O Aconselhamento Bíblico e a Igreja Contemporânea, com Dr. John Street.

março 23, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments


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Feminilidade,

A Essência da Feminilidade - PARTE II. por Elizabeth Elliot

março 20, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments



            A teologia feminista de cristãos (veja que não posso chamá-la “teologia cristã feminista”) é uma cama de Procrusto[1] na qual a doutrina e os fatos básicos da história da natureza humana e sua história, sem falar na própria Bíblia, são arbitrariamente esticados ou amputados para encaixarem-se nela. Por que, eu pergunto, uma teologia feminista começa com as respostas? Uma mulher que falou sobre “Uma Abordagem Bíblica ao Feminismo” definiu sua tarefa (imensa, na minha opinião) como uma tentativa de interpretar a Bíblica de modo favorável à causa da igualdade (Virginia Ramey Mollenkott no Encontro Evangélico de Mulheres, em Washington, DC, em novembro de 1975). A “interpretação” exigia uma revisão detalhada das doutrinas da criação, do homem, da Trindade e a inspiração das Escrituras, bem como a reconstrução da história religiosa, com o objetivo de purgar cada um destes do que foi chamado uma conspiração patriarcal contra as mulheres. Por que as feministas deveriam substituir a gloriosa visão hierárquica de bem-aventurança por um ideal decrépito e incoerente que achata todos os seres humanos num único nível – um deserto sem rosto, sem cor, sem sexo, onde regra e submissão são consideradas uma maldição, onde os papéis dos homens e mulheres são tratados como peças intercambiáveis de máquinas, substituíveis e ajustáveis, onde sentir-se completo seja uma mera questão de política e coisas como igualdade e direitos?
            Este é um mundo pelo qual os poetas nunca aspiraram, que a literatura das eras não viu de algum modo, um mundo que não leva em consideração o mistério. A igreja alega ser a portadora da revelação. Se estiver correta, como C.S. Lewis afirma, deveríamos esperar encontrar na igreja um “elemento que os não crentes chamarão de irracional e os crentes chamarão de supra racional. Deve haver algo nela que lance um nevoeiro sobre a nossa razão e não ao contrário... Se nós a abandonarmos, se retivermos apenas o que pode ser justificado pelos padrões da prudência e conveniência diante do senso comum iluminista, então trocaremos a revelação pela velha assombração da Religião Natural”.[2]
            A visão cristã brota do mistério. Todo princípio importante de nosso credo é um mistério – revelado, não explicado – afirmado e aprendido apenas pela faculdade da fé. A sexualidade é um mistério representando o mais profundo mistério que temos conhecimento: o relacionamento de Cristo e Sua igreja. Quando lidamos com masculinidade e feminilidade, estamos lidando com “as sombras vívidas e horríveis das realidades completamente fora do nosso controle e amplamente além do nosso conhecimento direto”, como afirma Lewis[3]. Não podemos, ao mesmo tempo, engolir a doutrina feminista de que a feminilidade é um mero condicionamento cultural, de estereótipos perpetuados pela tradição, ou um produto de um enredo nefasto tecido por machos em alguma reunião de comitê pré-histórico.
            Por favor, não me entenda mal. Nós devemos e, de fato, desprezamos os estereótipos que debocham das distinções divinas. Nós lamentamos os abusos impingidos por homens contra mulheres – e não nos esqueçamos, por mulheres contra homens, pois todos pecaram – mas será que nos esquecemos dos arquétipos?
            Estereótipo é uma palavra usada de modo depreciativo para denotar uma noção ou padrão convencional. Um arquétipo é o padrão ou modelo original, que engloba a essência das coisas e reflete de algum modo a estrutura interna do mundo. Eu não estou aqui para defender os estereótipos femininos, mas para tentar focar no Padrão Original.
            A primeira mulher foi feita especificamente para o primeiro homem, uma ajudadora, para atender, responder, se render e complementar a ele. Deus a fez a partir do homem, do seu próprio osso e então, trouxe-a para o homem. Quando Adão deu nome a Eva, ele aceitou a responsabilidade de ser o marido dela – sustentar, cuidar e protegê-la. Estas duas pessoas juntas representam a imagem de Deus – uma delas, de um modo especial, o que iniciou a outra que respondeu. Nem um nem outro, enquanto estavam sozinhos, eram adequados para sustentar a imagem divina.
            Deus pôs estes dois num lugar perfeito e – você conhece o resto da história. Eles rejeitaram sua humanidade e usaram a liberdade dada por Deus para desafiá-Lo, decidiram que não queriam ser meros homem e mulher, mas deuses, clamando para si o conhecimento do bem e do mal, um peso muito grande para os seres humanos suportarem. Eva, na sua recusa de aceitar a vontade de Deus, recusou sua feminilidade. Adão, cedendo à sugestão dela, abdicou de sua responsabilidade masculina por ela. Foi o primeiro exemplo do que reconheceríamos agora como “inversão de papéis”. Esta desobediência desafiadora arruinou o padrão original e as coisas tornaram-se uma tremenda bagunça desde então.
            Mas Deus não abandonou suas criaturas teimosas. Em Seu inexorável amor Ele demonstrou exatamente o que tinha em mente chamando a Si mesmo de Noivo – o iniciador, protetor, amante – e Israel de Sua noiva, Sua amada. Ele a resgatou, chamou-a pelo nome, a cortejou e conquistou, chorou por ela quando esta se prostituiu atrás de outros deuses. No Novo Testamento, encontramos o mistério do casamento mais uma vez expressando o inexpressível relacionamento entre o Senhor e Seu povo, o marido representando Cristo e seu lugar de Cabeça, a esposa como a igreja e sua submissão. A imagem inspirada pelo Espírito não é para ser embaralhada e redistribuída de acordo com nossos caprichos e preferências. O mistério deve ser manipulado não apenas com cuidado, mas também com reverência e temor.
            A história do Evangelho começa com o Mistério da Caridade. Uma jovem é visitada por um anjo, recebe a notícia chocante de que vai tornar-se mãe do Filho de Deus. Diferente de Eva, cuja resposta para Deus foi calculada e egoísta, a resposta da virgem Maria não mostrou hesitação alguma a respeito de riscos, perdas ou interrupções dos seus próprios planos. É uma doação total e incondicional de si mesma: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1.38). Isto é o que eu entendo ser a essência da feminilidade. A rendição.[4]
Pense numa noiva. Ela entrega sua independência, seu nome, seu destino, sua vontade, a si mesma, para o noivo no casamento. Esta é uma cerimônia pública, diante de Deus e das testemunhas. Então, no quarto do casamento, ela entrega o seu corpo, seu dom imensurável da virgindade, tudo que havia sido escondido. Quando se torna mãe, faz outra rendição – é a vida dela pela vida do filho. Isto é nos níveis mais profundos, aquilo para que a mulher foi criada, casada ou solteira (e a vocação especial da virgem é render-se para o serviço do seu Senhor para a vida do mundo).
O espírito dócil e tranquilo do qual Pedro fala, qualificando-o “de grande valor para Deus” (1 Pedro 3.4), é a verdadeira feminilidade, que encontrou sua síntese em Maria, na disposição de ser apenas um vaso, escondido, desconhecido, exceto por ser a mãe de Alguém. Este é o verdadeiro espírito materno, a verdadeira maternidade, tão ausente, ao menos para mim, dos anais do feminismo. “Quanto mais santa é a mulher”, escreveu Leon Bloy, “mais ela é mulher”.
A feminilidade recebe. Ela diz “Que faça-se em mim segundo a tua vontade” (Lucas1.38). Ela recebe o que Deus dá – um lugar especial, uma honra e glória especiais, diferentes daquela da masculinidade – com o objetivo de ajudar. Em outras palavras, nós, mulheres, temos que receber o que é dado, assim como Maria o fez, e não insistir no que não foi dado, como Eva fez.
Talvez as mulheres excepcionais da história tenham recebido um dom especial – um carisma – porque elas se fizeram nada. Eu penso em Amy Carmichael, por exemplo, outra Maria, porque ela não teve ambição por nada além da vontade de Deus. Portanto, sua obediência, seu “Que faça-se em mim” teve um impacto incalculavelmente profundo no século vinte. Ela recebeu poder, assim como o seu Mestre, porque ela se fez nada.
            Eu seria a última a negar que as mulheres recebem dons que elas têm que exercitar. Mas nós não devemos ser gananciosas, insistindo em ficar com todos eles, usurpando o lugar dos homens. Nós somos mulheres e meu apelo é Deixe-me ser uma mulher, completamente santa, não pedindo por nada além do que Deus quer me dar, recebendo com as duas mãos e com todo o meu coração o que quer que seja. Nenhum argumento seria necessário se todas compartilhássemos o espírito daquela “bendita entre as mulheres”.
            O mundo busca felicidade através da autoafirmação. O cristão sabe que a alegria é encontrada no autoabandono. “Porque aquele que quiser salvar a sua vida”, Jesus disse, “perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.” (Mateus 16.25) A verdadeira liberdade de uma mulher cristã está do outro lado de um pequeno portão – obediência humilde – mas o portão leva a uma amplitude de vida com a qual as libertadoras do mundo nunca sonharam, a um lugar onde a diferenciação entre os sexos dada por Deus não é ofuscada, mas celebrada, onde nossas “não igualidades” são vistas como essenciais à imagem de Deus. Pois é em macho e fêmea, em que macho é macho e fêmea é fêmea, não como duas metades iguais e intercambiáveis, que a imagem é manifesta.
Encobrir coisas tão profundas é privar as mulheres da resposta central ao clamor dos seus corações: “Quem sou eu?” Ninguém a não ser o Autor da História pode responder a este clamor.

 Elizabeth Elliot



[1] Nota de Tradução: Procrusto (da mitologia grega) era um bandido que vivia na serra de Elêusis. Em sua casa, ele tinha uma cama de ferro, que tinha seu exato tamanho, para a qual convidava todos os viajantes a se deitarem. Se os hóspedes fossem demasiados altos, ele amputava o excesso de comprimento para ajustá-los à cama, e os que tinham pequena estatura eram esticados até atingirem o comprimento suficiente. Uma vítima nunca se ajustava exatamente ao tamanho da cama porque Procusto, secretamente, tinha duas camas de tamanhos diferentes.


[2] C. S. Lewis, “Priestesses in the Church?” em God in the Dock: Essays on Theology and Ethics, ed. Walter Hooper (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1970), p.238.
[3] Ibid., p. 239

[4] Não quero que pensem que estou recomendando que a mulher se renda à males como coerção ou violência.




Fonte: Revive our hearts. Website: reviveourhearts.com. 
Traduzido com permissão. 
Título original:  The Essence of Femininity: A Personal Perspective

Tradução: Viviane Andrade


Elisabeth Elliot, nascida em 21 de dezembro de 1926, é uma escritora e palestrante cristã. Seu primeiro marido, Jim Elliot, foi morto no início de 1956, ao tentar fazer contato com os Auca (atualmente conhecidos como Waorani), no leste do Equador. Mais tarde ela viveu dois anos como missionária entre os membros da tribo que assassinou seu marido. 
É autora, entre outros livros, de Let Me Be a Woman, Keep a Quiet Heart, Secure in the Everlasting Arms, Passion and Purity e Faith That Does Not Falter.

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DianeEllis,

Sua Nova Identidade em Cristo. por Diane Hofer Ellis

março 13, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments




Existem duas realidades nas extremidades opostas que mexem com nossa identidade como mulheres em Cristo: 1) Deus nos fez á Sua imagem e semelhança (Genesis 1.26-27) para sermos as coroas da criação, lindas e perfeitas, para existirmos em harmonia perfeita com nosso Deus; e 2) Por causa da profundidade da depravação causada pelo pecado, somos mulheres com cavernas escuras de ciúmes, raiva, egoísmo, magoas... pecadoras que nos transformaram em espelhos quebrados, distorcendo completamente a imagem que Deus desejava.

Em outras palavras, fomos criadas para sermos perfeitas, mas somos miseráveis por causa do pecado.

Essas duas verdades podem nos deixar desesperadas, pois todos os dias vemos a lei do pecado atuando em nossos corpos. Cada vez que perco a paciência com meus filhos, cada vez que não mostro respeito para com meu marido, cada vez que me torno rabugenta—sou como espelho quebrado que não reflete nada da magnificente glória de Deus, para qual fomos feitos. Mas sei, minha querida, que nosso desejo de mulheres de Deus é que reflitamos Sua glória de uma forma digna e completa, e não apenas de um pequeno fragmento distorcido.

Há esperança nesta vida para voltarmos ao plano que Deus tinha para nós? Há, SIM! Achei muito interessante que além do homem e da mulher serem a imagem de Deus em Genesis, existe uma outra pessoa que a Bíblia fala que é a imagem do Deus invisível. Colossenses 1.13-15 diz que Deus “nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados. Ele (este filho amado, Cristo) é a imagem do Deus invisível”! Adão e Eva falharam, nós falhamos. Mas Cristo não falhou! Então Ele é o homem perfeito para fechar o fosso entre as duas extremidades opostas.

O livro de Colossenses nos ensina sobre nossa posição de estar “em Cristo”. O que significa estar “em Cristo” e quais são as implicações praticas que devem afetar nossas vidas de uma forma profunda? Como portador da imagem de Deus, e de acordo com o que Colossenses 2.9 fala, “em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade”--toda riqueza do pleno entendimento, todos os tesouros da sabedoria, e entendimento de Deus estão dentro do corpo de Cristo. Sei que isso não é novidade para nós. Mas o que me surpreende é o seguinte: quando recebemos Cristo Jesus pela fé, fomos colocadas EM Cristo. Deus nos posicionou no meio dessa riqueza, entendimento e sabedoria. Como diz Col. 2.10, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, nós recebemos a plenitude. Imagina um neném no útero da sua mãe. O neném está dentro do corpo da sua mãe. No corpo dela há tudo que o neném precisa para crescer--todos os nutrientes, sangue, água: tudo! O neném não somente tem contato com sua mãe. Ele está dentro da sua mãe, completamente submerso nas águas do útero e conectado pelo cordão umbilical para poder se desenvolver. O neném não é a mãe, mas está dentro dela, recebendo dela e protegido por ela. Nesta ilustração, o neném somos nós! No momento em que recebemos a Cristo como Salvador, Deus nos coloca completamente submersas nele, protegidas, nutridas, e Ele fornece tudo que precisamos para receber toda a plenitude da divindade também! Não somente isso, como diz Colossenses 3.3, “agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus”. Quer dizer, nós estamos em Cristo, e Cristo está em Deus, e então, estamos com Cristo em Deus. Que lugar de proteção e segurança dupla!!

Tudo isso tem implicações profundas para nossas vidas, queridas. Você pode se despir de toda aquela lista de pecados em Colossenses 3.5, 8 de imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância (que é idolatria), ira, indignação, maldade, maledicência e linguagem indecente no falar e pode revestir de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência e amor. Essas são as qualidades de uma mulher que reflete Jesus no dia a dia. Quando você precisa de paciência com seus filhos, essa paciência não vem de vocês, mas sim, das riquezas que tem em Cristo. Basta “sugar” dele. Quando você tem medo, você pode lembrar onde você está—dentro do lugar protegido de Cristo. No momento de sentir raiva, você não precisa ceder à raiva, mas em vez disso, pode se entregar ao Cristo. Você tem uma nova identidade em Cristo que define seus parâmetros de agir. E entregando a Sua vida, você vai ter as condições de agir e reagir de forma correta. “...visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas e se revestiram do novo, o qual está sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador” (Colossenses 3.9-10). Não tem que pensar mais nas duas extremidades da 1)perfeição antes da queda e 2)sua depravação depois, mas pode lembrar que em Cristo você encontrará tudo que precisa para superar qualquer pecado e se tornar a imagem de Deus. Até na sua dificuldade com submissão! UÉ??? Por que levantar este assunto de submissão? Porque logo em seguida neste trecho em Colossenses, 3.18 diz “Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como convém a quem está no Senhor”. Minha querida irmãzinha, uma mulher em Cristo deve refletir Deus no seu relacionamento com seu marido. E essa imagem na vida da casada tem a característica de sujeição. Uau!!! Por isso, a sujeição da mulher é tão importante para Deus. Quando sou submissa ao meu marido, eu estou refletindo Jesus pois Ele também foi submisso ao Seu Pai. Por isso a submissão convém a mulher que está no Senhor.

Minhas queridas, que privilégio nobre temos para refletir em forma feminina o nosso Deus! Quanto mais eu sou submissa ao meu marido, mais reflito meu Senhor. Você topa? Eu topo! Pois isto é uma maneira que podemos expressar gratidão ao nosso Salvador. Ele deu Sua vida para nos livrar das cavernas escuras do pecado e nos colocar no alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Que levemos a sério nossa nova identidade “em Cristo” pela honra e exaltação do Senhor!

 Diane Hofer Ellis


Missionária americana servindo a mais de 20 anos no Brasil. Casada com o pr. Dr. Mark Ellis e mãe de cinco filhos, 3 noras e 8 netos. Seu ministério foca o mentoreio de mulheres mais novas.
Diane é escritora do blog Mulher da Palavra e da palestras em igrejas sobre feminilidade bíblica.


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Feminilidade,

A Essência da Feminilidade - PARTE I. por Elizabeth Elliot

março 02, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments



As feministas são dedicadas à premissa de que a diferença entre homens e mulheres é uma mera questão biológica. O resto de nós reconhece uma realidade bem mais profunda, que nos coloca num plano totalmente diferente de meras distinções anatômicas. Tal diferença é insondável e indefinível, embora homens e mulheres tenham tentado, sem cessar, sondá-la e defini-la. Ela é inevitável e inegável; mesmo assim, nas últimas décadas, esforços bem-intencionados têm sido feitos em nome da decência, igualdade e justiça, pelo menos para evitá-la e, quando possível, negá-la. Eu me refiro, é claro, à feminilidade – uma realidade do design divino e da criação de Deus, Seu dom para mim e para todas as mulheres – e, de um modo bem diferente, Seu dom para os homens também. Se nós realmente compreendêssemos o que é de fato a feminilidade, talvez a questão dos papéis se resolvesse sozinha. O que eu tenho a dizer não é validado por eu ter um diploma ou uma posição numa faculdade ou na administração de uma instituição de aprendizado de ensino superior. Nem pelas minhas inclinações genéticas ou temperamento. Pelo contrário, é o que eu vejo como o arranjo do universo e da total harmonia e tom das Escrituras. Este arranjo é uma ordem hierárquica gloriosa de esplendor gradual, começando com a Trindade, descendo através dos serafins, querubins, arcanjos, anjos, homens e todas as criaturas menores, uma dança universal, coreografada para a perfeição e realização de cada participante.
            Durante anos, eu observei com descontentamento crescente, até mesmo angústia, o que tem acontecido com nosso sistema educacional, nossas igrejas, nossos lares e mesmo os níveis mais profundos da personalidade, como resultado de um movimento chamado feminismo, um movimento que confere grande consideração à qualidade de ser uma pessoa, mas muito pouco à qualidade de ser uma mulher, e quase nenhuma atenção à qualidade de ser feminina. Termos como “ser um homem” e masculinidade foram eliminados de nosso vocabulário e nós fomos ensinados, sem nenhuma hesitação, a esquecer tais coisas, que não são nada mais que aspectos da Biologia e a nos concentrarmos no que significa ser “pessoas”.
            Através dos milênios da história humana, até as duas últimas décadas, mais ou menos, as pessoas davam como certas que as diferenças entre homens e mulheres eram tão óbvias que nem havia necessidade de pontuá-las. Eles aceitavam as coisas como eram. Mas nossas conclusões serenas têm sido atacadas e confundidas e perdemos nossos suportes num nevoeiro de retórica de uma coisa chamada igualdade, de modo que me encontro na posição desconfortável e cansativa de ter que explicar a pessoas de certo nível de instrução o que um dia foi perfeitamente óbvio para a mais simples das pessoas.
            Deixe-me fazer uma confissão. Quase tudo que constitui um ponto polêmico na vida americana moderna é visto por mim a partir do vantajoso ponto dos mais simples, da cultura da Idade da Pedra, na qual eu já vivi. “Por que tanta confusão? Como explico para eles?” Esta perspectiva exótica, de certo modo, lança uma luz mais clara sobre os temas básicos que me ajudam a avaliar estes problemas.
            Por anos eu vivi com índios numa selva da América do Sul, que expressavam sua masculinidade e feminilidade de várias maneiras, que não fingiam que era possível negligenciar tais diferenças e onde não havia discussão sobre papéis. A feminilidade da mulher era uma profunda consciência de para que ela foi criada. Tal ideia era expressa em tudo que ela fazia de modo diferente dos homens, desde o penteado e roupas (se ela usasse alguma), até a maneira como sentava e o trabalho que fazia. Qualquer criança sabia que as mulheres teciam redes, faziam potes e pegavam peixes com suas próprias mãos. Também que elas limpavam o matagal, plantavam e carregavam os fardos mais pesados. Já os homens cortavam árvores e caçavam, pescavam com redes e lanças e não carregavam nenhum peso se houvesse uma mulher por perto. Ninguém reclamava de nada. Estas responsabilidades não eram uma escolha, não eram intercambiáveis, nem iguais. Ninguém pensava em poder, prestígio ou competição. Ninguém falava de papéis. Era assim que as coisas eram.
            Uma vez, naquele jeito que os estrangeiros têm de estragar as coisas, eu criei uma confusão, quando peguei a lança de 2,5m de um homem e fingi que ia lançá-la. Eles quase morreram de tanto rir. Se não tivessem encarado como uma piada, eu estaria em sérios apuros. As mulheres não têm que se meter com lanças. O poder delas não vinha de serem iguais aos homens, mas de serem mulheres. Os homens eram homens e as mulheres estavam felizes com isso. Elas compreendiam que era assim que as coisas foram arranjadas originalmente e gostavam que fosse assim.
            Tal perspectiva, entre outras coisas, convenceu-me de que este negócio civilizado de “papéis” é quase sempre, para ser bem sincera, uma luta por poder. Ao voltar para meu país e ouvir muitos diálogos sérios sobre os papéis da mulher nisto ou naquilo, eu percebi que “isto ou aquilo” nunca foi a respeito de pescar ou cultivar a terra, escrever um livro, dar à luz um bebê, mas sempre algo que tocava de algum modo nas questões de autoridade, poder, competição ou dinheiro e não no significado da sexualidade, um assunto mais vasto e importante. Na política, em grandes negócios, na educação superior, o feminismo é discutido com frequência. Mas a feminilidade? Nunca. Talvez não deva ser uma surpresa que uma educação secular mais elevada tenha, há muito tempo, descartado a imagem da feminilidade como totalmente irrelevante para qualquer coisa que realmente seja importante, mas é uma calamidade que a educação superior cristã siga o mesmo padrão. E isto é o que está acontecendo. Um pouco antes de morrer, Francis Schaeffer disse “Me diga o que o mundo está dizendo hoje e eu lhes direi o que a igreja estará dizendo daqui a sete anos.”
            É minha observação – e, deixe-me adicionar, minha experiência – que a educação cristã superior, andando alegremente no trem das guerreiras feministas, está disposta e ansiosa para tratar o assunto do feminismo, mas amordaça o termo feminilidade. Talvez considere o assunto trivial ou indigno de busca acadêmica. Talvez a razão verdadeira seja que sua premissa básica é o feminismo. Desse modo, simplesmente não pode suportar a feminilidade.
            A filosofia secular vem a nós diariamente com força terrível e precisamos da exortação de Paulo aos cristãos romanos. “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês.” (Romanos 12.2, NTLH). A filosofia feminista, que soa tão racional na superfície, é um veneno delicado e penetrante, infectando a mente dos cristãos e não cristãos. Fiquei impressionada ao encontrar em uma publicação acadêmica secular, o The Intercollegiate Review (de 1987), uma crítica ferrenha intitulada “A Barbárie do Programa Feminista”, na qual a autora, Carol Iononne, expôs a motivação política do feminismo, a supressão de dados no serviço da política feminista, a defesa especial e as contradições embutidas.
            A autora citou o processo que a Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego (Equal Employment Opportunity Comission) abriu contra a Sears, Roebuck and Company, a maior empresa empregadora de mulheres do país, com acusações de discriminação contra as mulheres por causa do elevado número de homens promovidos às comissões de vendas. Depois de onze anos ajuntando evidências para seu caso, a COIE não encontrou nem uma testemunha para afirmar que tinha sido vítima de discriminação. Pela primeira vez na história deste tipo de processo, a Sears resolveu contra-atacar, afirmando que não havia mulheres suficientes dispostas a aceitar o emprego de comissão, então, fatores diferentes de discriminação deveriam ser a explicação. Eles tentaram achar um perito na história das mulheres, mas uma mulher recusou trabalhar com eles, afirmando que jamais testemunharia contra a COEI, e um homem também o fez, com medo de perder suas credenciais de feminista. Apenas Rosalind Rosenberg, do Barnard College, concordou em testemunhar.
            Rosenberg argumentou baseada no fato do registro histórico: homens e mulheres têm interesses, objetivos e aspirações diferentes. As mulheres não estão tão interessadas em pneus, máquinas e revestimentos de alumínio quanto os homens. Rosenberg foi atacada não por causa do conteúdo de seu testemunho, mas simplesmente por testemunhar. Foi um “ato imoral” e ela foi chamada de traidora, etc.
            O fato de que uma pessoa ache necessário afirmar num tribunal que homens e mulheres tem interesses diferentes já mostra o quanto nós caímos no absurdo. Falar de diferenças verificadas cientificamente na estrutura do cérebro masculino e feminino ou diferenças endocrinológicas, as quais afetam o comportamento social de homens e mulheres, é correr riscos de sofrer acusações de machismo, chauvinismo, estupidez ou como no caso da Dr. Rosenberg, imoralidade.

Elizabeth Elliot


Fonte: Revive our hearts. Website: reviveourhearts.com. 
Traduzido com permissão. 
Título original:  The Essence of Femininity: A Personal Perspective

Tradução: Viviane Andrade


Elisabeth Elliot, nascida em 21 de dezembro de 1926, é uma escritora e palestrante cristã. Seu primeiro marido, Jim Elliot, foi morto no início de 1956, ao tentar fazer contato com os Auca (atualmente conhecidos como Waorani), no leste do Equador. Mais tarde ela viveu dois anos como missionária entre os membros da tribo que assassinou seu marido. 
É autora, entre outros livros, de Let Me Be a Woman, Keep a Quiet Heart, Secure in the Everlasting Arms, Passion and Purity e Faith That Does Not Falter.


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