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Sobre a verdadeira alegria! por Nelson Galvão

agosto 29, 2018 Mulher da Palavra 0 Comments




Você já deve ter ouvido falar de Agostinho. Um homem incrível que viveu no séc. IV d.C. Ele viveu na época do saque de Roma pelos Visigodos. Seu livro “Cidade de Deus” foi escrito nesse ambiente decadente do império romano marcado pelos caos político, social, econômico e espiritual. Mas ainda assim, em seu livro “Confissões”, Agostinho afirma: “Tu nos despertaste para o prazer de te louvar, pois nos criaste para ti, e o nosso coração não tem sossego enquanto não repousar em ti”.[1] Me chama a atenção Agostinho falar de “prazer” em um contexto de caos! Como é possível?
Paulo nos ajuda a responder a essa pergunta. A exortação de Paulo aos filipenses é: “alegrai-vos no Senhor” (3.1). Essa exortação é repetida em 4.4 e mencionada em 4.10. Paulo já mencionou antes a alegria nessa carta. Aliás, ele menciona essa palavra pelo menos 15 vezes em toda a carta. Ele disse que a cooperação dos filipenses na causa do Evangelho lhe trazia alegria (Fl 1.5); que o fato de Cristo ser anunciado lhe trazia alegria (Fl 1.18); que a comunhão entre os filipenses lhe agregava alegria (Fl 2.2); que a fé operosa dos filipenses lhe dava alegria (Fl 2.17).
Perceba que a alegria de Paulo tinha mais haver com o Evangelho do que as circunstâncias temporais, o que nos deixa curiosos, uma vez que na ocasião ele estava preso. Qual o segredo da verdadeira alegria? Veja novamente a exortação: “alegrai-vos no Senhor” (3.1 – grifo meu). Aqui está o ponto: a verdadeira alegria tem como fonte o Senhor. De que Senhor ele se refere? Veja o verso 8: “Cristo Jesus, meu Senhor”. A verdadeira alegria encontra-se em Cristo.
Mas... o que significa alegrar-se em Cristo? Na sequência, Paulo contrapõe os maus obreiros (v. 2), com ele e seus cooperadores (v. 3). Os maus obreiros eram aqueles judaizantes que insistiam que a salvação se dá pela fé em Jesus e pelas obras. Afirmavam que Cristo não é suficiente para a salvação; é preciso algo mais a fim de merecer o céu. Sem dúvida, o conceito de salvação pelas obras faz parte da natureza caída do homem que o escraviza ainda mais em religiosidade que só traz mais amargura para a alma.
Por outro lado, os que servem a Deus em Espírito - ou seja, confiam exclusivamente em Cristo para a salvação (Gl 5.5) – desprezam a confiança em seus próprios méritos. Paulo descreve sua experiência quanto judeu fervoroso em sua religião (v. 4-6). Ele poderia orgulhar-se de ser zeloso nos preceitos religiosos. Mas considerava isso como “esterco” (v. 8)!  Por que? Porque é negando a própria capacidade de alcançar o céu que abraçamos a justiça que vem exclusivamente da fé em Cristo (v. 9) e participamos tanto dos sofrimentos de Cristo quanto da ressurreição de Cristo (v. 10,11).
Talvez você esteja sobrecarregado(a) de culpa e carregue um fardo enorme pelos seus erros no casamento ou com seus filhos. Talvez você esteja à procura de uma forma de pagar por estes erros através da religião ou de boas ações. Ou você já desistiu de ser o que não consegue e vive de forma cínica, flexibilizando/relativizando padrões morais. De todo modo o esforço em ser a boa pessoa que você deveria ser, mas não consegue ser, tem te trazido amargura, tristeza e até mesmo indiferença. Bem, eu quero apresenta-lo à fonte da verdadeira alegria: a confiança exclusiva nos méritos de Cristo. Somente em Cristo nossa alma se encontra com a satisfação plena. Nas palavras de Agostinho: “onde quer que se volte a alma humana, a não ser que se volte para ti, ela se fixa em tristezas; sim, mesmo quando contempla coisas belas”.[2]

 Nelson Galvão


[1] Agostinho. Confissões: Livros de 1 a 10 (Clássicos MC) (Locais do Kindle 164-165). Editora Mundo Cristão. Edição do Kindle.
 [2] Ibid. (Locais do Kindle 1051-1052).

Confira também as pastorais anteriores em Filipenses:




Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP. 
Atua como diretor pedagógico do ministério Pregue a Palavra, como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.

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