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É possível ser sincero, mas errado? Parte 3. por Nelson Galvão

agosto 31, 2017 Mulher da Palavra 0 Comments


Vimos no primeiro artigo desta série que “sim”, é possível ser sincero, mas estar errado. Vimos que o próprio Saulo era um homem sincero, mas errado.
Vimos também que a única forma do sincero, mas errado ser transformado através da percepção de seu erro é através do encontro com a verdade, Jesus Cristo.
Nesse último texto desta série veremos que quando Jesus se encontra conosco Ele usa pessoas comuns, mas fiéis à Palavra, para nos ensinar a verdade.
Em At 9.10 ss, o relato de Lucas nos informa que o Senhor comissionou Ananias para ir ao encontro de Paulo. Ao impor-lhe as mãos, Paulo recuperaria a visão. Isso é curioso! Por que? Por que Ananias? Por que o próprio Senhor não lhe curou? Se voltarmos à narrativa veremos que Jesus ao manifestar-se à Paulo se apresentou como aquele a quem Paulo perseguia. Com isso, Jesus se identificou com a Sua Igreja. Perseguir a Igreja era perseguir a Jesus. Agora, Jesus envia seu discípulo para ministrar cura ao ex-perseguidor. Através de Ananias, a Igreja, comissionada por Cristo, mostrava ao ex-perseguidor a verdade.
É incrível o que aconteceu com Paulo na ocasião da visita de Ananias! Perceba o ritmo da narrativa:  “lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e tornou a ver. A seguir, levantou-se e foi batizado. E, depois de ter-se alimentado, sentiu-se fortalecido. Então, permaneceu em Damasco alguns dias com os discípulos” (Lc 9.18,19 – grifo meu). Ele tornou a ver, foi batizado e tornou-se um discípulo! Cristo se alegra em usar seus discípulos, pessoas comuns, para levar à verdade aqueles que estão no erro.
Poderíamos citar também Apolo, que na ocasião em que chegou a Éfeso, lá estava Priscila e Áquila para lhe expor com mais precisão o caminho de Deus (At 18.26). Deus também usou a mãe e a vó de Timóteo para instruí-lo na fé (2 Tm 1.5). Poderíamos citar tantos e tantos outros discípulos de Jesus que têm sido usados pelo Senhor para orientar às pessoas sinceras, mas erradas.
Isso nos leva a entender que a igreja é o corpo vivo de Cristo, onde discípulos de Jesus instruem-se mutuamente. Em Efésios, Paulo diz que Deus levanta na igreja pessoas com diversos dons, e isso com vistas ao aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.12).
Esse é um dos motivos que não consigo concordar com o conceito de “desigrejados”! A fé cristã não é individualista. Somos individualmente salvos, mas imediatamente inseridos na coletividade do corpo de Cristo. Perceba que Ananias chamou Paulo de “irmão”. Pertencemos ao corpo e nele somos instruídos, exortados, edificados e aperfeiçoados uns pelos outros. Nesse contexto, o sincero, mas errado, é instruído pelo aconselhamento, centrado na Bíblia, de outros irmãos. Sendo assim, procure uma igreja centrada na Bíblia, procure um grupo de estudo bíblico que o ajude a entender melhor as Escrituras, procure um Ananias que o instrua na Palavra de Deus e o auxilie na verdade.
A comissão de Ananias para ajudar a Paulo também me leva a pensar no quanto precisamos de pessoas devidamente dispostas a instruir a outros no caminho do Senhor. Sim, existem inúmeras pessoas que realmente estão dispostas, mas dispostas a afastar ainda mais os outros da Palavra de Deus. É aquele conselho que diz para a amiga se divorciar mesmo porque esta merece ser feliz, ou aquele que dar dicas seculares para a educação de filhos, ou aquele que relativiza a ética nas relações de trabalho. Quantas pessoas tenho aconselhado que têm dito: “puxa pastor, como eu precisava que alguém dissesse isso para mim antes!”
Pense comigo: quantos sinceros, mas errados você tem discipulado? Vamos fazer um teste rápido. Só você vai saber o resultado do teste! Responda para si mesmo as perguntas abaixo:

· Quem está na igreja, mas não entendia ao certo quem é a pessoa de Jesus e Sua obra e depois que você o orientou biblicamente mudou a perspectiva?
· Quem você está aconselhando que estava à beira do divórcio e tem desistido da ideia depois que você começou a instruí-lo biblicamente?
· Qual casal educava de maneira errada seus filhos e repensou sua prática depois que você o instruiu biblicamente?
· Que jovem deixou um namoro promíscuo porque você o instruiu biblicamente sobre como deve ser o namoro cristão?  
· Qual jovem tem pensado em ministério depois que você passou a orientá-lo vocacionalmente?
· Quem deixou a prática da maledicência depois que você a exortou de acordo com as Escrituras?

Se isso nem de longe descreve a sua experiência, talvez você precise considerar a possibilidade de você mesmo ser um sincero, mas errado.

Nelson Galvão
Sola Scriptura


Consulte aqui o demais textos desta série:

É possível ser sincera, mas errado? parte 2
É possível ser sincero, mas errado? parte 1



Nelson é casado com Simone desde 1997 e eles têm um filho. Ele é formado em História e Teologia, pós-graduado em Administração Escolar e mestre em Educação (PUC-SP). Atualmente faz mestrado em Teologia do Novo Testamento no Seminário Bíblico Palavra da Vida- Atibaia, SP. 
É pastor interino da Igreja Batista Sião (São José dos Campos-SP) e atua como diretor acadêmico do ministério Pregue a Palavra. 
Atua ainda como coordenador do grupo do Pregue a Palavra de Cuba e como professor convidado da Escola de Pastores PIBA.

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