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A figurinhas escondidas. por Bianca Bonassi Ribeiro

junho 27, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments



O principal objetivo desse artigo é apresentar ou relembrar que Deus é um excelente professor. Ele possui didática[1] fantástica e usa conexões entre nosso dia a dia e a Palavra D’Ele. Isso porque é um Deus criativo para ensinar como devemos viver e testemunhar Sua Glória. Portanto, minha oração é que eu e você vejamos a beleza dessas conexões diárias e aprendamos a descansar no caráter, soberania e poder de nosso Deus e Pai.
Há pouco mais de um mês, Luciano chegou em casa com dois álbuns de figurinhas da Copa do Mundo. Um para cada filho e assim, foi dado o pontapé inicial para eles entrarem no “clima Copa do Mundo”. Desde então, nossos filhos podem abrir um pacotinho de figurinhas por dia, de acordo com alguns “combinados” pré-estabelecidos.
No entanto, os meninos têm acesso visível apenas a 4 ou 6 pacotinhos,  quantidade suficiente para dois ou três dias. Esses pacotinhos de figurinhas ficam num armário. O restante dos pacotes o Luciano esconde, isso porque o pai quer que eles valorizem cada pacotinho diário. Se os meninos virem uma quantidade enorme de pacotes de figurinhas perde a graça.
Nesse projeto de pai e filhos, meu papel é de “bandeirinha”, fico nas laterais e vez ou outra apito na brincadeira. Porém, quando nossos filhos percebem que só resta um pacotinho para cada um desenvolvem um processo de ansiedade porque acham que não vão conseguir completar o álbum. Eles não sabem que existem pacotinhos escondidos. Um deles, mais ansioso fica a todo momento pedindo para o pai sair para comprar figurinhas na banca, apela para eu intervir junto ao pai e apresenta toda aquela preocupação se terão ou não figurinhas para o dia seguinte. Diante desse cenário tenso,  as respostas do pai (Luciano) são sempre as mesmas: “relaxa, amanhã vai ter figurinhas”; “não vou sair para comprar figurinhas agora”; “você está muito preocupado”.
A bandeirinha (eu) vendo a ansiedade deles falo: “você precisa aprender a confiar no seu pai, se ele disse que vai ter figurinha, é verdade”. Em momento algum, falamos que elas estavam escondidas. A brincadeira tornou-se um processo de aprendizagem para a vida. Nossos filhos precisam aprender a confiar e descansar na palavra do pai que foi o idealizador e líder do projeto: álbum de figurinhas Copa do Mundo. 
Na minha cabeça, eu fiquei pensando:
·         será que os meninos não conseguem perceber que o pai está mais interessado do que eles em ver o álbum completo? (Luciano curte figurinhas desde criança, já contou várias histórias para eles)
·         será que eles acreditam mesmo, que o pai daria algo que eles queriam (álbum) e não os ajudaria a completar?
·         Será que eu não tenho agido da mesma forma com o meu Pai, quando o assunto é finanças – provisão – sustento?
Essas perguntas me fizeram pensar na minha relação com meu Pai e me levaram à Palavra de Deus. Nosso país está em crise (espiritual, moral, política e econômica), as incertezas são muitas e nos últimos anos muitas mudanças. Nesse cenário, as “nuvens negras” atrapalham nossa visão e nos levam para longe da lógica de Deus. Por isso, devemos corrigir nosso foco de visão e aprendermos a confiar e descansar na Palavra do nosso Pai. Nesse raciocínio comecei a pensar sobre reação semelhante entre os Israelitas e Deus.
No passado distante, o povo de Israel foi liberto da escravidão do Egito de maneira poderosa. Deus enviou 10 pragas contra o Egito (nação poderosa e opressora) para demonstrar sua força e poder. Ele também preparou um líder para conduzi-los pelo caminho (Moisés), além de abrir o mar para que o povo atravessasse em segurança. Assim, deixou que os inimigos perseguidores morressem afogados e, quando finalmente o povo chegou ao deserto, Deus, mandou uma nuvem que durante o dia amenizava o calor e durante a noite iluminava e aquecia o povo (cf. Êxodo 1-15).  Mesmo assim, com todos esses sinais note o que o povo questionou, perceba a ansiedade dos Israelitas:
a) vocês [Deus, Moisés e Arão] nos trouxeram a este deserto para fazer morrer de fome toda esta comunidade? (Êx. 16.3b);
b) por que você nos tirou do Egito? Foi para matar de sede a nós, aos nossos filhos e aos nossos rebanhos? (Êx. 17.3b).
Ao que tudo indica, o povo de Israel estava realmente duvidando de que o Pai que deu início ao projeto: Liberdade da Escravidão, seria capaz de prover o básico (comida e água para humanos e animais). O povo estava ansioso se teria ou não provisão material. Mas o Pai, com sua didática infalível e muita paciência, providenciou o pão, mas o suficiente para um, no máximo dois dias. O restante Ele deixou escondido para que o povo aprendesse a confiar e descansar na Palavra do Líder e idealizador do projeto: Liberdade da Escravidão.
Disse, porém o Senhor a Moisés: Eu lhes farei chover o pão do céu. O povo sairá e recolherá diariamente a porção necessária para aquele dia. Com isso os porei à prova para ver se seguem ou não as minhas instruções. No sexto dia trarão para ser preparado o dobro do que recolhem nos outros dias (Êx. 16.4-5 – grifo meu).
O Idealizador do projeto, o Pai, tinha um objetivo para esconder a provisão futura. O Pai estava mais interessado em completar o projeto Liberdade da Escravidão do pecado da ansiedade, do que simplesmente providenciar comida e água. Talvez você pense, mas eu não vivo no deserto, moro na zona urbana e nunca vi chover pão do céu. Mas, saiba que o Idealizador e Pai continua o mesmo e ainda tem como foco completar o mesmo projeto na vida de cada um de seus filhos: Liberdade da Escravidão. Isso porque a Palavra de Deus diz: 
Pois tudo o que foi escrito no passado foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança (Rm. 15.4 – grifo meu).
Eu não sei em qual deserto você e sua família se encontram, mas eu sei em qual deserto eu e minha família nos encontramos. Se você é filho de Deus Pai, por meio do sacrifício de Jesus, na cruz, certamente você, assim como eu está em um deserto. Você de alguma forma tem sofrido com a crise de nosso país (espiritual, moral, política e econômica). Se você é filho de Deus Pai, o objetivo maior é completar o projeto: Liberdade da Escravidão do pecado, um deles é a ansiedade.
Toda essa didática de Deus Pai é para que nós descansemos nas instruções do Filho perfeito, que completou com êxito o projeto. O Filho perfeito (Jesus Cristo) nos ensina:
Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem. Vocês orem assim: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como temos perdoado aos nossos devedores. E não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém” (Mt. 6.8-13 – grifo meu).
Por fim, se a sua vida tem sido guiada pela comunhão diária na Palavra de Deus e um desejo sincero de viver de acordo com a vontade do Pai, certamente foi Ele quem o levou até o deserto em que você se encontra. Não precisamos ficar ansiosos se “nossos pacotinhos” estão acabando. Lembre-se ajustar o raciocínio em meio as “nuvens negras”, recorde as maravilhas que o Pai fez na sua vida, no passado e como Ele tem cuidado de cada detalhe também no presente. Esse exercício nos ajuda a confiar e descansar no Pai.
Senhor Deus e Pai, ajuda-nos a alegrar-nos com o pão nosso de cada dia, sem nos preocupar com a “chuva de amanhã”.
Sempre existem figurinhas escondidas!

Bianca Bonassi Ribeiro 



[1] Didática: arte de ensinar, de transmitir conhecimentos por meio do ensino. Conjunto de teorias e técnicas relativas à transmissão do conhecimento. (www.dicio.com.br)





Bianca é casada com Luciano. Eles têm dois filhos, o Pedro e o Vitor. Ela faz parte da equipe docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, desde 2007 e é membro da Primeira Igreja Batista de Atibaia.
Bianca é doutora em Comunicação e Semiótica, mestre em Administração e graduada em Administração de Empresas.

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Feminilidade

Quando ele não é o líder espiritual que você esperava. por Lara d’Entremont

junho 21, 2018 Mulher da Palavra 2 Comments




        Naquele dia, no altar, lá estava ele, lindo, alto, com um sorriso iluminando todo o seu rosto. Quando você subiu no altar e pegou a mão dele, todos os sonhos do casamento passaram diante dos seus olhos: os estudos bíblicos juntos à mesa de jantar com um café nas mãos, as discussões teológicas até tarde da noite, bilhetes de amor e recadinhos no espelho do banheiro e a condição de poder vir à ele com qualquer problema, sabendo que ele responderia com amor e sabedoria.
        Talvez esta seja a realidade da lua de mel e até mesmo um tempo depois. Até que um dia ele perde a paciência numa discussão. E o emprego dele faz com que ele tenha que sair antes de vocês lerem a Bíblia juntos. E ele prefere ficar no celular do que discutir teologia com você. Além disso, você nunca recebe aqueles bilhetinhos que tanto queria.
        Enquanto nossas expectativas e sonhos são lentamente feitos em pedacinhos e jogados ao vento, podemos nos sentir desencorajadas, iradas, sem esperança, amargas e feridas. O que fazer com tais sentimentos? Como trazer de volta o amor que tínhamos no altar?

AVALIANDO AS EXPECTATIVAS
O Seu Marido Não É Cristo

        Os romances cristãos e os livros sobre casamento que lemos muitas vezes podem nos colocar estas expectativas. Eles contam histórias de homens que eram grandes líderes espirituais em seus lares e guiaram suas esposas à santidade através de longas caminhadas na praia, lava-pés, estudos bíblicos e cartas de amor encorajadoras. Embora seja um desejo correto que seu marido seja um líder espiritual, eu acho que às vezes nós esquecemos que casamos com um pecador. Ele não vai liderá-la com perfeição, nem amá-la perfeitamente ou cuidar de você perfeitamente. Ele é um pecador e inevitavelmente vai pecar.
        Embora seu marido seja chamado para amar você como Cristo amou a Igreja, ele nunca o fará perfeitamente. Felizmente, Cristo já o fez. Cristo ama você perfeitamente, a ponto de morrer por seus pecados (Jo. 3.16). Ele não desaponta você, nem jamais o fará. Ele lhe levará à santidade de modo muito melhor que seu marido, pois Ele lhe santificará até que você seja uma obra completa (Fl. 1.6). E em nada disso Cristo mudará, uma vez que Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre (Hb. 13.8).
        Não estou pedindo que espere o pior de seu marido. Mas lembre-se que ele não é seu salvador. Antes de considerar todas as maneiras nas quais ele falhou, lembre-se que ele é um pecador, igual a você, que precisa do Salvador para santifica-lo. Quando você começar a ver seu marido desta forma, será mais fácil mostrar graça.

O Seu Marido Não É O Marido Dela

        Outra tentação que podemos encarar é comparar nossos maridos com o marido de outra mulher. Por que ele não é igual ao marido da minha irmã? – olha como ele trata bem a ela e aos filhos. Ou por que ele não parece com o marido da minha amiga, que passa mais de uma hora por dia com a Palavra de Deus e está sempre ensinando a Eles o que está aprendendo?
        O meu marido não tem muito tempo. Ele sai pro trabalho bem cedo, onde trabalha por longas horas. E ele tem um trabalho que exige dele fisicamente, então, quando chega em casa, ele está cansado. E não só isso, ele passa todas as noites livres reformando a casa para prepará-la para o bebê.
        Se eu comparar o tempo de estudo bíblico do meu marido com o tempo de leitura do pastor (cujo trabalho principal é estudar a Bíblia e ler livros para ensinar à nossa igreja), eu vou acabar pensando que meu marido não está fazendo tudo que deveria. Mas eu não posso colocar nele as mesmas expectativas, porque ele não tem a mesma tarefa que meu pastor tem.
        Entretanto, meu marido tem mais tempo para ouvir. Por esta razão, investimos dinheiro em áudio-livros e fones decentes para que ele possa aprender mais sobre Deus e Sua Palavra enquanto trabalha ou dirige. Também arrumamos tempo em nossas noites para passarmos de trinta a sessenta minutos lendo a Bíblia juntos. Isto é algo que meu marido pode e gosta de fazer.
        Eu quero encorajá-la a parar de comparar seu marido a todos os outros homens ao seu redor e começar a olhar para os seus pontos fortes e as coisas boas que ele faz. E então encoraje-o a continuar fazendo tais coisas.

5 MANEIRAS PRÁTICAS DE ENCORAJAR O SEU MARIDO NA FÉ

  1.   Ore por ele.
Lembre-se de orar por seu marido diariamente. Peça a Deus para fortalecê-lo nas áreas da vida em que ele é fraco. Peça a Deus para que ele tenha o desejo de estar na Palavra. Ore para que seu marido lute para glorificar a Deus em tudo que ele faz. Também agradeça a Deus pelas muitas maneiras com que ele a abençoa.

  2.  Compartilhe o que está aprendendo.
Se você tem mais tempo para estudar, ler e ouvir do que o seu marido, então aproveite a oportunidade para compartilhar o que está aprendendo. Na minha vida, estas muitas vezes se tornam oportunidades para termos conversas bem edificantes juntos.

  3.  Encoraje-o e admoeste-o.
Precisa haver equilíbrio entre este dois. Precisamos encorajar nossos maridos quando estão indo bem, mas gentilmente corrigi-los quando não estão obedecendo a Deus.

 4.  Dê a ele oportunidade para aprender e ter comunhão com outros homens.
Minha tentação é quer ter cada momento que meu marido tem em casa para mim. Entretanto, eu sei que assim como eu preciso de tempo com outras mulheres para crescer, ele também precisa de tempo com outros homens. Encoraje-o a passar tempo com homens maduros da igreja.

  5.   Peça a ele para orar ou ler a Bíblia com você.
Nós podemos dar dicas discretas, mas nossos maridos muitas vezes não entendem (nossos maridos não leem mentes). Ao invés de esperar por ele para querer orar e ler a Bíblia, experimente pedir primeiro e amorosamente explicar o quanto isto é importante para você.
Pode ser desencorajador e doloroso às vezes quando nossos maridos não são os líderes espirituais que esperávamos e orávamos. Mas ao invés de permitir que o desânimo torne-se desespero e a dor se torne amargura, primeiro volte-se para Cristo, lembrando que ele apenas é o líder espiritual perfeito. E então busque avaliar suas expectativas acerca do seu marido e encontre maneiras pelas quais possa encorajar seu crescimento na fé. 

Lara d’Entremont


Fonte: Revive our hearts. Website: reviveourhearts.com. 

Traduzido com permissão. 
Título original:  When He’s Not the Spiritual Leader You Expected
Tradução: Viviane Andrade



Lara d'Entremont é uma conselheira bíblica em treinamento, e seu desejo é ensinar as mulheres a se voltarem para a Palavra de Deus no meio da sua vida diária e sofrendo para encontrar as respostas de que precisam. Ela quer ensinar as mulheres a amar a Deus com suas mentes e corações. Lara é casada com Daniel e eles moram na Nova Escócia, no Canadá.

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Livros

Braços quebrados e corações partidos. por Glória Furman

junho 14, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments



Quando você ouve me dizer que nós não deveríamos depositar nossa esperança em situações terrenas, mas deveríamos depositar nossa confiança em Cristo somente, isso vem de um coração que se partiu por confiar em coisas que não satisfazem.
Quando eu estava gravida da nossa primeira filha, meu marido perdeu a maior parte das funções em ambos os braços por causa de uma doença genética dos nervos. Ele estava digitando em uma aula do seminário quando seus dedos começaram a formigar. O formigamento logo se transformou em dor. Ele começou a perder a motricidade fina, tal como abotoar a camisa, fazer barba, etc. Estávamos desolados com o fato de meu marido estar com dor constante. Na época em que o bebe nasceu, a dor se alastrou ate o cotovelo. Antes do primeiro aniversario da nossa filha seu outro braço foi atingido também. Enquanto isto, estávamos procurando qualquer solução física disponível a nós naquele momento.
Pessoalmente eu estava otimista, tomei cada comentário positivo que fizerem como garantia de Deus. Acho que estava muito esperançosa de que a medicina moderna tinha uma solução para nós [...] no entanto não demorou muito para que a depressão caísse sobre a minha família como um deslizamento de terra.
Meu marido tinha acabado de passar por uma cirurgia bem-sucedida em ambos os cotovelos para liberar os nervos comprimidos e estava se recuperando muito bem. Estávamos em êxtase com o fato de que, finalmente, ele poderia começar a melhorar fisicamente e ser curado de uma vez por todas. Naquele verão, estávamos prontos para nos mudar para o exterior e começar o trabalho de implantação de igrejas, de modo que vendemos todas as nossas coisas (exceto nosso livros), fizemos algumas malas de roupas e organizamos os preparativos para irmos ao ameno deserto da Península Arábica.
Uma vez aqui, tudo estava indo conforme o esperado com a fisioterapia, ajustes de cultura e todos os outros desafios que sabíamos ter de enfrentar. O que não esperávamos era que a condição física do meu marido se deteriorasse ainda mais. Por algum motivo que desconhecemos, dentro do período de uma semana após dirigir intensamente, em um estacionamento lotado, a dor ardente, lancinante, estava de volta em seus braços. A dor não estava aumentando gradativamente como antes – desta vez estava de volta mais agressiva do que nunca.

Deus, onde o Senhor está?

Não consigo sequer começar a descrever como essa experiência foi alarmante. Nossa filha mais velha tinha, então, dezoito meses de idade e começou a ter pesadelos que a arremessavam para fora de se seu colchão, que ficava no chão. Eu a segurava enquanto ela se jogava, se virava e se esforçava para dormir. Estava grávida de nossa segunda filha e comecei a sentir fadiga extrema, que durou todo o segundo e terceiro trimestre. Tudo isso estava acontecendo em meio ao estresse da transição de culturas e da tentativa de aprender a viver em meio a uma nova língua. Quando acordávamos pela manhã, orávamos par ao dia passar rapidamente, e, quando vinham as noites, eu assistia meu marido insone andar de um lado para o outro, em dor agonizante, enquanto eu, deitada na cama, enjoada, orava para que a manhã surgisse logo.
Em momento de clareza espiritual, no meio daquele deserto, cantava mentalmente, repetidas vezes, estes versos de um hino querido:

Minha esperança está em nada menos
Do que no sangue e na justiça de Jesus [...]

Foi a esperança do Evangelho, e o Evangelho somente, que nos sustentou durante esse tempo. E é a esperança do Evangelho que nos sustenta até hoje. Nossa situação física se aliviou um pouco; assim como, tendo morado neste país por vários anos, já aprendemos a viver muito bem. Mas meu marido ainda sente dor. Esse testemunho da fidelidade de Deus não tem um arco de fita bem amarrado como os dizeres “e nós todos vivemos felizes para sempre, e Deus respondeu às minhas orações do jeito que eu pensei que ele faria”.
Mas de cinco anos depois, ainda sou a única cuidadora física de nossos três filhos. Em alguns momentos, ao longo destes últimos cinco anos, também fui a cuidadora física do meu marido. Às vezes, quando suas dores nos nervos pioram, ou quando ele está se recuperando de uma cirurgia, preciso ajuda-lo a tomar banho e vestir-se, abrir as portas para ele, alimentá-lo, leva-lo às reuniões e busca-lo delas, escovar os dentes passar fio dental, pegar os seus livros, tomar notas ou digitar e puxar para trás os lençóis da cama para que ele possa se deitar. Em uma ocasião, entrei no banheiro e o encontrei estirado no chão, com um galo na parte de trás da cabeça. Ele tinha tropeçado ao sair do chuveiro e bateu com a cabeça, porque não teve força nos braços para se segurar. Ele já havia caído pelas escadas antes. Aquelas de nós que têm braços saudáveis sabemos o quanto os usamos para manter nosso equilíbrio.
Posso ver a graça de Deus agindo em minha vida em meio a tudo isso. Durante vários anos, senti um medo sufocante de que Dave iria morrer em um acidente que poderia ser evitado se seus braços fossem fortes. Essa ainda é uma possibilidade, todavia, com o tempo, a graça de Deus tem me ensinado a não viver com medo do desconhecido. Morrer para mim mesma e servir meu marido também tem sido difícil, mas pela graça de Deus, agora, quando Dave me pede para ajuda-lo com alguma coisa, minha primeira reação não é cerrar, sem perceber, minha mandíbula para tentar sufocar as lágrimas amargas contra o muito que Deus nos deu. E sei que sua graça é suficiente para mim quando luto para servir.
Durante essas épocas que são particularmente difíceis para nós, nosso cotidiano é pontuado por um bebê chorando ou uma criança fazendo manha. É nesse momento que tenho que cantar em voz alta aqueles versos do meu hino favorito!

Glória Furman. 

Extraído do livro: Vislumbres da graça. p. 171-175.
Publicado com permissão.


Para saber mais sobre o livro click aqui.











Gloria Furman é esposa, mãe, trabalhadora trans-cultural e autora dos livros "Vislumbres da Graça", "Sem Tempo para Deus" e "A Esposa de Pastor" (todos pela Editora Fiel).


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Feminilidade

A mulher, sua definição e papel. por Vanda Santos

junho 08, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments





A mulher é um ser humano em essência, criada por Deus da costela de Adão. Ela é diferente do homem, embora sua essência seja a mesma, e foi criada para ser a companheira que completaria o homem e com ele geraria outras vidas para a expansão da humanidade.
Em Gn 1.27(ARA) lemos que “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou.” E em Gn.2.7(ARA), “Então, formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Deus, ao criar o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, deu a eles o fôlego da vida, e neste ponto são iguais diante de Deus.
O homem e a mulher possuem características biológicas, sociais e emocionais diferentes. As estruturas físicas de ambos são distintas, como Kassian e DeMoss expõem:

O corpo da mulher é muito mais eficiente no armazenamento de energia (gordura), para que ela tenha reservas quando ficar grávida ou estiver amamentando. (...) O cérebro masculino é maior que o feminino, contudo as mulheres têm quatro vezes mais neurônios conectando os lados direito e esquerdo. (..) O corpo feminino produz grande quantidade do hormônio ocitocina [ou oxitocina], que desenvolve apego e afiliação e enfatiza o instinto materno. (...) o corpo feminino é estruturado de tal forma que é a mulher quem recebe, aconchega, e tem habilidade para acolher e nutrir.[1]

A mulher é a obra prima da criação de Deus para completar a vida do homem. Piper e Grudem expõem sobre a tendência atual de se igualar os sexos:

A tendência atual é enfatizar a igualdade dos homens e das mulheres, minimizando o singular significado da masculinidade e da feminilidade. Mas esta depreciação da masculinidade e da feminilidade é uma grande perda. Tem custado caro a gerações de jovens homens e mulheres que não sabem o que significa ser homem e ser mulher.

O Dr. Luiz Cuschnir, Psiquiatra e Psicoterapeuta do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas – SP, ao dar uma entrevista para a Rádio Jovem Pan e ser perguntado sobre como a mulher acha sua verdadeira identidade, ele deixa claro a diferença: ou a “pessoa nasce homem ou mulher”, o que a ideologia de gênero quer ignorar. Ele acrescenta:

A mulher na sociedade hoje é sofrida e exigida por todos os lados, no seu papel como mãe, esposa e no seu lado profissional. A mulher tem uma exigência de ter uma performance perante o mundo. Hoje ela estuda, batalha em busca de conquistas e muitas vezes esquece-se de seus relacionamentos, sua família, sua saúde. Isto veio após os anos 60 com a luta da sobrevivência num novo mundo, com novas ideias propostas pelo feminismo. Tudo isto veio trazer grande confusão, elas não se veem mais somente dentro de casa e precisam sair e ir para o mundo trabalhar, e quando ela está lá ela olha para traz e vê que está faltando algo, como o cuidado com os seus.[2]

Em outra entrevista ele ainda comenta sobre o assunto quando lhe é perguntado: O que é ser Mulher? Ele responde dizendo que “a fórmula é se enxergar, é olhar para dentro e verificar os detalhes. A busca da essência do Eu, do feminino dentro de si”. Considera que “a mulher se dispersou um pouco da sua essência, da sua forma e vive muito mais em função do que o mundo diz a seu respeito, do que em função do que ela é.” Ele comenta que o grande drama da mulher de hoje é ser mãe e ter que trabalhar fora de casa e cuidar de todas as tarefas que a sociedade exige, incluindo o cuidar dos relacionamentos; sem o cuidado do seu emocional ela acaba se 6CUSCHIR,
perdendo como pessoa devido ao stress que todo este ritmo exige. Conclui que “o principal desafio da mulher é ela se manter quem ela é, feminina”.[3]
Mesmo uma pessoa que não é cristã pode enxergar muitos pontos da vida da mulher que ela mesma não compreende e, muitas vezes, não sabe lidar. Este psicoterapeuta demonstrou muito bem as lutas que as mulheres enfrentam, sendo elas cristãs ou não.

O PAPEL DA MULHER NA COSMOVISÃO CRISTÃ

O papel da mulher, em se tratando do casamento ou em relação ao homem, logo no começo (na criação) foi definido por Deus, como podemos ver em Gn 2.18(ARA): “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” A mulher recebe a vocação de ser a “auxiliadora idônea” de alguém “correspondente” (não inferior, mas da mesma essência). A diferença que existe entre o homem e a mulher, além da biológica e fisiológica, está na questão das funções de cada um, porém, diante de Deus, ambos têm o mesmo valor. Piper e Grudem expõem:

Conforme Deus determinou, o homem, em virtude de sua masculinidade, é chamado para liderar; e a mulher, em virtude de sua feminilidade, é chamada para ajudar. Isto é um insulto ou uma ameaça às mulheres? De modo algum, porque Eva era igual a Adão, no único sentido em que a igualdade é significativa. A mulher é tão dotada quanto o homem, ‘com atributos necessários para a aquisição da sabedoria, justiça e vida’[4]
A mulher na cosmovisão Cristã é valorizada quando está sob a autoridade do homem em submissão voluntária em amor e respeitosamente, pois o marido é o cabeça da mulher. Esta sujeição é prestada como ao Senhor, assim como a igreja é submissa ao Cristo que é o cabeça da igreja. Ef 5.22-24(ARA) Nesta posição ela ganha seu lugar de honra, respeito e segurança.
Diferentemente de pontos de vista progressistas, os papeis que as mulheres podem desempenhar são muitos, porém,

Se alguém aceita a inerrância e a exatidão histórica da Escritura e interpreta corretamente 1 Timóteo 2:9-15, então todas as porções do Novo Testamento que falam sobre o papel da mulher na assembleia local se encaixará no seu devido lugar. Por exemplo, alguém compreenderá o que Paulo tencionava quando ele ordenou que as mulheres "permanecessem em silêncio" na igreja local (1Co 14:33-34). Alguém também compreenderá por que a natureza proscrita das Epístolas pastorais declara que um pastor/bispo/ancião tem que ser "o marido de uma só mulher (1Ti 3:2). O leitor das Epístolas Pastorais tem que entender que Paulo está dando uma direta e divina revelação concernente aos papéis e comportamentos de homens e mulheres na igreja local, e ambos, mulheres e homens possuem certos ministérios e responsabilidades para preencher.[5]


[1] KASSIAN, Mary A. e DEMOSS, Nancy Leigh. “Mulher sua verdadeira feminilidade”. Design Divino. Shedd Publicações. 2015.  
[2] CUSCHIR, Luiz. “Principais divergências entre Homens e Mulheres” Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=gUkqi5z9bxc >Acesso em: 27 dez. 2017  
[3] CUSCHIR, Luiz. “O que é ser mulher hoje?”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eQU3Ev0xr0U> Acesso em: 27 dez. 2017.  
[4] PIPER, John, GRUDEM, Wayne. “Homem e Mulher”. Seu papel bíblico no lar, na igreja e na sociedade. São Paulo. Editora Fiel. 1996  
[5] COSTELA, Matt. “O Papel das mulheres na igreja Local” Disponível em: <http://solascriptura-tt.org/EclesiologiaEBatistas/PapelMulherNaIgrejaLocal-MCostella.htm>Acesso em: 11 jan. 2018.  



Vanda Pires de Sant' Anna Santos, formada em Teologia pelo Seminário Batista Logus em SP, trabalha há 10 anos no departamento de vendas da Editora Fiel,  membro da Igreja Batista da Graça, onde atuou por vários anos como lider da União Feminina Missionária e Professora no Clube OANSE, para crianças. Casada  há 33 anos com Valdir Santos, Pastor e Ministro de Música, mãe de 3 filhos, Sara Carolina, 32, casada, Jônatas, 29, casado, Allan, 25, solteiro, e avó do Vitor, de 2 anos.

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