NelsonGalvao,
Uma vez entrei em uma rua na contramão, sem saber que era contramão. De fato, estava desatento e não vi as placas. Era uma pequena rua, que serviria para pegar uma avenida. No final da rua, tinha uma viatura e o guarda com surpresa e ironia me parou e me perguntou: “O senhor não sabe que está na contramão? ”. Eu respondi: “Seu guarda, sinceramente? Não vi placa nenhuma! ”. Eu fui sincero, mas estava errado, por isso fui multado!
É possível ser sincero, mas errado? Parte 1. por Nelson Galvão
Uma vez entrei em uma rua na contramão, sem saber que era contramão. De fato, estava desatento e não vi as placas. Era uma pequena rua, que serviria para pegar uma avenida. No final da rua, tinha uma viatura e o guarda com surpresa e ironia me parou e me perguntou: “O senhor não sabe que está na contramão? ”. Eu respondi: “Seu guarda, sinceramente? Não vi placa nenhuma! ”. Eu fui sincero, mas estava errado, por isso fui multado!
Vivemos um tempo em que a sinceridade
justifica tudo e todos. Não importa no que se creia, contando que seja sincero.
Não importa qual relacionamento que se tenha, contanto que seja sincero. Não
importa o que se faça, contando que seja com sinceridade.
Entretanto, o que será que as
Escrituras dizem a respeito? Será que ela enaltece a sinceridade, até mesmo em
detrimento à verdade?
Saulo era um homem
sincero, mas errado.
Saulo jamais poderia ser chamado de
desonesto. Essa não era a questão quando se tratava de Saulo. Ele mesmo fala de
seu passado ressaltando o seu zelo em sua fé. Em sua carta aos Gálatas, ele
afirma: “Pois já ouvistes como era o meu procedimento
no judaísmo, como eu perseguia violentamente a igreja de Deus, tentando
destruí-la. E no judaísmo eu ultrapassava a muitos da minha idade ente meu
povo, sendo extremamente zeloso das tradições de meus antepassados”. (Gl
1.13,14)
Aos Filipenses ele escreve: “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de
Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto
ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei,
irrepreensível”. (Fl 3.5,6)
É evidente que tratava-se de um homem
com convicções fortes a respeito da fé, a ponto de estar disposto a matar e
morrer por ela.
Entretanto, a despeito de sua
sinceridade, estava errado quanto ao que pensava em relação a Jesus. Escrevendo
a sua 2 carta aos Coríntios afirma que “conhecia a Cristo segundo os padrões
humanos” (2 Co 5.16). Isso significa que, embora fosse sincero, estava errado,
pois considerava Cristo um impostor.
Provérbios tem algumas afirmações
muito fortes quanto a isso. Vejamos Pv 14.12: “Há um caminho que ao homem
parece correto, mas o fim dele conduz à morte”. Vejamos também Pv 16.2: “Todos
os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o Espírito”,
no vs 24: “Há um caminho que parece direito para o homem, mas o fim dele conduz
à morte”. Por fim, Pv 21.2 diz: “Todo caminho do homem lhe parece correto, mas
o Senhor sonda os corações”.
Perceba que todos os textos mencionam
aquele homem que acredita que o que faz e como faz está correto, mas está
errado.
Como é possível? Como pode ser
possível ser sincero, mas errado? O próprio Saulo, depois chamado de Paulo,
responde a essa pergunta. Ele diz que “o deus deste século cegou a mente dos
incrédulos, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é
a imagem de Deus” (2 Co 4.4).
Estão cegos, esse é o problema! Mas,
preste bem atenção no texto. Não estão cegos por causa de um acidente, mas
porque são “incrédulos”. Porque negaram a verdade. Essa é a mesma afirmação de
Paulo aos Romanos. No cap 1.18ss, Paulo diz que Deus está irado com os homens,
porque estes, embora tenham a revelação geral, a negaram, negando o Criador.
Assim, Deus os entregou à impureza sexual (Rm 1.24), à paixões desonrosas (Rm
1.26), à uma mentalidade condenável (Rm 1.28). Perceba, a uma forma de pensar e
agir errada!
Mesmo como crentes, já salvos através da fé em Jesus, redimidos, justificados, somos desafiados a um processo continuo de renovação da mente (Rm 12.1,2), onde deixamos de nos parecer com o mundo e nos parecemos cada vez mais com o Senhor Jesus.
Mesmo como crentes, já salvos através da fé em Jesus, redimidos, justificados, somos desafiados a um processo continuo de renovação da mente (Rm 12.1,2), onde deixamos de nos parecer com o mundo e nos parecemos cada vez mais com o Senhor Jesus.
Quem sabe você também, assim como
Paulo, não seja um sincero, mas errado? Talvez você seja aquela pessoa que
procura fazer tudo certinho e acha que pelos seus próprios méritos pode merecer a salvação. Ou mesmo seja como inúmeros crentes que sinceramente acham que a oração de madrugada vai lhes trazer algum tipo de favorecimento especial de Deus; ou aqueles que acham que a abstinência de algum alimento lhes fará estar mais perto do Senhor. Soube de alguém que estava sinceramente cansada de seu casamento fracassado e decidiu deixar seu marido porque "tinha o direito de ser feliz". Existem inúmeros pais frustrados com a educação de seus filhos e se perguntam: "Onde foi que eu errei?". Eu mesmo, como pastor, em meu primeiro ministério, agi de forma sincera, imaginando estar fazendo a coisa correta, mas a minha prática eclesiástica estava distante das Escrituras. Todos esses casos, inclusive eu, e tantos outros que poderia citar aqui, são de pessoas sinceras, mas erradas.
No próximo texto vamos ver como o gracioso Deus tratou com Paulo, um sincero, mas errado.
No próximo texto vamos ver como o gracioso Deus tratou com Paulo, um sincero, mas errado.
Nelson Galvão
Sola Scriptura
Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP.
É pastor interino da Igreja Batista Sião (São José dos Campos-SP) e atua como diretor acadêmico do ministério Pregue a Palavra.
Atua ainda como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.
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