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A figurinhas escondidas. por Bianca Bonassi Ribeiro
O principal
objetivo desse artigo é apresentar ou relembrar que Deus é um excelente
professor. Ele possui didática[1]
fantástica e usa conexões entre nosso dia a dia e a Palavra D’Ele. Isso porque
é um Deus criativo para ensinar como devemos viver e testemunhar Sua Glória.
Portanto, minha oração é que eu e você vejamos a beleza dessas conexões diárias
e aprendamos a descansar no caráter, soberania e poder de nosso Deus e Pai.
Há pouco mais
de um mês, Luciano chegou em casa com dois álbuns de figurinhas da Copa do
Mundo. Um para cada filho e assim, foi dado o pontapé inicial para eles
entrarem no “clima Copa do Mundo”. Desde então, nossos filhos podem abrir um
pacotinho de figurinhas por dia, de acordo com alguns “combinados”
pré-estabelecidos.
No entanto,
os meninos têm acesso visível apenas a 4 ou 6 pacotinhos, quantidade suficiente para dois ou três dias.
Esses pacotinhos de figurinhas ficam num armário. O restante dos pacotes o
Luciano esconde, isso porque o pai quer que eles valorizem cada pacotinho
diário. Se os meninos virem uma quantidade enorme de pacotes de figurinhas
perde a graça.
Nesse projeto
de pai e filhos, meu papel é de “bandeirinha”, fico nas laterais e vez ou outra
apito na brincadeira. Porém, quando nossos filhos percebem que só resta um
pacotinho para cada um desenvolvem um processo de ansiedade porque acham que
não vão conseguir completar o álbum. Eles não sabem que existem pacotinhos
escondidos. Um deles, mais ansioso fica a todo momento pedindo para o pai sair
para comprar figurinhas na banca, apela para eu intervir junto ao pai e apresenta
toda aquela preocupação se terão ou não figurinhas para o dia seguinte. Diante
desse cenário tenso, as respostas do pai
(Luciano) são sempre as mesmas: “relaxa, amanhã vai ter figurinhas”; “não vou
sair para comprar figurinhas agora”; “você está muito preocupado”.
A
bandeirinha (eu) vendo a ansiedade deles falo: “você precisa aprender a confiar
no seu pai, se ele disse que vai ter figurinha, é verdade”. Em momento algum,
falamos que elas estavam escondidas. A brincadeira tornou-se um processo de
aprendizagem para a vida. Nossos filhos precisam aprender a confiar e descansar
na palavra do pai que foi o idealizador e líder do projeto: álbum de figurinhas
Copa do Mundo.
Na minha
cabeça, eu fiquei pensando:
·
será que os meninos não
conseguem perceber que o pai está mais interessado do que eles em ver o álbum
completo?
(Luciano curte figurinhas desde criança, já contou várias histórias para eles)
·
será que eles acreditam
mesmo, que o pai daria algo que eles queriam (álbum) e não os ajudaria a
completar?
·
Será que eu não tenho
agido da mesma forma com o meu Pai, quando o assunto é finanças – provisão –
sustento?
Essas
perguntas me fizeram pensar na minha relação com meu Pai e me levaram à Palavra
de Deus. Nosso país está em crise (espiritual, moral, política e econômica), as
incertezas são muitas e nos últimos anos muitas mudanças. Nesse cenário, as
“nuvens negras” atrapalham nossa visão e nos levam para longe da lógica de
Deus. Por isso, devemos corrigir nosso foco de visão e aprendermos a confiar e
descansar na Palavra do nosso Pai. Nesse raciocínio comecei a pensar sobre
reação semelhante entre os Israelitas e Deus.
No passado
distante, o povo de Israel foi liberto da escravidão do Egito de maneira
poderosa. Deus enviou 10 pragas contra o Egito (nação poderosa e opressora)
para demonstrar sua força e poder. Ele também preparou um líder para conduzi-los
pelo caminho (Moisés), além de abrir o mar para que o povo atravessasse em
segurança. Assim, deixou que os inimigos perseguidores morressem afogados e,
quando finalmente o povo chegou ao deserto, Deus, mandou uma nuvem que durante
o dia amenizava o calor e durante a noite iluminava e aquecia o povo (cf. Êxodo
1-15). Mesmo assim, com todos esses
sinais note o que o povo questionou, perceba a ansiedade dos Israelitas:
a) vocês [Deus, Moisés e Arão] nos trouxeram a este deserto para fazer
morrer de fome toda esta comunidade? (Êx. 16.3b);
b) por que você nos tirou do Egito? Foi para
matar de sede a nós, aos nossos filhos e aos nossos rebanhos? (Êx. 17.3b).
Ao que tudo
indica, o povo de Israel estava realmente duvidando de que o Pai que deu início
ao projeto: Liberdade da Escravidão, seria capaz de prover o básico (comida e
água para humanos e animais). O povo estava ansioso se teria ou não provisão
material. Mas o Pai, com sua didática infalível e muita paciência, providenciou
o pão, mas o suficiente para um, no máximo dois dias. O restante Ele deixou
escondido para que o povo aprendesse a confiar e descansar na Palavra do Líder
e idealizador do projeto: Liberdade da Escravidão.
Disse, porém o Senhor a
Moisés: Eu lhes farei chover o pão do céu. O povo sairá e recolherá diariamente a porção necessária para aquele dia. Com isso os
porei à prova para ver se seguem
ou não as minhas instruções. No
sexto dia trarão para ser preparado o dobro do que recolhem nos outros dias
(Êx. 16.4-5 – grifo meu).
O
Idealizador do projeto, o Pai, tinha um objetivo para esconder a provisão
futura. O Pai estava mais interessado em completar o projeto Liberdade da
Escravidão do pecado da ansiedade, do que simplesmente providenciar comida e
água. Talvez você pense, mas eu não vivo no deserto, moro na zona urbana e
nunca vi chover pão do céu. Mas, saiba que o Idealizador e Pai continua o mesmo
e ainda tem como foco completar o mesmo projeto na vida de cada um de seus
filhos: Liberdade da Escravidão. Isso porque a Palavra de Deus diz:
Pois tudo o que foi
escrito no passado foi escrito para nos
ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes
das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança (Rm. 15.4 – grifo meu).
Eu não sei
em qual deserto você e sua família se encontram, mas eu sei em qual deserto eu
e minha família nos encontramos. Se você é filho de Deus Pai, por meio do
sacrifício de Jesus, na cruz, certamente você, assim como eu está em um
deserto. Você de alguma forma tem sofrido com a crise de nosso país
(espiritual, moral, política e econômica). Se você é filho de Deus Pai, o
objetivo maior é completar o projeto: Liberdade da Escravidão do pecado, um
deles é a ansiedade.
Toda essa
didática de Deus Pai é para que nós descansemos nas instruções do Filho
perfeito, que completou com êxito o projeto. O Filho perfeito (Jesus Cristo) nos
ensina:
Não sejam iguais a eles, porque o seu
Pai sabe do que vocês precisam,
antes mesmo de o pedirem. Vocês orem assim: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado
seja o teu nome. Venha o teu reino; seja
feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como temos perdoado aos nossos devedores. E não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para
sempre. Amém” (Mt. 6.8-13 – grifo meu).
Por fim, se
a sua vida tem sido guiada pela comunhão diária na Palavra de Deus e um desejo
sincero de viver de acordo com a vontade do Pai, certamente foi Ele quem o
levou até o deserto em que você se encontra. Não precisamos ficar ansiosos se
“nossos pacotinhos” estão acabando. Lembre-se ajustar o raciocínio em meio as
“nuvens negras”, recorde as maravilhas que o Pai fez na sua vida, no passado e
como Ele tem cuidado de cada detalhe também no presente. Esse exercício nos
ajuda a confiar e descansar no Pai.
Senhor Deus
e Pai, ajuda-nos a alegrar-nos com o pão nosso de cada dia, sem nos preocupar
com a “chuva de amanhã”.
Sempre existem figurinhas
escondidas!
Bianca Bonassi Ribeiro
[1]
Didática: arte de ensinar, de transmitir conhecimentos por meio do ensino.
Conjunto de teorias e técnicas relativas à transmissão do conhecimento. (www.dicio.com.br)
Bianca é casada com Luciano. Eles têm dois filhos, o Pedro e o Vitor. Ela faz parte da equipe docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP, desde 2007 e é membro da Primeira Igreja Batista de Atibaia.
Bianca é doutora em Comunicação e Semiótica, mestre em Administração e graduada em Administração de Empresas.
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