Feminilidade,
A Essência da Feminilidade - PARTE I. por Elizabeth Elliot
As feministas são dedicadas à
premissa de que a diferença entre homens e mulheres é uma mera questão
biológica. O resto de nós reconhece uma realidade bem mais profunda, que nos
coloca num plano totalmente diferente de meras distinções anatômicas. Tal diferença
é insondável e indefinível, embora homens e mulheres tenham tentado, sem
cessar, sondá-la e defini-la. Ela é inevitável e inegável; mesmo assim, nas
últimas décadas, esforços bem-intencionados têm sido feitos em nome da
decência, igualdade e justiça, pelo menos para evitá-la e, quando possível,
negá-la. Eu me refiro, é claro, à feminilidade – uma realidade do design divino
e da criação de Deus, Seu dom para mim e para todas as mulheres – e, de um modo
bem diferente, Seu dom para os homens também. Se nós realmente compreendêssemos
o que é de fato a feminilidade, talvez a questão dos papéis se resolvesse sozinha.
O que eu tenho a dizer não é validado por eu ter um diploma ou uma posição numa
faculdade ou na administração de uma instituição de aprendizado de ensino
superior. Nem pelas minhas inclinações genéticas ou temperamento. Pelo
contrário, é o que eu vejo como o arranjo do universo e da total harmonia e tom
das Escrituras. Este arranjo é uma ordem hierárquica gloriosa de esplendor
gradual, começando com a Trindade, descendo através dos serafins, querubins,
arcanjos, anjos, homens e todas as criaturas menores, uma dança universal,
coreografada para a perfeição e realização de
cada participante.
Durante
anos, eu observei com descontentamento crescente, até mesmo angústia, o que tem
acontecido com nosso sistema educacional, nossas igrejas, nossos lares e mesmo
os níveis mais profundos da personalidade, como resultado de um movimento
chamado feminismo, um movimento que confere grande consideração à qualidade de
ser uma pessoa, mas muito pouco à qualidade de ser uma mulher, e quase nenhuma
atenção à qualidade de ser feminina. Termos como “ser um homem” e masculinidade
foram eliminados de nosso vocabulário e nós fomos ensinados, sem nenhuma
hesitação, a esquecer tais coisas, que não são nada mais que aspectos da
Biologia e a nos concentrarmos no que significa ser “pessoas”.
Através dos
milênios da história humana, até as duas últimas décadas, mais ou menos, as
pessoas davam como certas que as diferenças entre homens e mulheres eram tão
óbvias que nem havia necessidade de pontuá-las. Eles aceitavam as coisas como
eram. Mas nossas conclusões serenas têm sido atacadas e confundidas e perdemos
nossos suportes num nevoeiro de retórica de uma
coisa chamada igualdade, de modo que me encontro na posição desconfortável e
cansativa de ter que explicar a pessoas de certo
nível de instrução o que um dia foi perfeitamente óbvio para a mais simples das
pessoas.
Deixe-me
fazer uma confissão. Quase tudo que constitui um ponto polêmico na vida
americana moderna é visto por mim a partir do vantajoso ponto dos mais simples, da cultura da Idade da Pedra, na qual eu já vivi. “Por
que tanta confusão? Como explico para eles?” Esta perspectiva exótica, de certo
modo, lança uma luz mais clara sobre os temas básicos que me ajudam a avaliar
estes problemas.
Por anos eu
vivi com índios numa selva da América do Sul, que expressavam sua masculinidade
e feminilidade de várias maneiras, que não fingiam que era possível
negligenciar tais diferenças e onde não havia discussão sobre papéis. A
feminilidade da mulher era uma profunda consciência de para que ela foi criada.
Tal ideia era expressa em tudo que ela fazia de modo diferente dos homens,
desde o penteado e roupas (se ela usasse alguma), até a maneira como sentava e
o trabalho que fazia. Qualquer criança sabia que as mulheres teciam redes,
faziam potes e pegavam peixes com suas próprias mãos. Também que elas limpavam
o matagal, plantavam e carregavam os fardos mais pesados. Já os homens cortavam
árvores e caçavam, pescavam com redes e lanças e não carregavam nenhum peso se
houvesse uma mulher por perto. Ninguém reclamava de nada. Estas
responsabilidades não eram uma escolha, não eram intercambiáveis, nem iguais. Ninguém
pensava em poder, prestígio ou competição. Ninguém falava de papéis. Era assim
que as coisas eram.
Uma vez,
naquele jeito que os estrangeiros têm de estragar as coisas, eu criei uma
confusão, quando peguei a lança de 2,5m de um homem e fingi que ia lançá-la.
Eles quase morreram de tanto rir. Se não tivessem encarado como uma piada, eu
estaria em sérios apuros. As mulheres não têm que se meter com lanças. O poder
delas não vinha de serem iguais aos homens, mas de serem mulheres. Os homens
eram homens e as mulheres estavam felizes com isso. Elas compreendiam que era
assim que as coisas foram arranjadas originalmente e gostavam que fosse assim.
Tal
perspectiva, entre outras coisas, convenceu-me de que este negócio civilizado
de “papéis” é quase sempre, para ser bem sincera, uma luta por poder. Ao voltar
para meu país e ouvir muitos diálogos sérios sobre os papéis da mulher nisto ou
naquilo, eu percebi que “isto ou aquilo” nunca foi a respeito de pescar ou
cultivar a terra, escrever um livro, dar à luz um bebê, mas sempre algo que
tocava de algum modo nas questões de autoridade, poder, competição ou dinheiro e
não no significado da sexualidade, um assunto mais vasto e importante. Na
política, em grandes negócios, na educação superior, o feminismo é discutido
com frequência. Mas a feminilidade? Nunca. Talvez não deva ser uma surpresa que
uma educação secular mais elevada tenha, há muito tempo, descartado a imagem da
feminilidade como totalmente irrelevante para qualquer coisa que realmente seja
importante, mas é uma calamidade que a educação superior cristã siga o mesmo
padrão. E isto é o que está acontecendo. Um pouco antes de morrer, Francis
Schaeffer disse “Me diga o que o mundo está dizendo hoje e eu lhes direi o que
a igreja estará dizendo daqui a sete anos.”
É minha
observação – e, deixe-me adicionar, minha experiência – que a educação cristã
superior, andando alegremente no trem das guerreiras feministas, está disposta
e ansiosa para tratar o assunto do feminismo, mas amordaça o termo
feminilidade. Talvez considere o assunto trivial ou indigno de busca acadêmica.
Talvez a razão verdadeira seja que sua premissa básica é o feminismo. Desse
modo, simplesmente não pode suportar a feminilidade.
A filosofia
secular vem a nós diariamente com força terrível e precisamos da exortação de
Paulo aos cristãos romanos. “Não vivam como vivem as
pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa
mudança da mente de vocês.” (Romanos 12.2, NTLH). A filosofia feminista, que
soa tão racional na superfície, é um veneno delicado e penetrante, infectando a
mente dos cristãos e não cristãos. Fiquei impressionada ao encontrar em uma
publicação acadêmica secular, o The
Intercollegiate Review (de 1987), uma crítica ferrenha intitulada “A
Barbárie do Programa Feminista”, na qual a autora, Carol Iononne, expôs a
motivação política do feminismo, a supressão de dados no serviço da política
feminista, a defesa especial e as contradições embutidas.
A autora citou o
processo que a Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego (Equal Employment
Opportunity Comission) abriu contra a Sears, Roebuck and Company, a maior
empresa empregadora de mulheres do país, com acusações de discriminação contra
as mulheres por causa do elevado número de homens promovidos às comissões de
vendas. Depois de onze anos ajuntando evidências para seu caso, a COIE não
encontrou nem uma testemunha para afirmar que tinha sido vítima de
discriminação. Pela primeira vez na história deste tipo de processo, a Sears
resolveu contra-atacar, afirmando que não havia mulheres suficientes dispostas
a aceitar o emprego de comissão, então, fatores diferentes de discriminação
deveriam ser a explicação. Eles tentaram achar um perito na história das
mulheres, mas uma mulher recusou trabalhar com eles, afirmando que jamais
testemunharia contra a COEI, e um homem também o fez, com medo de perder suas
credenciais de feminista. Apenas Rosalind Rosenberg, do Barnard College,
concordou em testemunhar.
Rosenberg argumentou
baseada no fato do registro histórico: homens e mulheres têm interesses,
objetivos e aspirações diferentes. As mulheres não estão tão interessadas em
pneus, máquinas e revestimentos de alumínio quanto os homens. Rosenberg foi
atacada não por causa do conteúdo de
seu testemunho, mas simplesmente por testemunhar. Foi um “ato imoral” e ela foi
chamada de traidora, etc.
O fato de que uma
pessoa ache necessário afirmar num tribunal que homens e mulheres tem
interesses diferentes já mostra o quanto nós caímos no absurdo. Falar de
diferenças verificadas cientificamente na estrutura do cérebro masculino e
feminino ou diferenças endocrinológicas, as quais afetam o comportamento social
de homens e mulheres, é correr riscos de sofrer acusações de machismo,
chauvinismo, estupidez ou como no caso da Dr. Rosenberg, imoralidade.
Elizabeth Elliot
Fonte: Revive our hearts. Website: reviveourhearts.com.
Traduzido com permissão.
Título original: The Essence of Femininity: A
Personal Perspective
Tradução: Viviane Andrade
Elisabeth Elliot, nascida em 21 de dezembro de 1926, é uma escritora e palestrante cristã. Seu primeiro marido, Jim Elliot, foi morto no início de 1956, ao tentar fazer contato com os Auca (atualmente conhecidos como Waorani), no leste do Equador. Mais tarde ela viveu dois anos como missionária entre os membros da tribo que assassinou seu marido.
É autora, entre outros livros, de Let Me Be a Woman, Keep a Quiet Heart, Secure in the Everlasting Arms, Passion and Purity e Faith That Does Not Falter.
É autora, entre outros livros, de Let Me Be a Woman, Keep a Quiet Heart, Secure in the Everlasting Arms, Passion and Purity e Faith That Does Not Falter.
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