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Nenhuma imagem de escultura, por Timothy Keller

agosto 02, 2017 Mulher da Palavra 0 Comments


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   Como, então, podemos glorificar a Deus em meio ao sofrimento e como o sofrimento pode nos ajudar a glorificar a Deus?


    Em 1966, Elizabeth Elliot, que foi missionária entre os waorani nas florestas do Equador, escreveu um romance intitulado “ Nenhuma imagem de escultura”. O livro conta a história de uma jovem chamada Margareth, que dedicou a vida à tradução da Bíblia para tribos isoladas da civilização cuja linguagem era apenas oral.

   A moça foi traduzir a Bíblia para os povos quíchua que habitavam nas montanhas do Equador. Margareth conheceu Pedro, um senhor de importância vital para seu trabalho porque conhecia o dialeto oral necessário à tradução da Bìblia na língua desse povo[...] 
   Certo dia, a caminho de se encontrar com Pedro, Margaret sentiu uma enorme gratidão envolver sua alma. Ela se lembrou do versículo” Espera pelo Senhor; anima-te e fortalece o teu coração ( Sl 27.14), Ela então orou a Deus:” Estou esperando, esperando, esperando, Senhor... Tu sabes quanto esperei para ser missionaria entre os nativos das montanhas.... Então tu enviaste o Pedro... estar aqui já é uma resposta de oração. “

    A jovem pensa em tudo o que foi necessário para ela estar ali naquele dia: o apoio de amigos, a ajuda financeira da igreja, anos de estudo e desenvolvimento de amizades, e claro, a provisão de uma pessoa que conhecia tanto o espanhol quanto o dialeto necessário ao seu trabalho. Agora, parecia que Deus estava juntando as peças. Margaret imaginou a possibilidade de levar a Bíblia a um milhão de pessoas nas regiões longínquas das montanhas.

   Ao chegar à casa de Pedro, ela descobre que ele está com uma ferida dolorosa e infeccionada na perda. Como parte de seu trabalho era oferecer cuidados médicos básicos, Margaret trazia consigo uma seringa e algumas ampolas de penicilina. Pedro pede que ela lhe dê uma injeção, e Margaret concorda.  Contudo em segundos, Pedro tem um choque anafilático, uma reação alérgica. Aos prantos, a família se reúne ao redor do homem, que entra em convulsão. “ Você não vê que ele está morrendo?”,  Rosa a esposa, grita com Margaret.“ Você matou meu marido”.
    Margaret está atônica ao que está acontecendo e ora “ Senhor Deus, Pai de todos nós, caso nunca tenha ouvido minhas orações, ouça agora... Salva o Pedro, Senhor, salva-o”. Mas Pedro piora e começa a vomitar [...] No entando, Margaret, continua orando em silêncio “ Ah, Senhor, o que será de Rosa?...O que vai acontecer na tua obra? Tu começaste isso tudo, Senhor. Não fui eu. Tu me guiaste até aqui. Respondeste minhas orações e trouxeste o Pedro para me ajudar; ele é o único... Senhor, não te esqueças. Não há mais ninguém”.

   Mas Pedro morre, e isso significa o fim do trabalho da Margaret [...] parecia, naquela noite em que Pedro morreu, que alguém escrevera fim em tudo que eu havia realizado.
   Chegando ao final do livro, encontramos uma jovem missionária profundamente confusa. Não aconteceu nenhuma mudança de última hora. Ao lado do tumulo de Pedro, Margaret pergunta: “ E Deus? Onde Ele está nesta hora? “Estarei contigo”, ele garantiu. Comigo nisso? Ele deixou Pedro morrer[...] E será que agora, me perguntei ao lado da sepultura, ela quer que eu o glorifique?

    A resposta foi sim, [...] descobrimos mais tarde em umas das palestras da Elisabeth Elliot, ela mencionou a última página do livro,  na qual se encontra, segundo ela disse, o parágrafo chave :


“Se Deus fosse apenas meu parceiro, ele teria me traído. Como, no entando, ele é Deus, ele me libertou!”


   Elizabeth explicou que a imagem de escultura, era um Deus que sempre agia conforme nosso querer. Era um Deus que apoiava nossos planos, segundo o que nós achávamos melhor para o mundo e a história. Nesse modo de agir, Deus é nosso parceiro, alguém com quem nos relacionamos, desde que ela faça o que queremos. Se ele quiser agir de outra maneira nosso desejo é despedi-lo ou hostiliza-lo, como faríamos com um conhecido incompetente.

   Contudo, no fim do livro, Margaret percebe que servia ao “deus dos meus planos”, ela vivia extremamente ansiosa. Nunca tinha certeza se Deus iria socorre-la e ajeitar as coisas. Vivia tentando descobrir como força-lo a realizar o que ela havia planejado. A verdade, porém, é que nunca o havia tratado como Deus, como o todo- sábio, todo-poderoso, todo-bondoso!!
     Agora ela se sentia livre para depositar sua esperança não em seus planos e prioridades, mas em Deus, e somente nele. [...] E, ao agir assim, ela ficou livre do esforço desesperado, condenado ao fracasso e exaustivo de controlar todas as circunstancias de sua vida e da vida de seus amados. [...]
    O tema recorrente da obra de Elliot é que, confiar em Deus quando não o entendemos significa trata-lo como Deus, e não como um outro ser humano. E trata-lo como glorioso, infinitamente superior a nós em bondade e sabedoria. Mas, como Jesus diz, a glória de Deus nunca foi revelada de maneira mais esplendorosa do que na cruz ( Jo12.23,32). Ali vemos que Deus é tão infinito e integralmente justo que Cristo precisou morrer pelo pecado, mas também que Deus é tão amoroso que Jesus se mostrou disposto e feliz ao morrer. Portanto, confiar na sabedoria de Deus durante o sofrimento, mesmo quando ficamos sem entender nada, é lembrar da glória e significado da cruz. Elliot raciocina desta forma:

                   ”As mãos que impedem milhões de planetas de caírem no caos, ficaram inertes, pregadas numa cruz por nós[...]” Podemos confiar nele? 

   Vemos, então, que um dos propósitos do sofrimento é glorificar a Deus tratando-o como Deus, infinito, soberano, totalmente sábio e, mesmo assim, encarnado e sofredor. E agindo assim, encontraremos descanso para nossas almas, que não está firmado em circunstâncias.

Timothy Keller 

Extraído do livro: "Caminhando com Deus em meio a dor e ao Sofrimento" São Paulo: Vida Nova. p. 189-193
Publicado com permissão.




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