maldição no capítulo 3, 4, 9, 12, 27 e 49. A primeira passagem que ocorre a palavra “maldição”, é Gn 3:14:
“Então, o Senhor Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.”
A Maldição em Deuteronômio
Parte 2 - Maldição Hereditária: Cristianismo ou paganismo?
Parte 3 - Não consigo deixar o pecado, sou vítima de uma maldição?
Parte final - A culpa é de Cabral?
Série: TEOLOGIA E FAMÍLIA. 1- Cuidado com a maldição!
Todos somos teólogos. De certa forma todos
temos conceitos a respeito de Deus que interagem com os mais variados âmbitos
de nossa vida. Entretanto, por conta da corrupção da natureza humana, essa apreensão
em relação a Deus foi também corrompida (Rm 1.18ss). Daí faz-se necessária a
revelação especial de Deus, as Escrituras, para que tenhamos uma teologia
correta.
Em 2 Tm 3.5, Paulo menciona um grupo de pessoas
na igreja de Éfeso, pastoreada por Timóteo, que possuía “aparência de
religiosidade”. Estes, se intrometiam “pelas casas e conquistavam mulheres
todas carregadas de pecados, dominadas por várias paixões” (2 Tm 3.6).
Escrevendo a Tito, pastor de Creta, Paulo menciona a necessidade de fazer calar
um grupo de pessoas na igreja que eram “insubordinados, meros faladores e
enganadores, principalmente os da circuncisão” (Tt 1.10). No verso seguinte,
Paulo diz que essas pessoas “motivados pela ganância, transtornam casas
inteiras, ensinando o que não convém”.
Sim, a teologia errada, distante da Palavra de
Deus, traz muitos sofrimentos para nós e nossa família. Sendo assim, esta série
tem como propósito elucidar aquelas teologias muito populares no Brasil que têm
“transtornado casas inteiras”.
Vamos começar pela famigerada doutrina de
maldição hereditária, conforme ensinada nos púlpitos neo-pentecostais
brasileiros, a confrontando à luz das Escrituras.
Vamos dividir a nossa reflexão em cinco posts
que estarão dispostos da seguinte forma:
1.
O
Conceito de Maldição Hereditária
A hereditariedade
Maldição em Objetos
Maldição em lugares
O Poder das Palavras
A feitiçaria
O que o Antigo Testamento diz a respeito de maldição?
A Maldição no Genesis e Deuteronômio
A Maldição nos Livros Proféticos
2.
O conceito de Maldição nas culturas antigas
A Maldição e Satanás
3.
O
conceito de Maldição Hereditária e Espíritos
Familiares
Espíritos familiares à luz das Escrituras
4.
O
conceito de Maldição Hereditária e Árvore
Genealógica
A Bíblia nos orienta a fazer uma árvore genealógica da nossa família?
Cuidado com a maldição!
O Conceito de Maldição Hereditária
Tempos atrás uma senhora me procurou querendo
aconselhamento. Seu problema é que não se entendia mais com seu marido. Há
algum tempo só havia discórdias em casa. Eram brigas sucessivas. Ela estava
cansada e desnorteada. Perguntei se ela tinha alguma ideia do porquê de aquilo
estar acontecendo. A resposta me surpreendeu! Ela disse que desconfiava que era
um frasco de pimenta que ganhou de sua sogra. “Pastor, desde que coloquei
aquele frasco na sala, não nos entendemos mais. Ele é amaldiçoado. Tem maus
espíritos que têm trazido desavença para nossa casa”, sentenciou aquela
senhora. Para ela, a fonte de todos as desavenças com seu marido era aquele pequeno vidro de pimenta que estava supostamente amaldiçoado!
Que teologia é essa? De onde vem? Quem ensina? Tem fundamentação nas Escrituras? Essas e outras questões vamos procurar esclarecer aqui.
A Teologia dessa senhora têm sido amplamente ensinada no Brasil: chama-se "Quebra de Maldição", ou "Maldição Hereditária". Os mestres desse ensino são: Peter Wagner, Kenneth Hagin , Kenneth Copeland e outros. Aqui no Brasil os mestres desta doutrina são: Robson Rodovalho, Neuza Itioka, Vanice Milhomens, Jorge Linhares, Missão Evangélica Shekinah, Igreja Verbo da Vida, Escola Integral de Formação de Libertadores (EIFOL), entre outros.
Que teologia é essa? De onde vem? Quem ensina? Tem fundamentação nas Escrituras? Essas e outras questões vamos procurar esclarecer aqui.
A Teologia dessa senhora têm sido amplamente ensinada no Brasil: chama-se "Quebra de Maldição", ou "Maldição Hereditária". Os mestres desse ensino são: Peter Wagner, Kenneth Hagin , Kenneth Copeland e outros. Aqui no Brasil os mestres desta doutrina são: Robson Rodovalho, Neuza Itioka, Vanice Milhomens, Jorge Linhares, Missão Evangélica Shekinah, Igreja Verbo da Vida, Escola Integral de Formação de Libertadores (EIFOL), entre outros.
De acordo com os mestres da doutrina de
maldição hereditária, “maldição” é qualquer sofrimento (mortes prematuras na
família, contínuo dividendo financeiro, abortos constantes, separações
conjugais, etc.) que aflige as pessoas, ou lugares, ocasionado por “pragas”
lançadas por meio de palavras, ou pecados cometidos pelas pessoas ou lugares.
Estas aflições repetem-se ao longo da descendência do indivíduo, ou lugar, pela
gerência de espíritos maus. Assim, no futuro, será praticado o mesmo pecado que
foi praticado no passado e haverá os mesmos sofrimentos que houveram no
passado.
De acordo com o curso Rhema, da Igreja Verbo da
Vida, a morte espiritual, bem como a enfermidade e a pobreza, advém da maldição
oriunda da quebra da lei:
“Além da maior consequência – a morte
espiritual, que é a verdadeira fonte de todas as outras mazelas que afligem o
homem – a “maldição da Lei” prevê as enfermidades, e a ruína do homem sem Deus
na área financeira – a sua miséria e fracasso”[1].
A consequência desse pensamento é que “em
Cristo somos redimidos da pobreza”[2] e “redimidos da
enfermidade”[3].
Daí a dificuldade dessa igreja de aceitar crentes pobres e enfermos. Aos
crentes enfermos diz-se que existem barreiras que impedem a cura[4]:
· Ignorância acerca do que a Palavra de Deus diz sobre a
cura;
· Duvidar da Palavra de Deus;
· Pecados não confessados;
· A falta de perseverança na Palavra de Deus, antes ou depois
da manifestação da cura;
· A inobservância das leis naturais;
· Falta de perdão e amargura no coração;
· A falta de fé, ou a fé colocada nos sintomas ao invés de
coloca-la na Palavra de Deus;
· Palavras negativas, fofocas ou críticas destrutivas
Rebecca Brown alerta sobre a maldição da seguinte
maneira:
“Muitos cristãos freqüentam a igreja com
regularidade e esforçam-se de todo o coração para terem uma vida piedosa.
Entretanto, a despeito de todos os seus melhores esforços, tudo parece não dar
certo. Não importa quanto se esforcem, ou quanto aconselhamento recebam, parece
que nada funciona.”[5]
Neuza
Itioka, por sua vez, cita alguns casos que são tidos como maldição:
“Sinais possíveis de maldições na Família: repetidas depressões emocionais, repetidas doenças crônicas, repetidos abortos, repetidos divórcios e separações, repetidos alcoolismo, incapacidade de se engravidar, contínua falta financeira, repetidas mortes prematuras, repetidas infidelidades, imoralidades e perversidades sexuais, predisposição para desastre, maldição de guerra.”[6]
A hereditariedade
De acordo com esse pensamento, a maldição pode
ser hereditária; i, é, os sofrimentos acometidos pela maldição podem passar de
pai para filho. “Elas podem ser herdadas [...] Passadas de geração a geração.”[7] Assim, más ações dos
antepassados podem ter um efeito mortal em nossas vidas. “Existe uma
transmissão de heranças espirituais das gerações passadas, para nós.”[8]
Não somente os sofrimentos, mas também os
pecados podem ser transmitidos. Desta maneira, se uma mulher é prostituta, sua
filha também, e, sua neta, tem tendências imorais, com certeza há uma maldição
nesta família que está sendo passada de pai para filho.
Vários exemplos são citados para ilustrar esta ideia.
As constantes guerras entre tribos no continente africano é um desses exemplos.
Segundo a doutrina de maldição hereditária, as guerras na África seriam conseqüências
de pecados de adoração a demônios, ódio e massacres entre as tribos, cometidos
por seus antepassados.
Assim, “cada tribo é governada por um
determinado demônio”[9] que se encarrega que as
tribos cometam os mesmos pecados e sofram as mesmas aflições de seu
antepassados. Até mesmo na América ocorre violência entre gangues. Esta
violência entre as gangues é ocasionada porque elas são compostas de negros que
são alvo da maldição de seus antepassados africanos.
Desta
forma, faz-se necessário reconhecer o pecado cometido pelos antepassados e
confessá-los a Deus. Para apoiar esta idéia usa-se uma série de textos bíblicos
(principalmente vetero-testamentários) onde mostram que “toda vez que houve um
avivamento em Israel, a primeira coisa que aconteceu na nação dos hebreus foi a
confissão da iniquidade de seus antepassados”[10]. Dentre estes textos
pode-se citar Neemias que incitou o povo a confessar os pecados de seus pais (Ne
9:1-3); Daniel que confessou os pecados de seus antepassados (Dn 9:16-17) e
Esdras, que de semelhante forma, confessou os pecados de gerações passadas ( Ed
9:7).
Maldição em Objetos
De acordo com os mestres da doutrina de
maldição hereditária, os objetos podem ser amaldiçoados. Isso significa que
eles podem estar sob influência demoníaca ou, até mesmo, demonizados. Estando
assim, estes objetos teriam o poder de influenciar negativamente o local ao seu
redor e às pessoas envolvidas com ele. A simples presença desses objetos
malditos em algum lugar, ou o seu uso, ou, até mesmo, um simples toque, pode
acarretar em muito sofrimento para o indivíduo. Desta forma, faz-se necessário
todo um cuidado com os pertences que há em casa, como também com aqueles que
vai-se adquirir; por isso, “vasculhe a sua casa. Será que você tem estatuetas
de entidades demoníacas em sua casa? [...] fique atento, porque muitos dos
brinquedos infantis na verdade são estatuetas de demônios.”[11]
Estes objetos, geralmente, são pertencentes ao
rito do culto afro, estatuetas e suvenirs indígenas, símbolos de outras
religiões ou brinquedos infantis. Para respaldar esta ideia, são citados vários
versículos bíblicos como Lv 5:2; Ez 44:23; Nm 16:26; Dt 7:25-26; 2 Co 6:17.
Jorge
Linhares, em seu livro Bênção e Maldição, expressa seu pensamento sobre o
assunto da seguinte forma:
“Precisamos verificar se não temos permitido
adentrar em nosso lar objetos que são por natureza amaldiçoados — objetos que
temos de lançar fora e de preferência queimar ou destruir.
• Imagens de escultura ou ídolos. Deus proibiu
terminantemente que tenhamos por objeto de culto qualquer imagem à semelhança
de homem, de nada que existe nos céus, na terra, nem nas águas debaixo da
terra; imagem, quadros ou gravura de santos, esculturas de Buda, etc. (Êx:
20.2,3).
• Objetos usados ou levados a centro espírita e
terreiros de macumba para serem benzidos: lenços, roupas íntimas, garrafas
com chá, patuás, correntes, braceletes, figas, pedras, amuletos em geral.
• Objetos de práticas ocultistas: baralho,
cartas de tarô, horóscopo, búzios, roda de numerologia, pirâmides, duendes.
• Quadros ou objetos artesanais, de origem
desconhecida, e que transmitem mensagem deprimente, de pavor, de tristeza. As
vezes pensamos que estamos lidando apenas com peças de artesanato, quando na
verdade são símbolos de cultos ou cerimoniais pagãos.”[12]
Rebecca Brown concorda com Jorge Linhares e fala algo
semelhante:
“Qualquer objeto que foi feito para uso no culto a Satanás é amaldiçoado e não pode ser purificado. Tem que ser destruído. Exemplos de coisas assim são ídolos, estátuas de santos e entidades, e joias com símbolos ocultistas. Cerca de metade das lembranças de turismo encontradas nas lojas em todo o mundo são objetos amaldiçoados. Por quê? Porque com frequência são artigos pertencentes à cultura local que geralmente têm envolvimento com algum tipo de culto a demônios. Você já viajou para o exterior e trouxe para casa imagens esculpidas de entidades, como souvenirs? Em muitas igrejas por onde passei, a primeira coisa que vi ao entrar no gabinete pastoral foi um conjunto de lembranças trazidas de suas viagens ao exterior, e de suas viagens missionárias. Muito frequentemente tais “lembranças” incluíam estátuas de deuses demoníacos! Essas coisas trazem uma maldição para a vida do pastor e para a igreja.”[13]
Ainda argumentando sobre o conceito de maldição
em objetos, Rebecca conta sua experiência com os artefatos do rei egípcio
Tutancâmon. De acordo com Rebecca, em seu tempo como estudante de medicina, foi
a uma exposição, realizada em seu país, dos objetos escavados do túmulo do Rei
Tutancâmon do Egito. De corrente desta visita aos artefatos, Rebecca ficou
muito doente por treze anos. Depois de muito sofrimento, chegou à conclusão que
suas enfermidades foram consequência de sua exposição aos objetos amaldiçoados
de Tuntancâmon.
Maldição em lugares
Os
mestres da doutrina de maldição hereditária acreditam que não só objetos podem
ser amaldiçoados mas, também, que lugares podem sê-lo. De acordo com estes
mestres, casas, vilarejos, bairros, cidades, nações inteiras e, até mesmo,
igrejas podem ser vítimas de maldição, acarretando aos seus moradores
sofrimentos crônicos de miséria, pobreza, adultério, mortes prematuras, etc.
Jorge
Linhares, ensinando sobre isso, diz que as “cidades também podem estar
amaldiçoadas; portanto, tudo o que há nelas – o povo, o solo, hospitais, fábricas,
etc. – está sob maldição.”[14]
Rebecca
Brown também fala do assunto:
“Uma terra e uma propriedade podem tornar-se
amaldiçoadas por diversas razões. A primeira delas pode ser porque alguém, a
serviço de Satanás, lançou uma específica maldição sobre uma determinada área.
Muitas terras nos Estados Unidos acham-se amaldiçoadas pelos índios
americanos. Um exemplo disso é a região do desfiladeiro do rio Colúmbia, na
fronteira dos estados de Oregon e Washington. Os dois lados do rio Colúmbia
estão pontilhados por uma série de pequenas cidades. Nessas cidades há muitas
igrejas que são pequenas e derrotadas. Nunca ocorreu um avivamento ou um
movimento maior do Espírito Santo naquela região. A segunda maneira pela qual
propriedades podem estar amaldiçoadas para os cristãos é por terem sido
dedicadas ao serviço de Satanás e de espíritos demoníacos. Todo cristão que
venha à propriedade para nela viver é oprimido por espíritos demoníacos residentes
no local, e é amaldiçoado por esses demônios. Finalmente, determinadas
propriedades às vezes têm uma maldição
em si por causa dos pecados dos antigos proprietários e residentes. Os
espíritos demoníacos tomam residência na propriedade pelo pecado das pessoas
que a possuem ou que moram nela. Uma outra pessoa que depois vem morar no local
ficará sob opressão por aqueles demônios (por suas maldições), a menos que a
propriedade seja purificada.
O
Poder das Palavras
Nos tempos do Velho Testamento, era comum entre
as nações fetichistas, a crença em espíritos bons e maus que preenchiam toda a
atmosfera. Estes espíritos poderiam ser manipulados para o bem ou para o mal
através da magia. Esta magia era efetivada por ritos que incluíam sacrifícios
e, também, palavras. Considerava-se que estas palavras “mágicas” tinham um
poder em si mesmo para realizar o fim no qual foi proferida. Assim, vê-se
Balaque pedindo para Balaão proferir um fórmula de maldição que provocasse a
ruína de Israel ( Nm 22), como, também, Golias, esconjurando a Davi ( 1 Sm 17).
Da mesma forma, a doutrina de Maldição
hereditária têm ensinado que as palavras proferidas pelo indivíduo têm o poder
de trazer, a ele mesmo ou a outros, bênção ou maldição. Assim, o indivíduo deve
prestar mais atenção no que diz, principalmente nas palavras negativas como:
“você é um burro, não sabe fazer nada”, etc. Estas palavras são respaldadas por
espíritos maus (demônios) que fazem com que se realizem.
Jorge
Linhares fala sobre o assunto da forma como se segue:
“Maldição é a autorização dada ao diabo por alguém que exerce autoridade sobre outrem, para causar dano à vida do amaldiçoado. Na maioria das vezes não temos consciência de estar passando-lhe essa autorização; em geral o fazemos mediante prognósticos negativos, o que é popularmente conhecido como “rogar praga”. E um dizer profético negativo sobre alguém. A maldição é a prova mais contundente do poder que têm as palavras. Prognósticos negativos são responsáveis por desvios sensíveis no curso de vida de muitas pessoas, levando-as a viver completamente fora dos propósitos de Deus.
As pragas se cumprem.”[15]
Kenneth
Copeland, falando sobre o poder da palavra de trazer maldição, diz o seguinte:
“A língua de vocês é o fator decisivo na sua
vida. Vocês podem controlar Satanás aprendendo a controlar a própria língua.
Vocês têm sido condicionados, desde o nascimento, a falar palavras negativas,
carregadas de sentimentos de morte. Inconscientemente, em sua conversação
diária, vocês usam palavras que se referem a morte, enfermidade, ausência, temor,
dúvida e incredulidade: Quase morri de susto! Estou morrendo de vontade de
fazer isso ou aquilo. Pensei que ia morrer de tanto rir. Ainda morro disso!
Isso me deixa doente! Essa confusão está acabando comigo. Acho que vou pegar um
resfriado. Não aguento mais isso. Duvido que... Quando proferem essas palavras
vocês nem suspeitam do que acontece, mas estão trazendo sobre si mesmos forças
negativas e brasas incandescentes... Suas palavras liberam os poderes de
Satanás.”[16]
A Missão Shekinah também fala sobre isso da
seguinte forma:
“Há poder em nossas palavras, para morte e para vida. Toda palavra que sai de nossa boca, é usada ou por satanás ou pelo Espírito Santo. Não há palavra perdida. Toda palavra torpe ou maldita é usada por Satanás para transformá-la em produto contra nós, ou contra quem pronunciamos. Toda palavra de benção é usada pelo Espírito Santo de Deus, para transformá-la em produto para abençoar nossas vidas, ou de quem abençoamos. Quantas vezes, apesar do Espírito Santo morar em seu interior, você usou a sua boca e lançou palavras. Talvez até em momentos de ira, nervosismo, e estas palavras estão ecoando até hoje como maldição: Contra você mesmo : “Eu não presto para nada”, “Eu sou gorda demais”; “Contra seu marido/esposa: “Você não presta”, “Você nunca será alguém na vida”; Contra seu salário : “Esta micharia de novo”, “Este mês não vai dar”; Contra seus filhos: “Você é burro”, “Você é preguiçoso”, “Você é rebelde”, “Você é igual ao seu pai ( mãe)”- pejorativamente, “Você é uma prostituta”. Às vezes recebemos palavras de maldição de nossos pais, irmãos, pessoas, etc. Temos autoridade no Nome de Jesus, para cancelar toda palavra de maldição, toda sentença laçada contra nós.”[17]
A feitiçaria
Magia
é “a exploração de poderes miraculosos ou ocultos, por métodos cuidadosamente
especificados para atingir finalidades que doutro modo não podiam ser
alcançadas.”[18]
Esta magia envolve rituais que visam manipular os espíritos bons e maus para
fazer, respectivamente, o bem e o mau a um determinado indivíduo ou lugar.
A
doutrina de maldição hereditária crê que maldições podem ser lançadas, com
sucesso, às pessoas (inclusive cristãs) e lugares, através de rituais de
Feitiçaria, Magia Negra, Vodu, Umbanda, Candomblé e outros. Rebecca Brown
comenta sobre isso:
“Pessoas envolvidas no ocultismo freqüentemente
se voltam contra os cristãos. Eles têm que realizar vários rituais, ou
‘trabalhos’, para fazer com que os demônios realizem as tarefas que eles
desejam.”[19]
Para
melhor compreensão faz-se necessário ver alguns destes rituais. Um ritual muito
interessante são os desenhos. Crê-se que existem determinados desenhos - feitos
em muros, casas, igrejas, empresas, etc. -, de procedência ocultista, que são
alojamento de demônios “observadores”. Então, estes demônios teriam a função de
observar a região em redor e impor sofrimentos a quem ele foi destinado. Para
quebrar esta maldição fa-ze necessário ungir com óleo o desenho e, em seguida,
apagá-lo do local em que foi desenhado.
Um
outro ritual usado para lançar maldições é o uso de objetos pessoais. Nesse
ritual, o feiticeiro utiliza um objeto pessoal para realizar seu agouro à
pessoa objeto.
Alguns,
comumente usados, são as “fotos, fios de cabelo, pedaços de unha e roupas da
pessoa. Essas coisas são usadas como marcadores. O espírito demoníaco envolvido
com tais rituais exige essas coisas para que possa identificar a pessoa a quem
ele está sendo enviado para afligir.”[20] Para quebrar esta
maldição, faz-se necessário pedir para Deus destruir o objeto que está de posse
do feiticeiro e, em seguida, expelir todos os demônios oriundos desta maldição.
A
maldição pode ser lançada, também, através de animais ou bichinhos de estimação
e presentes recebidos. Neste caso, o feiticeiro pode lançar uma maldição sobre
o animal da pessoa ou colocar um feitiço em um objeto e presentear a pessoa com
este objeto. Em ambos os casos, a consequência são infortúnios para a pessoa
objeto. Nestes dois casos, a maldição é desfeita através da unção com o óleo.
O que o Antigo Testamento diz a respeito de
maldição?
Existem quatro palavras hebraicas que
geralmente são traduzidas como maldição. São elas: ‘arar, ‘alâ, qälal e qäbab.
‘arar – אָר֤וּ
A
palavra hebraica אָר֤וּ (arar) é um
verbo que tem como raiz ‘-r-r. Citando Brichto, o Dicionário Internacional de
Teologia do Antigo Testamento diz que ‘arar vem da palavra acadiana aräru que
tem o sentido de “capturar, prender”. Segundo o Dicionário, ‘arar significa,
portanto, “prender (por encantamento), cercar com obstáculos, deixar sem forças
para resistir”[21].
O sentido é de banimento ou estado de inexistência de Bênçãos.
Segundo o Dicionário Internacional de Teologia
do Antigo Testamento[22], quando a palavra ‘arar é
usada, ela está envolvendo três categorias gerais:
(1)
Declaração de punição ( Gn 3:14,17);
(2)
proferir de ameaças ( Jr 11:3; 17:5; Ml 1:14);
(3)
proclamação de leis ( Dt 27:15-26; 28:16-19).
Assim sendo, todas estas categorias envolvem a
conseqüência da quebra do relacionamento de alguém com Deus, i. é, o estado a
que se chegou por ter quebrado a aliança, um estado de separação, de banimento.
‘älâ – הָ·אָלָה֒
Esta palavra é usada 35 vezes no Antigo
Testamento. É um substantivo usado para expressar o juramento solene entre os
homens (Gn 24:41; 26:28) e entre Deus e os homens ( Nm 5:21 e ss; Jz 17:2; 1 Rs
8:31).
A palavra derivada ta’älâ tem o sentido de
“punição para um juramento quebrado”. Ela ocorre somente uma vez no Antigo
Testamento: “Tu lhe darás cegueira de coração, a tua maldição imporás sobre
eles.” (Lm 3:65).
Qälal – וָ·אֲקַֽלְלֵ֔·ם
Esta palavra é usada 42 vezes no Antigo
Testamento. Significa “ser sem importância, insignificante, coisa pouco
valorizada”. A raiz desta palavra, q-l-l, ocorre 130 vezes e exprime a ideia de
desejar a outra pessoa uma posição inferior. Em Ne 13:25, vê-se Neemias
pronunciando uma qälal, i, é, uma fórmula de maldição.
Qelälä é o substantivo derivado de qälal.. A
ênfase dada neste substantivo exprime a idéia de ausência de um estado
abençoado e o rebaixamento a um estado inferior. Ou seja, a fórmula de maldição
seria a expressão do estado de maldição. É a idéia (pensamento) da posição de
insignificância. Esta palavra representa o estado descrito e possível (Dt
11:26; 30:19), enquanto que ‘arar é o próprio estado a que se chegou.
O Dicionário internacional de Teologia do
Antigo Testamento, tratando sobre isso, comenta da seguinte forma:
“Os pagãos achavam que
os homens eram capazes de manipular os deuses. É por isso que Golias amaldiçoou
Davi (1 Sm 17:43) e Balaão foi chamado a amaldiçoar Israel (Nm 22:6).
Entretanto a maldição infundada não possui efeito algum (Pv 26:2). Somente as
fórmulas divinas (de Bênção e maldição) são eficazes ( Sl 37:22). Conforme Deus
disse a Abraão, “os que te amaldiçoarem [ qälal ]” (i. é, pronunciarem uma
fórmula) “[ eu os] amaldiçoarei [‘arar]” (i. é, eu os porei na posição de
vergonha que te desejarem). Amaldiçoar o profeta de Deus eqüivalia a atacar o
próprio Deus e a trazer sobre si o juízo divino, como foi o caso com os rapazes
que difamaram (cf. qälas) Eliseu e foram por este amaldiçoados (qälal, 2 Rs
2:24)”[23].
Qäbab – קַבֹּ֖·ה
Uma outra palavra traduzida como maldição é
qäbab. Esta palavra ocorre 15 vezes no Velho Testamento. Ela exprime a ideia de
pronunciar uma fórmula com o propósito de trazer malefícios ao seu alvo. A
ênfase desta palavra é o poder inerente às palavras para provocarem o mal
desejado. Ela aparece, principalmente, nas narrativas de Balaão e Balaque (Nm
23:8). Isso se da, talvez, porque Balaque cria na possibilidade da magia
(fórmulas que prejudicavam ao objeto) e por querer utilizar-se desta magia.
A Maldição em Gênesis
O nome do primeiro livro da Bíblia vem da
palavra hebraica berëshît, “no princípio”. Quando foi transliterada para o
grego da LXX, teve o significado de “origem, fonte”. Estes nomes são
perfeitamente adequados para o teor do livro. O livro trata das origens de
todas as coisas. Sobre a estrutura do livro, Lasor, Hubbard e Bush, falam da
seguinte forma:
“O livro tem duas partes distintas: capítulos 1-11, a história primeva, e capítulos 12-50, a história patriarcal (tecnicamente 1.1-11.26 e 11.27-50.26). Gênesis 1-11 é um prefácio à história da salvação, tratando da origem do mundo, da humanidade e do pecado. Gênesis 12-50 reconta as origens no ato de Deus escolher os patriarcas, juntamente com as promessas de terra, posteridade e aliança.”[24]
Desta forma, o livro de Gênesis relata a origem do pecado e, diretamente ligada a ele, a origem da maldição. Nós vemos a ocorrência da maldição no capítulo 3, 4, 9, 12, 27 e 49. A primeira passagem que ocorre a palavra “maldição”, é Gn 3:14:
“Então, o Senhor Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.”
Pode-se perceber neste
texto que é impossível separar a maldição do pecado. A palavra hebraica usada
aqui para “maldição” é אָר֤וּ (‘arar). Portanto, o sentido aqui, é que a
serpente seria “banida” de todos os animais, i. é, ela passaria a viver em um
estado de inexistência de Bênçãos devido ao seu pecado e, semelhantemente, o
solo (“maldita é a terra por tua causa”) seria impedido de conceder sua
fertilidade ao homem, devido ao pecado deste.
De acordo com Merill,
“o verbo traduzido como “amaldiçoar” (‘rr, no particípio passivo defectivo)
funciona como meio de intimidação e como julgamento, sendo o último o caso
aqui”[25]. É como diz Kaiser: “Em
cada caso foi declarada a razão da maldição: (1) Satanás logrou a mulher; (2) a
mulher escutou a serpente; e (3) o homem escutou a mulher – ninguém escutou a
Deus.”[26]
A maldição no Genesis é
consequência da rebeldia do homem em relação ao Criador. Nas palavras de Zuck,
“Genesis 1 a 11 descreve como a rebelião do gênero humano
interrompeu a ordem criada, trazendo como consequência maldição, morte e
discórdia societária”[27].
Da mesma forma, Caim foi “maldito desde a
terra” (4:11), ou seja, “banido de usufruir de sua produtividade”[28], ou melhor, “os labores
de Caim como agricultor seriam vãos; portanto, ele teria de andar pela terra
como um vagabundo”[29] , e essa maldição foi
consequência de seu pecado, o homicídio. Da mesma maneira, Canaã tornou-se
maldito (Gn 9:25); ou seja, foi colocado em um estado inferior (como diz
Davidson: “talvez significasse a subjugação final dos cananeus a Israel”[30]), por ter participado
vulgarmente do triste incidente.
Em Gn 12: 3, essa ideia também é expressa. Deus
diz a Abraão que abençoaria o que o abençoassem e amaldiçoaria aos que o
amaldiçoassem. A maldição (‘arar) de Deus; i, é, o estado de inexistência de
Bênçãos, alcançaria aqueles que desejassem, e expressassem em palavras, esse
estado para Abraão.
Nesse mesmo contexto, é importante notar-se o
entendimento que Jacó tinha desta ligação do pecado com a maldição. Em Gênesis
27: 11,12, vê-se o estratagema de Jacó e sua mãe para usurpar a bênção de
Esaú. Receoso, Jacó diz à sua mãe: “Dar-se-á o caso de meu pai me apalpar, e passarei a seus olhos por zombador; assim, trarei sobre mim
maldição e não bênção. ” A palavra hebraica traduzida aqui como maldição é qelälâ. Como já vimos, a ideia básica desta palavra é a ausência de um estado abençoado e o rebaixamento a um estado inferior. Assim, Jacó tinha receio que suas maquinações lhe provocassem um estado imediatamente inferior do estado de Bênção.
Esaú. Receoso, Jacó diz à sua mãe: “Dar-se-á o caso de meu pai me apalpar, e passarei a seus olhos por zombador; assim, trarei sobre mim
maldição e não bênção. ” A palavra hebraica traduzida aqui como maldição é qelälâ. Como já vimos, a ideia básica desta palavra é a ausência de um estado abençoado e o rebaixamento a um estado inferior. Assim, Jacó tinha receio que suas maquinações lhe provocassem um estado imediatamente inferior do estado de Bênção.
Da mesma forma, Jacó, mais à frente (Gn 49:7),
expressa, ainda, este conceito, quando diz que Simeão e Levi eram malditos. É
importante notar-se que este “rebaixamento” de Simeão e Levi se deu por causa
do massacre que infringiram à Siquém.
Portanto, no livro de Gênesis, a maldição está
diretamente ligada ao pecado e significa basicamente um estado. Estado esse que
seria desfavorecido em relação ao estado anterior que era abençoado por Deus,
por conseqüência da quebra do relacionamento com Ele.
A Maldição em Deuteronômio
A origem da palavra portuguesa “deuteronômio”
remonta à expressão hebráica אֵ֣לֶּה הַ·דְּבָרִ֗ים (‘ëlleh haddebärîm), “são estas as
palavras”, que inicia o livro (Dt 1.1). Esta expressão hebráica foi
transliterada para a palavra grega “deuteronomion” que significa “segundo livro
da lei” ou “segundo pronunciamento da lei. Assim, os tradutores intitularam
este livro fazendo uma alusão clara a primeira ocorrência da lei, em Êxodo.
Fizeram isso por que o conteúdo do livro é exatamente esse. Em Êxodo, Levítico
e Números as leis foram promulgadas, agora, prestes a entrar em Canaã, a lei
estava sendo recapitulada.
Pensando assim, o livro de Deuteronômio tem
sido dividido em três discursos. Carlos Oswaldo[31] divide o livro em cinco
partes, dentre as quais estão enfatizados os três discursos de Moisés:
O
primeiro discurso de Moisés – Prólogo histórico
O segundo discurso de
Moisés – estipulações da aliança
O Terceiro discurso de
Moisés – ratificação da aliança
O teor de todo o livro de Deuteronômio é a
relação de suserania e vassalagem entre Javé e o povo de Israel. Essa relação
prevê promessas de benefícios ao povo, caso a aliança fosse mantida, e
advertências, no caso de quebra da aliança por parte do povo.
Tendo isso em vista, o livro de Deuteronômio se
constitui a base para a exortação profética de fidelidade do povo. Pinto
expressa bem a ideia central de Deuteronômio da seguinte forma:
Um amor leal a Yahweh,
expresso em obediência à aliança, é o requisito essencial para a prosperidade e
a permanência na terra prometida[32].
Nesse contexto, Moisés em seu primeiro discurso
(1.6-4.43), exorta o povo à fidelidade, tendo em vista o caráter de Yahweh
revelado em diversas ocasiões da peregrinação de Israel, como a destruição
daqueles que seguiram a Baal-Peor (Dt 4.3) e a reunião do povo em torno do
monte Horebe (Dt 4.10).
Assim, a lei é o tema dominante em todo o
livro. No entanto, diretamente ligado a este assunto, pode-se ver os subtemas:
bênção e maldição. A maldição está presente nos capítulos 11, 27, 28, 29 e 30.
É importante ressaltar que em todas essas ocorrências, a maldição está
diretamente ligada com a lei. No capítulo 11: 26-28, o autor adverte:
“Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção
e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus,
que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor,
vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes
outros deuses que não conhecestes.”
No capítulo 27, inicia-se uma série de
instruções sobre as cerimônias de bênçãos e maldições. Seis tribos deveriam
subir ao monte Gezirim e as outras seis deveriam subir no monte Ebal. As
primeiras realizariam um ritual de Bênção e as outras realizariam um ritual de
maldição. A lista de maldições era constituídas por doze declarações. Todas,
iniciavam da forma como se segue: “maldito o homem..” ou “maldito aquele...”.
Esta expressão tem o propósito de revelar o estado decorrente da quebra de
mandamentos espirituais, sociais e sexuais.
No capítulo 28 têm-se relatado algo semelhante
ao capítulo imediatamente anterior: o estado decorrente da desobediência da
lei. Paul Hoff comenta sobre estas maldições da seguinte forma: “A obediência
traria bênçãos e a desobediência acarretaria em maldição... A desobediência
traia as seguintes maldições (28: 15-68):
1) Maldições pessoais (16-20);
2) Peste (21,22);
3) Estiagem (23,24);
4) Derrota nas guerras (25-33);
5) Praga (27,28,35);
6) Calamidade (29);
7) Cativeiro (36-46);
8) Invasões dos inimigos (45-47);
a.
Devastação da terra, 47-52 (cumpriu-se na invasão dos assírios e babilônicos)
b. Canibalismo em tempo do cerco, 53-57 (cf. II
Rs 6:28; Lm 2:20).
9) Pragas (58-62);
10) Dispersão entre as nações (63-68).”[33]
Nos capítulos 29 e 30 também vemos a mesma
proposta dos capítulos anteriores; i, é, a bênção para os obedientes e a
maldição para aqueles que quebrarem a aliança.
Pode-se notar, portanto, que a maldição no
livro de Deuteronômio é um estado de ausência de bênção, decorrente da quebra
dos mandamentos da aliança. Assim, maldição é consequência. É a “perda da
presença e favor especiais de Deus... e a perda da condição de povo do reino de
Deus.”[34] Merrill concorda com isso
e comenta: “as passagens de maldição dos livros de Levítico e de Deuteronômio
(expandidas e explicadas pelos profetas) falam das terríveis consequências que
Israel sofreria se transgredisse a aliança com o Senhor”[35].
A
Maldição nos Livros Proféticos
Falando em uma perspectiva histórica, os livros
históricos do Antigo Testamento contêm a história da ascensão e queda de
Israel. Os livros poéticos pertencem a era dourada Judáica. Já, os livros
proféticos estão inseridos nos dias da queda de Israel.
Os livros proféticos são 17, contendo 16
autores. Desses 16 autores, 13 relacionaram-se com o período de destruição da
nação hebráica e 3 com a restauração da mesma.
O período dos profetas cobriu por volta de 400
anos, de 800 a 400 a.C. Iniciou-se com a apostasia das dez tribos ao término do
reinado de Salomão. O Reino do Norte adotou, como religião oficial, o culto ao
bezerro (uma estratégia política) e logo depois somaram ao culto a Baal,
consequentemente deixando o culto a Javé. O ápice desta apostasia e o
acontecimento central deste período foi a destruição de Jerusalém. Diretamente
relacionados a este acontecimento estiveram 7 dos 16 profetas.
O papel dos profetas estava diretamente ligado
a aliança mosaica. Seu papel era alertar ao povo de Israel a respeito da quebra
da aliança e os consequentes sofrimentos que isso acarretaria. “Ele era
principalmente um mensageiro de Deus enviado para trazer o povo de volta à
aliança com Javé”[36]. De acordo com Fee e
Stuart, as profecias tinha mais a ver com a aliança do que com predições. Os
profetas eram “mediadores para fazer cumprir a aliança”[37].
Por vezes, os profetas não se limitaram somente
a Israel, mas também às as nações. Este haviam infringido as leis de Deus e
agora estavam sendo exortados a arrepender-se e, se não o fizessem, estariam a
mercê do julgamento divino.
A palavra “maldição” e seus derivados,
encontra-se em 25 capítulos dos livros proféticos. É relevante notar-se que em
todas essas referências, a maldição possui o mesmo significado que possui em Gênesis
e Deuteronômio; i, é, um estado de ausência de Bênçãos por consequência do
pecado.
Isaías
Assim, Isaías profetizando contra Tiro, afirma:
“Na verdade, a terra está contaminada por causa
dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e
quebram a aliança eterna. Por isso a maldição consome a terra, e os que habitam
nela se tornam culpados; por isso, serão queimados os moradores da terra, e
poucos homens restarão” ( Is 24:6).
Jeremias
Profetizando contra Israel, Jeremias alerta a
respeito da quebra da aliança, da decorrente maldição e os sofrimentos que ela
traz. Ele afirma:
“Porque a terra está
cheia de adúlteros e chora por causa da maldição divina; os pastos do
deserto se secam; pois a carreira dos adúlteros é má, e a sua força não é reta.” (Jr 23:10).
Daniel
Também neste mesmo teor, pode-se ver Daniel
chegando à conclusão do motivo do sofrimento da nação:
“Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei,
desviando-se, para não obedecer à tua voz; por isso, a maldição e as
imprecações que estão escritas na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram
sobre nós, porque temos pecado contra ti ” ( Dn 9:11).
Zacarias
Zacarias também expressa o mesmo pensamento
quando diz que a maldição alcançará todo aquele que não guardar toda a lei ( Zc
5:3), e, também, Malaquias, quando diz que os sacerdotes seriam infligidos pela
maldição por não temerem ao Nome de Javé ( Ml 2:1).
Portanto, no Antigo Testamento, como vimos em
Genesis, Deuteronomio e nos livros proféticos, a maldição não é como creem os
mestres da maldição hereditária. A maldição no Antigo Testamento está ligada
diretamente com a desobediência à lei de Deus. Esta maldição é o estado a que
se chegou por ter-se rebelado contra Javé.
Se o entendimento sobre maldição, conforme
ensinado pelos mestres da maldição hereditária não vem das Escrituras, de onde
vem? No próximo post verificaremos o conceito de Maldição nas culturas antigas.
Pr. Nelson Galvão
Sola Scriptura
Parte 2 - Maldição Hereditária: Cristianismo ou paganismo?
Parte 3 - Não consigo deixar o pecado, sou vítima de uma maldição?
Parte final - A culpa é de Cabral?
[1]
Apostila Rhema. Vol. 2B, p. 153
[2]
Ibid, p. 153
[3]
Apostila Rhema. Módulo 1, p. 153
[4]
Apostila Rhema. Módulo 2, p. 325
[5]
Rebecca
Brow – Maldições Não Quebradas – p. 5
[6]
Neuza
Itioka- Curso Sobre Batalha Espiritual- p. 31. Obra não publicada
[7]
Rebecca
Brown – Maldições não Quebradas – p. 21
[9]
Rebecca
Brown – Maldições não Quebradas – p. 25
[13] Rebecca
Brown -Maldições não quebradas- p. 40
[15] Jorge
Linhares. Bênção e Maldição. p. 16
[16] Hank
Hanegraaff. Cristianismo Em Crise. Op. Cit. p. 278
[17] Missão
Evangélica Shekinah- Preparação de ministradores na área de libertação e cura
interior. p.59 Obra não publicada
[18] J. D.
Douglas – O Novo dicionário da Biblia – pág. 978
[19] Rebecca
Brown – Maldições não quebradas – pág. 83
[20] Ibid. p.
95
[25]
Eugene H. Merrill. Teologia do Antigo testamento. p. 208
[26] Walter C.
Kaiser, Jr – Teologia do Antigo Testamento – p. 80
[28] HARRIS et
al. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. p. 126.
[29] F.
Davidson – O Novo Comentário da Bíblia – p. 883
[32]
Ibid, p. 164
[33] Paul Hoff
– O Pentateuco – p. 239
[34] J. J. Von
Allmen – Vocabulário Bíblico – p. 235
[35]
Eugene H. Merrill. Teologia do Antigo Testamento. p . 397
[36]
Grant R. Osborne. Esperal Hermenêutica. p. 333
[37]
Stuart e Fee. Entendes o que les. p. 221.
Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP.
É pastor interino da Igreja Batista Sião (São José dos Campos-SP) e atua como diretor acadêmico do ministério Pregue a Palavra.
Atua ainda como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.
Muito relevante para mim pois, ministrando o curso casados para sempre, aprendi que algumas crises no casamento eram resultados de "maldição hereditária". Agora, lendo este artigo, clareou a minha mente em relação a este assunto, e, possei a entender que, realmente, estava equivocado. Não existe hereditariedade maldita e, sim, uma contínua desobediencia aos peceitos da Palavra de Deus que resultam em consequências desastrosas para a familia. Obrigado por escrever algo tão valioso.
ResponderExcluirQue Deus em sua infinita graça e misericórdia continue abençoando sua vida, Airton. Nossa oração e desejo é que a Palavra de Deus renove a cada vez mais sua mente e coração.
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