NelsonGalvao,

A cruz não é o fim. por Nelson Galvão

julho 31, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments




Acho que à essa altura já posso dar spoiler do último filme dos Vingadores. Espero que você já o tenha assistido. Se não, pode pular essa parte do texto! O final do filme é chocante. O mal vence. Thanos alcança seu propósito. É de embrulhar o estômago ver o mal, ao final, com sorriso nos lábios vendo o por do sol! O alento é que se acontece assim é porque ainda não é o fim!
Por que iniciei a devocional de hoje com os Vingadores? Por conta da semelhança com o cap. 2 de Filipenses que estamos estudando em nossa devocional.
Em Filipenses 2.5-11, Paulo aponta para o exemplo de Cristo por meio de duas partes: 2.5-8 e 2.9-11. Vimos que na primeira parte Paulo afirma que Jesus é o Deus que se fez homem e serviu até a morte de cruz. Veremos agora a segunda parte. Nessa segunda parte Paulo nos leva a entender que a humilhação de Cristo não durou para sempre. A cruz não é o fim. Por conta de seu sacrifício, Jesus foi exaltado por Deus Pai. Deus o exaltou com soberania:

 1- O concedendo um nome que é sobre todo o nome – v. 9;
2    2- Todo joelho nos céus, terra e debaixo da terra se dobraram diante dEle – v. 9;
      3- Toda língua confesse que Ele é o Senhor, para a glória de Deus Pai – v.10.

Note que Paulo agora inverte a ordem da auto humilhação de Cristo. Ao Deus homem que se esvaziou (v.7), Deus Pai lhe concede um nome que é sobre todo nome (v. 9a). Ao Deus homem que serviu em humildade (v. 9b), Deus Pai lhe concede o domínio (v. 10). Ao Deus homem que serviu até a morte (v.8), Deus Pai lhe concede o Senhorio (v.11). A cruz foi a vitória do Rei!
Se tudo o que você pensa a respeito de Jesus é a imagem do Jesus sofredor pendurado na cruz, esta ideia está incompleta. Por causa da cruz, Ele está assentado à direita de Deus Pai acima de todos os governos e tem tudo debaixo de Seus pés (cf. Ef 1.20,22).
Além disso chegará o dia em que todos reconhecerão o Seu domínio. É sobre isso que Paulo fala em Fl 2.10,11. Ele alude à profecia do Sl 22. Neste Salmo é apontado o sofrimento e triunfo do Rei. Leia este Salmo e perceba as conexões com o sofrimento de Cristo até o verso 18. A partir do 19 temos uma inversão que culmina no triunfo:

Todos os poderosos da terra comerão e adorarão, e todos os que descem ao pó se prostrarão perante ele, os que não podem preservar a vida. A posteridade o servirá; a geração futura ouvirá falar do Senhor. Chegarão e anunciarão a sua justiça; contarão o que ele fez a um povo que ainda surgirá. (Sl 22.29-31).

A visão de João na ilha de Patmos aponta exatamente para isso:

Também ouvi todas as criaturas que estão no céu, na terra, debaixo da terra, no mar e tudo que neles existem, dizerem: Ao que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o domínio pelos séculos dos séculos!

Ou seja, haverá um dia que todos estarão diante do trono daquele que é Deus e assumiu a forma de homem. Todos reconhecerão o Seu domínio, até mesmo os que o rejeitaram e seguem o rejeitando.
Isso não é explendido? Traz conforto e esperança àqueles que sofrem pelo Rei. Ele nos convida a sofrer com Ele, mas também, por Sua graça, a participar de Seu Triunfo. Assim como somos chamados a participar de Seus sofrimentos também seremos em Sua glória. Veja a oração sacerdotal de Jesus:

Pai, meu desejo é que aqueles que me deste estejam comigo onde eu estiver, para que vejam a minha glória, a qual me deste, pois me amaste antes da fundação do mundo (Jo 17.24).

Meu querido leitor, somos o tempo inteiro tentados a desanimar. Vemos o triunfo do mal, a escalada da maldade, as forças das trevas avançando e o povo de Deus sendo perseguido, injuriado, caluniado. Mas não para sempre! Haverá o dia em que o Rei se manifestará, e então...


Nelson Galvão

Confira também as pastorais anteriores em Filipenses:




Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP. 
Atua como diretor pedagógico do ministério Pregue a Palavra, como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.

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BiancaBonassiRibeiro,

Sobre a adoção. Parte 2. Adoção como propósito. por Bianca Bonassi Ribeiro

julho 26, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments




Na primeira parte desse estudo, consideramos que a adoção é biblicamente apresentada como benção. Na Palavra de Deus, o ato de Jacó em relação aos filhos de José, garantiu aos adotados uma herança eterna. Nessa segunda parte do estudo, o enfoque é apresentar que a adoção existe com um propósito. Na Bíblia, isso é demonstrado por meio da adoção de Moisés pela filha do faraó Egípcio.  
Depois de mais ou menos 200 anos, os descendentes de Jacó e seus filhos se multiplicaram e encheram o Egito (Ex 1.6). Nessa época, um novo faraó começou a reinar e ele não sabia nada sobre como José, no passado, tinha sido um bom governante para os Egípcios (Ex 1.8). Assim, esse novo governante, com medo dos imigrantes israelitas, começou a oprimi-los com trabalhos forçados e tarefas pesadas. Foram os israelitas que construíram as cidades-celeiro de Piton e Ramessés e também eram forçados a executar todo tipo de trabalho agrícola (Ex 1. 11-14). Nesse contexto de opressão, o faraó deu ordens às parteiras dos israelitas para que quando nascesse um menino elas o matassem, mas as meninas recém-nascidas poderiam viver. Entretanto, as parteiras  (Sifrá e Puá) temeram a Deus e não mataram os bebês do sexo masculino. Porém, a atitude das parteiras fez com que o coração do faraó se endurecesse ainda mais e ele decretou que todo menino israelita, recém-nascido, deveria ser lançado no Rio Nilo (Ex 1. 15-22).
Em um contexto de incerteza, opressão e medo para todos os israelitas, nasceu Moisés, um bebê, que deveria ser lançado no Rio Nilo para que morresse. Deus escolheu esse período de caos e o vínculo biológico israelita para o nascimento de Moisés. Os nascimentos são planejados por Deus como descrito no Salmo 139.16: “Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir”. Os pais biológicos de Moisés eram Anrão e Joquebede, eles já tinham Arão e Miriã, que por serem mais velhos estavam fora de perigo.  
Anrão e Joquebede, em um ato de fé, esconderam Moisés por três meses, o que nos faz entender que eram pessoas tementes a Deus (Hb 11.23). Mas, esse casal estava numa situação complicada, que exigia decisões de impacto eterno. De acordo com o relato de Êxodo 2.1-10, podemos imaginar algumas considerações interessantes nessa história:
a)     No meio do caos, Joquebede “já não podia mais esconde-lo” (Ex 2.3a) – o bebê provavelmente estava fazendo mais barulho e precisava de maior interação com o mundo. Nesse ponto, após os três meses, o casal poderia ser denunciado por não cumprirem a ordem do faraó e, ao serem descobertos, toda família sofreria as consequências. Joquebede, pode ter considerado possíveis punições para a família toda (morte, tortura, prisão) possíveis crueldades da parte do faraó.
b)     Então, Joquebede: “pegou um cesto feito de junco e o vedou com piche e betume. Colocou nele o menino e deixou o cesto entre os juncos, à margem do Nilo” (Ex 2.3b). Uma vez que a Bíblia não evidencia detalhes, podemos supor duas hipóteses levaram Joquebede a deixar o bebê nas margens do Rio Nilo. Vale ressaltar que ambas possibilidades em nada diminuem Joquebede e Anrão como pessoas tementes a Deus:
H1: Talvez os pais biológicos de Moisés tenham desenvolvido uma estratégia de salvamento baseada em forças humanas. O que quero dizer é que às vezes, nós seres humanos tentamos ajudar Deus a resolver algumas questões. Agimos como se Ele estivesse alheio à gravidade ou urgência do problema. Se esse foi o caso, Joquebede, em um momento de fraqueza e desespero, deixou Moisés num cesto, na margem do Rio Nilo, de maneira que ela cumpriu a ordem do faraó sem considerar a direção de Deus para essa decisão. Essa hipótese surgiu com base na leitura de Atos 7.18-21 quando Estevão menciona que os pais eram forçados, compelidos a abandonar seus bebês:
Então outro rei, que nada sabia a respeito de José, passou a governar o Egito. Ele agiu traiçoeiramente para com o nosso povo [...] obrigando-os a abandonar os seus recém-nascidos, para que não sobrevivessem [...] naquele tempo nasceu Moisés [...] por três meses ele foi criado na casa de seu pai. Quando foi abandonado, a filha do faraó o tomou e o criou como seu próprio filho (NVI).
Quando penso nesta hipótese não pretendo transformar Joquebede e Anrão em vilões, mas acredito que o propósito de Deus vai além de nossas fraquezas, ou seja, Deus usou esse ato para conduzir a adoção de Moisés pela filha do faraó.

H2: Joquebede e Anrão consultaram a Deus e foram orientados a construir um cesto vedado e deixar Moisés às margens do Nilo, onde costumeiramente a filha do Faraó tomava banho. Dessa maneira, a princesa poderia se compadecer da criança e salvá-la. Neste caso, teríamos uma obediência por parte de Joquebede ao faraó, porém debaixo de uma orientação expressamente divina. Esta hipótese parte da premissa que Deus estava no centro das decisões e escolhas do casal e os orientou em cada passo.
Em ambas hipóteses, quando Joquebede fez um cesto vedado, para proteger o bebê notamos que ela planejou algo que pudesse prolongar a vida de Moisés. Fato muito pertinente e importante de ser lembrado, porque pessoas tementes a Deus não matam bebês estejam eles dentro ou fora da barriga!  
A Bíblia faz silêncio em mostrar qual das duas hipóteses é a correta. Porém, gostaria de salientar que ambas opções cabem na vida de Joquebede e Anrão, pessoas tementes a Deus. Eles, ao contrário de nós, ainda não possuíam a Palavra de Deus escrita e revelada como a que nós temos acesso. Sem dúvida o processo decisório deles era mais difícil do que o nosso. Qualquer uma das duas possibilidades conduz para o plano divino em usar a adoção como parte do propósito de Deus para a vida de Moisés.
Enquanto Moisés estava na margem do Rio Nilo, a filha do faraó foi tomar banho e pediu que suas criadas apanhassem o cesto. A princesa, ao abri-lo viu um bebê chorando e logo reconheceu que era um menino israelita, mas mesmo assim decidiu adotá-lo, inclusive o nome (Moisés) quem deu foi a mãe adotiva (Ex 2. 5-10). Sendo assim, Moisés, teve acesso à educação e cultura da mais alta qualidade disponível naquele período. De acordo com Atos 7.22 “Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios e veio a ser poderoso em palavras e obras”. Ele era um homem influente na corte e muito inteligente, ele aprendeu a ser líder e governante, habilidades seculares que posteriormente foram usadas para a Glória de Deus. O professor Carlos Osvaldo Cardoso Pinto (2006, p. 73) apresenta que “o nascimento e a proteção sobrenatural de Moisés lhe trouxeram, ao mesmo tempo, uma criação hebraica e instrução na corte egípcia”.
O intervalo de tempo em que Moisés viveu e conviveu na corte egípcia não é declarado pela Palavra de Deus. No entanto, o propósito da adoção de Moisés foi treiná-lo para uma missão que aconteceria décadas depois. Ele foi o líder do êxodo do povo de Israel, o homem que Deus usou para conduzir e libertar os israelitas da opressão e escravidão.
Algumas das funções do líder Moisés, debaixo do propósito de Deus, provavelmente foram executadas com base na formação egípcia que ele recebeu:
a)     Moisés atuou como juiz – isso porque tinha sabedoria e discernimento para julgar as questões do povo, ele sabia como uma autoridade deveria proceder (Ex 18. 13);
b)     Moisés desempenhou função de mestre/ professor – ele sabia como ensinar porque tinha aprendido com bons mestres, havia nele didática de professor (Ex 18.16b; 18.20; 24.7; Ex 24.13);
c)      Moisés agiu como gestor – ele sabia delegar e cobrar responsabilidades, essas funções são inerentes a cargos de autoridade (Ex 18. 21-26);
d)     Moisés foi escritor – ele escrevia tudo o que o Senhor lhe dizia, ele tinha sido educado nas melhores escolas (Ex 24.4,7);
e)     Moisés foi engenheiro – ele sabia ler e interpretar uma planta (Ex 25.8, 40), também estava apto a orientar e gerenciar a execução dos projetos. O Egito era uma das nações que tinham as melhores e maiores obras arquitetônicas  (Ex 35.30 a 36.6; Ex 40.1-8, 16-33).
Por fim, o que começou com uma situação de tristeza (deixado num cesto na margem de um rio) foi usado por Deus para completar o propósito de treinamento na vida de Moisés. Geralmente, uma adoção envolve momentos e situações de tristeza, assim como foi na vida de Moisés. Mas, Deus, em sua infinita criatividade, disponibilizou o recurso da adoção como parte da redenção das consequências da queda. Tenho certeza de que Ele tem um propósito tanto para a vida dos adotados quanto para a dos adotantes.
Quando meus filhos me perguntavam porque eles não tinham nascido da minha barriga, a minha resposta sempre foi: Deus é muito criativo para fazer a história de todo mundo igual!

Bianca Bonassi Ribeiro

Confira também a primeira parte do texto:




Bianca é casada com Luciano. Eles têm dois filhos, o Pedro e o Vitor. Ela faz parte da equipe docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, desde 2007 e é membro da Primeira Igreja Batista de Atibaia.
Bianca é doutora em Comunicação e Semiótica, mestre em Administração e graduada em Administração de Empresas.

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NelsonGalvao,

Quem é Jesus? por Nelson Galvão

julho 24, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments






Quem é Jesus? Essa é a pergunta mais importante de toda a história da humanidade. Ninguém pode ficar alheio a ela. Basta olhar rapidamente ao redor para notar a forte influência de Jesus na cultura. O calendário civil ocidental é dividido entre “Antes de Cristo” e “Depois de Cristo”. Johann Sebastian Bach compôs o que se chama de mais estupendo milagre da música clássica: “Jesus, a alegria dos homens”. A base dos Direitos humanos como conhecemos hoje, a família e sexualidade, têm forte influência do cristianismo. Discípulos de Cristo ao longo da história atuaram fortemente para a valorização da mulher e eliminação da escravidão e do infanticídio. Enfim, a pergunta “quem é Jesus” é inevitável.
No texto de Filipenses 2-5-11, Paulo nos oferece uma das respostas mais sublimes de toda a Escritura a respeito de quem é Jesus: Ele é o Deus que se fez homem.
Perceba que Paulo começa com a afirmação: “existindo em forma de Deus” (Fl 2.6). A afirmação de Paulo significa que Jesus tem a mesma essência de Deus; ou seja, é Deus.
Ele afirmou isso também em sua carta aos Colossenses:

“Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito (primazia) sobre toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam poderes; tudo foi criado por ele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste” (Cl 1.15-17).

Note que Paulo afirma que Jesus, sendo Deus, criou todas as coisas e tudo só continua a existir por causa dEle.
Com isso em mente, vejamos como Paulo continua o texto de Filipenses. No versículo 7 Paulo afirma que “Cristo esvaziou a si mesmo”. Do que Cristo se esvaziou?
Na história moderna (séc. XIX), alguns teólogos da Alemanha e Inglaterra passaram a defender a teoria da Kenosis (esta é a palavra grega para o “esvaziar de Cristo”). Segundo essa teoria, Cristo teria aberto mão de seus atributos divinos enquanto estava sobre a terra como homem. Infelizmente, esse pensamento se popularizou e muita gente hoje pensa dessa forma.
Entretanto, a despeito dessa heresia, vejamos o que o texto diz. Perceba que Paulo explica o que significa o esvaziar-se: “assumindo a forma de servo e fazendo-se semelhante aos homens” (v. 7). Jesus não deixou de ser Deus, Ele assumiu a forma de homem. Aí está a humilhação. Assumindo a forma de homem, Ele deixou de ser reconhecido como Deus; i.é, deixou a Sua glória (c.f: Jo 17.5). A humilhação de Cristo começou em Sua encarnação.
Agora, lembre-se que a pergunta “quem é Jesus” é inevitável. A resposta a essa pergunta muda tudo! Vimos no texto de Fl 2.1-4 que Paulo exorta os crentes a viver de acordo com a realidade das bênçãos que eles já têm em Cristo; ou seja, atitudes que expressem quem são em Cristo, a saber: unidade, humildade e serviço.
Na sessão seguinte (2.5-11), Paulo aponta para o exemplo de Cristo por meio de duas partes: 2.5-8 e 2.9-11. Vejamos a 1ª parte.
Perceba o paralelismo quiasmático da exortação de Paulo (2.2-4) com o exemplo de Cristo (2.5-8):


Exortação
Exemplo de Cristo
Unidade
2 completai a minha alegria, para que tenhais o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, o mesmo ânimo, pensando a mesma coisa.
6 que, existindo em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo a que devesse se apegar,
Humildade
3 Não façais nada por rivalidade nem por orgulho, mas com humildade, e assim cada um considere os outros superiores a si mesmo.
7 mas, pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo e fazendo-se semelhante aos homens.
Serviço
4 Cada um não se preocupe somente com o que é seu, mas também com o que é dos outros.
8 Assim, na forma de homem, humilhou a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz.

Note, Jesus sendo o próprio Deus, agiu em unidade na Trindade, humildade até o ponto se tornar homem e servo, e serviu-nos com Sua própria vida. Incrível! Jesus é o Deus que se fez homem e serviu até a morte de cruz.
O que isso tudo a respeito de Jesus tem haver conosco? Tudo. Primeiro, somos transformados pela fé em quem Ele é e no que Ele fez por nós. Segundo, essa transformação é de acordo com a imagem dEle. Somos transformados para ser como Ele é. É por isso que Paulo exorta: “tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus” (v. 5). É por isso que Paulo fez esse quiasma. Assim como Cristo agiu devemos agir, com unidade, humildade e serviço.
É curioso que o verdadeiro Deus se fez homem e servo. Nós, sendo homens, queremos ser deuses e senhores! Alguns anos atrás, em visita ao Brasil, pr. Bill Mills, presidente da Leadership Resource International, fez uma pergunta que vou levar comigo para o resto da vida: “Quer saber se você de fato é um servo? Veja como você reage quando as pessoas o tratam como servo!”.
De fato, como reagimos quando somos tratados como servos pelo marido/esposa, pelos filhos, pelos amigos, pelo chefe? Muito mal. Por que? Porque não nos sentimos servos! Somos senhores de nossa própria vida, não é mesmo?! Em função disso, quantas mulheres abandonam seus próprios filhos em nome de uma “carreira profissional”! Quantos homens agem com rispidez com sua esposa porque ao chegar em casa esperam ser servidos! Temos atritos habitais uns com os outros porque nos colocamos como senhores, e não servos”.
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus...”





[1] Blog Mulher da Palavra. 24.07.18

 Nelson Galvão


Confira também as pastorais anteriores em Filipenses:




Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP. 
Atua como diretor pedagógico do ministério Pregue a Palavra, como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.


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BiancaBonassiRibeiro,

Sobre a adoção. Parte 1. Adoção como benção. Os filhos de José. por Bianca Bonassi Ribeiro

julho 19, 2018 Mulher da Palavra 2 Comments






Ao contrário dos outros artigos, que tratam de temas isolados, a proposta desse estudo é compor uma série sequencial em torno do mesmo tema – adoção. Em primeiro lugar, preciso manifestar minha gratidão a Deus, que primeiro abriu meus olhos para entender a grandeza da adoção e permitir que Luciano e eu adotássemos Pedro (11) e Vitor (10), quando ainda eram bebês. Também agradeço a dois mestres da Palavra de Deus, Dr. Davi Merkh[1] e Ms. Alexandre Chiaradia Mendes (Sacha)[2], por pacientemente revisar e comentar esse estudo.
Acredito que Deus, é o Professor Perfeito, que em sua grande misericórdia utiliza diversos elementos simbólicos para facilitar o nosso aprendizado de verdades espirituais. A Palavra de Deus utiliza o símbolo do corpo para explicar como funciona e se compõe a Igreja de Cristo Jesus, o casamento entre homem e mulher, como símbolo do relacionamento de Cristo e a Igreja. Na Bíblia, também encontramos o símbolo paternal, que dá sentido a nossa relação de filiação a Deus, por meio de Jesus Cristo. Desta mesma forma, Deus usa o valor simbólico da adoção para nos ensinar a profundidade, a imensidão do amor altruísta de Deus pela humanidade. Interessante notar também, que o Professor Perfeito, nos revela ao longo da sua Palavra alguns casos de adoção e como cada um deles, a seu tempo, revela o caráter misericordioso de Deus.
Vale ressaltar que o processo de adoção se estabelece de acordo com as leis e regras vigentes em cada época. Porém, o cerne da adoção é sempre o mesmo, firmar uma relação de filiação entre adotante e adotado, onde cada parte possui direitos e responsabilidades. Atualmente, a adoção é um processo ou ação judicial que legitima o acolhimento voluntário de uma pessoa, em geral uma criança ou adolescente, sob a condição de filho(a), com todos os direitos e responsabilidades inerentes a essa relação de filiação. O adotante (pais), de forma voluntária admite e aceita outra pessoa como filho(a). Esse é um processo irrevogável, ou seja, não pode ser desfeito.
Com base nesse panorama inicial, enxergamos a primeira história de adoção relatada na Bíblia, cujo enfoque é demostrar que adoção é uma benção. No livro de Gênesis, depois da queda de Adão e Eva, Deus começa um plano de redenção da humanidade. Para tanto, Deus escolhe um homem (Abraão) a quem prometeu que por meio da descendência dele todas as nações da terra seriam abençoadas (Gn. 22.18). De Abraão nasceu Isaque e depois de alguns anos Isaque teve dois filhos gêmeos (Esaú e Jacó). A história continua e Deus escolheu Jacó para ser o pai de uma nação especial (Israel), de onde viria o Messias (Jesus Cristo), centenas de anos depois, para salvar a humanidade de seus pecados, a partir de sua morte e ressurreição. Esse pano de fundo é importante, porque dá sentido à adoção como benção.
Mas, voltemos um pouco o olhar para Jacó, esse homem escolhido por Deus, teve 12 filhos biológicos homens,  dentre eles José, que era o décimo primeiro filho. O trecho de Gênesis 37.3 apresenta que Jacó amava mais a José do que qualquer outro filho “porque lhe havia nascido em sua velhice”. Por essa razão os irmãos de José o odiavam e “não conseguiam falar com ele amigavelmente” (Gn. 37.4). No decorrer da história, os irmãos de José decidem vende-lo como escravo e mentir ao pai Jacó dizendo que José havia sido morto. Assim, José foi levado ao Egito, onde permaneceu por muitos anos e passou por muitas dificuldades (Gn. 37-40). Depois de um longo período de lutas, José, encontrou o favor do Faraó e por misericórdia de Deus, ele se tornou o governador do Egito. O Faraó do Egito, deu a José uma esposa e com ela José teve dois filhos, Manassés e Efraim. E, somente depois disso é que o reencontro entre José e Jacó, seu pai, ocorreu no Egito.
Antes desse reencontro, que culminou com a adoção de Manassés e Efraim, por Jacó. Vale ressaltar alguns pontos importantes, em especial na paternidade de Jacó, o adotante.
O aprendizado de Jacó – alerta aos pais!
Um árduo processo de aprendizado se desenvolveu, na vida de Jacó (Israel). No momento que ele presume que perdeu seu filho José, o texto bíblico nos mostra um sentimento de dor extrema e uma recusa em ser consolado, conforme Gênesis 37. 34-35:
Então Jacó rasgou suas vestes, vestiu-se de pano de saco e chorou muitos dias por seu filho. Todos os seus filhos e filhas vieram consolá-lo, mas ele recusou ser consolado, dizendo: “Não! Chorando descerei à sepultura para junto de meu filho.” E continuou a chorar por ele (grifo meu).
Não se pode minimizar a dor de Jacó, entretanto, essa dor inconsolável nos faz pensar até que ponto José não tinha se tornado a “pessoa (ídolo)” mais importante na vida de Jacó. O afastamento físico do filho preferido de Jacó (Israel) o fez retomar o foco e voltar sua adoração para a “Pessoa (Deus)” mais importante na vida dele. Jacó, precisou aprender a agir como seu avô Abraão que não negou a Deus, seu filho Isaque. Esse desprendimento marcou uma aliança e foi prometido fazer de Abraão uma benção para todos os povos da terra (Gn. 17. 19; Gn. 22. 2-18) e Jacó era parte dessa aliança.
Os nossos filhos, por mais que os amemos, não devem se tornar pequenos deuses em nossas vidas, porque eles nos foram dados por Deus. Essa consciência e atitude deve existir tanto na vida de pais biológicos quanto na vida de pais adotivos. Talvez você pense que seus filhos não são pequenos deuses, mas as atitudes em relação a eles demostram o contrário. Quando nos recusamos a criar nossos filhos de acordo com as instruções dadas na Palavra de Deus, estamos endeusando nossos pequenos, porque os consideramos acima de Deus. Ao tolerarmos o pecado deles com afirmações: “mas é só uma criança”, “ele(a) tem uma personalidade muito forte”, “não consigo dominá-lo(a)”, não estamos ensinando-os a olhar para a cruz de Cristo.
Antes de Jacó compreender que Deus precisa estar acima de tudo e todos, ele também endeusou seus filhos. Primeiro pela preferência de José sobre os demais, a ponto de não querer ser consolado por sua suposta morte. Segundo, durante o processo de criação deles foi tolerante aos erros que eles cometiam, esse comportamento idólatra gerou consequências graves:
·         Diná filha de Jacó e Lia foi violentada e quem decidiu o que deveria ser feito foram os filhos e não o pai, a consequência: eles se tornam pessoas “indesejáveis” naquela região (Gn. 34. 11-17; Gn. 34. 25-30);
·         O filho primogênito de Jacó, Rúben se deitou com Bila, concubina de seu pai. Logo, o leito de Jacó foi desonrado (Gn. 35. 22; Gn. 49.4). Esse ato fez com que os direitos de primogenitura (porção dobrada da herança para o filho mais velho, de acordo com Dt. 21.15-17) fossem transferidos a outro (I Cr. 5.1). O professor Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, Ph.D. em Exposição Bíblica, apresenta em seu livro, o seguinte comentário: “A relação sexual de Rúben com Bila significa sua tentativa de roubar de Jacó a autoridade sobre a família”[3].
·         José foi vendido como escravo por seus irmãos para alguns ismaelitas que estavam a caminho do Egito, porque eles o odiavam (Gn. 37).
Talvez você pense que está imune ao endeusamento de seus filhos, isso porque você é um cristão que tem consciência de que os filhos foram dados por Deus, talvez você até seja atuante em uma igreja. Mas, Jacó, também era consciente de que os filhos tinham sido dados por Deus, veja o que ele disse a seu irmão Esáu: “São os filhos que Deus concedeu a teu servo” (Gn. 33.5b). Ter consciência é diferente de ter atitude! Criar filhos nos caminhos do Senhor é um processo longo, cansativo, mas prazeroso cujo resultado só é visto depois de anos. Muitas vezes, você será criticado(a), inclusive por cristãos, por estar seguindo as instruções dadas por Deus, em sua Palavra. Entretanto, devemos continuar com o foco certo.
Voltando à família de Jacó, Deus em sua infinita graça fez com que o patriarca voltasse para o foco certo, mas isso custou décadas de duras intervenções da parte de Deus. Depois de “perder dois filhos” (José porque achava que estava morto e Simeão que havia ficado preso no Egito) e correndo o risco de perder o caçula, Benjamim. Jacó finalmente declara com sinceridade: “Se tem que ser assim que seja![...]Que o Deus todo - poderoso lhes conceda misericórdia diante daquele homem, para que ele permita que o seu outro irmão e Benjamim voltem com vocês. Quanto a mim, se ficar sem filhos, sem filhos ficarei" (Gn. 43.11-14 – grifo meu). Finalmente, a mesma atitude de seu avô Abraão, única adoração a Deus!
A história continuou e Jacó (Israel) recebeu mais um presente de Deus, descobriu que todos os seus filhos estavam bem e vivos. O único e soberano Deus permitiu o reencontro de toda a família, no Egito, de acordo com Gênesis 46.1-7:
[Jacó] Israel partiu com tudo o que lhe pertencia. Ao chegar a Berseba, ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai. E Deus falou a Israel por meio de uma visão noturna: Jacó! Jacó! “Eis-me aqui”, respondeu ele. “Eu sou Deus, o Deus de seu pai”, disse ele. “Não tenha medo de descer ao Egito, porque lá farei de você uma grande nação. Eu mesmo descerei ao Egito com você e certamente o trarei de volta. E a mão de José fechará os seus olhos.”
Então Jacó partiu de Berseba. Os filhos de Israel levaram seu pai, Jacó, seus filhos e as suas mulheres nas carruagens que o faraó tinha enviado. Também levaram os seus rebanhos e os bens que tinham adquirido em Canaã. Assim Jacó foi para o Egito com toda a sua descendência. Levou consigo para o Egito seus filhos, seus netos, suas filhas, suas netas, isto é, todos os seus descendentes (grifo meu).
Uma vida centrada em Deus permite que os pais tenham sabedoria até mesmo no que desejam a seus filhos. A transformação na vida de Jacó deu início a uma benção que alcança até os nossos dias. Mais ou menos 17 anos depois dos Israelitas (família de Jacó) chegarem ao Egito, Manassés e Efraim (filhos de José) receberam a seguinte benção do seu avô (Jacó):
Então disse Jacó a José: “O Deus todo-poderoso apareceu-me em Luz, na terra de Canaã, e ali me abençoou, dizendo: ‘Eu o farei prolífero e o multiplicarei. Farei de você uma comunidade de povos e darei esta terra por propriedade perpétua aos seus descendentes’. Agora, pois, os seus dois filhos que lhe nasceram no Egito, antes da minha vinda para cá, serão reconhecidos como meus; Efraim e Manassés serão meus, como são meus Rubén e Simeão” (Gn. 48. 3-5).
Israel, porém, estendeu a mão direita e a pôs sobre a cabeça de Efraim, embora este fosse o mais novo e, cruzando os braços, pôs a mão esquerda sobre a cabeça de Manassés, embora Manassés fosse o filho mais velho. E abençoou a José, dizendo: “Que o Deus a quem serviram meus pais Abraão e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastor em toda a minha vida até o dia de hoje, o Anjo que me redimiu de todo o mal, abençoe estes meninos. Sejam eles chamados pelo meu nome e pelos nomes de meus pais Abraão e Isaque, e cresçam muito na terra” (Gn. 48. 14-16).
Assim, Jacó os abençoou naquele dia, dizendo: “O povo de Israel usará os seus nomes para abençoar uns aos outros com esta expressão: Que Deus faça a você como fez a Efraim e a Manassés. E colocou Efraim à frente de Manassés” (Gn. 48. 20) (grifo meu).
A benção de José (filho biológico) recai sobre seus filhos Efraim e Manassés, que a partir daquele momento se tornam filhos adotivos legítimos de Jacó (Israel) por meio da adoção. Naquela época, a palavra de um homem, de um patriarca valia como lei. Isso pode ser comprovado pela própria Palavra de Deus. No livro das Crônicas, onde registra as genealogias do povo de Israel, Rúben (o primogênito de Jacó) perdeu a primogenitura que foi dada aos filhos adotivos de Jacó.
[...] Rúben, o filho mais velho de Israel. (De fato ele era o mais velho, mas, por ter desonrado o leito de seu pai, seus direitos de filho mais velho foram dados aos filhos de José, filho de Israel, de modo que não foi alistado nos registros genealógicos como o primeiro filho. Embora Judá tenha sido o mais poderoso de seus irmãos e dele tenha vindo um líder, os direitos de filho mais velho foram dados a José), conforme I Crônicas 5.1-2 (grifo meu).
De acordo com o professor Carlos Osvaldo Cardoso Pinto[4] (2006), os livros de Crônicas, têm o propósito de apresentar uma visão abrangente do plano de Deus para Israel ao longo da história. Por essa razão, a inclusão de genealogias trata-se de uma lembrança da aliança feita a Abraão, ou seja, Israel sendo uma benção para o mundo. As genealogias, apresentadas nos livros de Crônicas, destacam as tribos, clãs e indivíduos que tiveram uma influência significativa na história de Israel. Ao mesmo tempo informam os que foram impedidos de se tornar canais de benção. Sendo assim, temos que a adoção de Manassés e Efraim, pelo seu avô Jacó (Israel), foi legitimada e abençoada por Deus.
A adoção e benção dada a Manassés e Efraim, por Jacó, expressam um ato de fé em Deus, como descrito em Hebreus 11.21. Essa adoção no passado, antecipou e simbolizou a benção que é a nossa adoção por meio de Cristo.
O ato da adoção, como a conhecemos, existe e foi criada por Deus para explicar a benção da adoção espiritual. Muito melhor do que ter pais e/ou filhos, a adoção tem um propósito. Ambas, adoção terrena e espiritual, são um privilégio. E, toda adoção tem início com o Adotante (Deus) estendendo sua mão em favor dos adotados. Isso é uma benção!

 Bianca Bonassi Ribeiro



[1] Dr. Davi Merkh é doutor em Ministério Bíblico e professor do Seminário Bíblico Palavra da Vida, também atua como pastor auxiliar de exposição bíblica na Primeira Igreja Batista de Atibaia (PIBA).
[2] Ms. Alexandre Chiaradia Mendes (Sacha) é Mestre em Aconselhamento Bíblico (The Master´s College – CA) e mestre em Divindade (Faith Bible Seminary), pastor e líder de jovens da Igreja Batista Maranata em São José dos Campos. Também atua como conselheiro associado da ABCB (Associação Brasileira de Conselheiros Bíblicos).  
[3] PINTO, C.O.C. Foco e Desenvolvimento do Antigo Testamento: estruturas e mensagens dos livros do Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2006, p. 51.
[4] PINTO, C.O.C. Foco e Desenvolvimento do Antigo Testamento: estruturas e mensagens dos livros do Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2006, p. 359-360.






Bianca é casada com Luciano. Eles têm dois filhos, o Pedro e o Vitor. Ela faz parte da equipe docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, desde 2007 e é membro da Primeira Igreja Batista de Atibaia.
Bianca é doutora em Comunicação e Semiótica, mestre em Administração e graduada em Administração de Empresas.

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NelsonGalvao,

O que acontece quando as coisas vão mal? por Nelson Galvão

julho 16, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments




Uma das coisas que muito me chamou a atenção na recente greve dos caminhoneiros foi a atitude de parte da população frente ao desabastecimento alimentício dos supermercados. Alguns levavam para casa fardos de alimentos para estocar. Uma mulher foi entrevistada e sem hesitação explicou: “Ah... sei que devemos pensar nos outros, mas primeiro em nós mesmos!” Interessante! Basta as coisas saírem um pouco do trilho e imediatamente colocamos para fora o que escondemos com tanto cuidado. Os dissabores têm a capacidade de mostrar para nós mesmos quem somos e a imagem refletida no espelho não é tão agradável quanto imaginávamos.
Quando Paulo escreve aos filipenses, estes enfrentavam situações externas e internas na igreja que lhes desafiavam a viver o cristianismo genuíno. O capítulo 2 começa com um “portanto”, o que nos conecta com a sessão anterior. Em Fl 1.27-30, Paulo exorta os Filipenses a proceder de tal forma, diante do sofrimento pelo Evangelho, que Cristo seja exaltado. “Portanto”; ou seja, “sendo assim”, ou, “tendo isso em mente”, em Fl 2.1-4, Paulo os exorta a viver de maneira coerente com o cristianismo que eles professavam. Em outras Palavras, Paulo diz: Uma vez que vocês já experimentaram dos privilégios da vida cristã, então expressem isso com as mesmas atitudes de Cristo.
Note que no capítulo 2.1 Paulo remonta às bênçãos da vida cristã. Ele usa a expressão “se” 4 vezes para chamar a atenção para a realidade que os crentes já possuem em Cristo: Exortação (ensino), consolo de amor, comunhão do Espírito, sentimento profundo ou compaixão. E os Filipenses tinham isso! Experimentavam da comunhão mútua pelo Evangelho. Isso é visto desde o início do cap. 1, onde Paulo menciona a cooperação deles no Evangelho (1.5) e a participação nos seus sofrimentos (1.7).
Esse é o fundamento da exortação de Paulo. Agora ele segue com a exortação propriamente dita: Uma vez que vocês já experimentam da realidade das bênçãos em Cristo, agora vivam de acordo com essa realidade. Tenham atitudes que expressem quem vocês são em Cristo. Que atitudes são essas? Veja o cap.2.2-4:

2 completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude.
3 Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos.
4 Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.

1 – Unidade – Perceba como Paulo descreve essa atitude:

O mesmo modo de pensar; O mesmo amor; O mesmo ânimo; Pensando a mesma coisa

Interessante! O que acontece quando as coisas vão mal? Ira, acusações, brigas! O que acontece quando as finanças não estão do jeito que foi planejado? O casal começa a se desentender! O que acontece quando situações adversas nos batem à porta sem sequer avisar? Atritos. É curioso que Paulo menciona (1.15,17) algumas pessoas que pregavam a Cristo por inveja e discórdia!
Entretanto, Paulo aqui afirma que entre os cristãos deve ser diferente. A unidade entre os crentes deve ser uma expressão da sua fé, e isso, mesmo em meio a circunstâncias adversas.

2- Humildade - Veja que Paulo se utiliza aqui de um recurso literário chamado “paralelismo antitético”, que coloca uma sentença em oposição a outra:

Não façais nada por rivalidade nem por orgulho,
mas
Com humildade e assim cada um considere os outros superiores a si mesmo.

O que acontece quando as coisas vão mal? Sempre aparece um salvador! Sempre aparece aquele dizendo que tem a solução! “Eu consigo, eu posso, eu faço melhor”! Quando olhamos para as dificuldades do outro pensamos: “Eu teria feito diferente e não estaria nessa situação!”
Por isso essa exortação de Paulo é tão chocante! A exortação bíblica a como deve ser a vida cristã é: “cada um considere os outros superiores a si mesmo”. Entre os cristãos, só existe um Salvador: Cristo. Não existe aquele que se apresenta como o brilhante, o estrategista, o visionário.

3- Serviço – Mais uma vez Paulo se utiliza do paralelismo antitético:

Cada um não se preocupe somente com o que é seu,
mas
também com o que é dos outros.

O que acontece quando as coisas vão mal? A sociedade moderna é competitiva e hiperindividual (infelizmente essa cultura permeia até mesmo alguns crentes). São pessoas encerradas em sim mesmas. Seus relacionamentos, quando existem, são marcados pela superficialidade e utilitarismo. Nas dificuldades, fecham-se ainda mais. São incapazes de perceber o outro, ao lado! Temos até um ditado para isso: “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Entretanto, Paulo nos faz entender que não existe cristianismo individualista, são dois conceitos que se chocam. É curioso que Paulo menciona a oferta que as igrejas da Macedônia enviaram para os crentes de Jerusalém (Rm 15.26; 2 Co 8.1-5). Entre essas igrejas da Macedônia estavam os filipenses! O mais incrível: fizeram isso com muita alegria, mesmo em “extrema pobreza” (2 Co 8.2).
O verdadeiro cristianismo vai muito além do domingo! Ele se expressa através de atitudes de unidade, humildade e serviço em todos os âmbitos da vida, seja no trabalho, na família, ou na escola. O mais incrível, a fé cristã se dá mesmo em circunstâncias das mais adversas, prevalecendo sobre o egoísmo, soberba e individualismo humanos que se tornam evidentes em dias difíceis.

Nelson Galvão

Confira também as pastorais anteriores em Filipenses:




Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP. 
Atua como diretor pedagógico do ministério Pregue a Palavra, como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.

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