NelsonGalvao,
É possível ser sincero, mas errado? Parte 2. por Nelson Galvão
Vimos no primeiro artigo desta série que “sim”, é possível ser sincero, mas estar errado. Vimos que o próprio Saulo era um homem sincero, mas errado.
Minha pergunta agora é: como é possível a mudança de cosmovisão de uma pessoa sincera, mas errada? Como é possível que alguém que tenha plena convicção de que está certa possa vir a enxergar o seu erro?
O texto de Atos 9 nos ajudará a encontrar a resposta para essa pergunta.
Saulo não acreditava em Cristo. Ao contrário, o desprezava. Nutria verdadeira aversão aquele Galileu “farsante” que assevera para si o título de Filho do homem (um título que se referia ao Messias prometido). Desprezava também os seguidores de Jesus. Saulo não era neutro! Ele fazia parte de um grupo que “perseguia violentamente a igreja de Deus, tentando destruí-la” (Gl 1.13), era “blasfemo, perseguidor e arrogante” (1 Tm 1.13).
Todavia, algo mudou. Ao escrever aos Colossenses, aquele que havia sido um sincero perseguidor do Cristianismo disse a respeito de Jesus:
Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda a criação; porque nEle foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam poderes; tudo foi criado por Ele e para Ele. Ele existe antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. (Cl 1.15-17).
Incrível! O que provocou uma mudança tão radical em Saulo? O que fez com que aquele homem tão radicalmente contrário a Jesus e seus seguidores passasse a ser um discípulo? Vejamos o relato de Lucas a respeito da conversão de Saulo. Saulo, no verão de 35 d.C, estava a caminho de Damasco, com permissão oficial do Tribunal judaico (Sinédrio) para prender os seguidores de Jesus. E aí o relato de Lucas conta:
Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues (At 9.3-9).
O que provocou a mudança completa na vida de Saulo foi que a verdade foi ao encontro dele. Jesus Cristo ressurreto em Sua glória manifestou-se. Agora, diante da verdade, Saulo, o sincero, mas errado, viu que estava terrivelmente enganado, o quanto estava cego e, nunca mais foi o mesmo!
Quando Jesus se encontra conosco ele nos mostra o quanto estamos errados/cegos e, tudo muda!
Preciso explicar que esse encontro pessoal com o Cristo glorioso não acontece mais hoje. Essa foi uma exceção porque tratava-se de um apóstolo. E uma das prerrogativas para um apóstolo era ter andado com Jesus. Em 1 Coríntios, o agora “Paulo” diz que Jesus ressurreto apareceu a todos os apóstolos e também a ele, como um “nascido fora do tempo” (1 Co 15.8). Esse é um dos motivos pelos quais não existem novos apóstolos hoje.
Entretanto, embora o Cristo ressurreto não apareça mais pessoalmente em sua glória, reservando esse momento para o dia de Sua vinda, Ele continua ainda hoje se manifestando através de Sua Palavra (1 Jo 1.1-3). E sempre que isso acontece, aqueles que são encontrados por Ele mudam completamente sua forma de pensar, sentir e agir. São transformados pelo encontro com a verdade.
Isso me leva a crer que existem inúmeras pessoas nas igrejas que ainda não se encontraram com o Cristo ressurreto. Chegaram-se a uma cultura religiosa. São simpáticas a uma forma de vida que lhes traz alguma satisfação. Mas sua maneira de viver e enxergar o mundo não foram transformados pelo Evangelho, não experimentaram mudança alguma. São sinceros, mas errados. Quantas e quantas pessoas em nossas igrejas precisam de um encontro com o Evangelho, com o Cristo ressurreto!
Nelson Galvão
Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP.
É pastor interino da Igreja Batista Sião (São José dos Campos-SP) e atua como diretor acadêmico do ministério Pregue a Palavra.
Atua ainda como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.
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