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Alguns papéis de governo e ensino na igreja devem ser reservados aos homens? Por Wayne Grudem

julho 27, 2017 Mulher da Palavra 0 Comments


Os cristãos que respondem negativamente a essa pergunta são chamados de igualitaristas (porque enfatizam a “igualdade” entre os homens e mulheres). Eles sustentam que não há papéis de ensino e governo na igreja que sejam exclusivos dos homens – que todas as posições são abertas para homens e mulheres igualmente. Eles dão ênfase a Gálatas 3.28 assim como a Juízes 4.5; Atos 2.17,18; 18.26; 21.9; Romanos 16.7 e 1 Timóteo 3.11. [...]
Os cristãos que respondem afirmativamente a essa mesma questão são chamados complementaristas (porque enfatizam que homens e mulheres, embora iguais em valor, têm diferenças “que os complementam”). Eles sustentam que “alguns” papéis de governar e ensinar na igreja são reservados aos homens, embora variem nas estruturas de governo das denominações e congregações as aplicações práticas de 1 Timóteo 2.11-15 assim como de Mateus 10.2-4 (Jesus escolheu doze para serem apóstolos); 1 Coríntios 14.33-35; 1 Timóteo 3.2; Tito 1.6; e a conexão entre a liderança no lar e na igreja (1 Tm 3.5). [...]
Minha posição é complementarista, e escrevi extensivamente sobre essa posição e outra publicação. Em um sumário breve, minha convicção seria a de que nenhuma das passagens enfatizadas pelos igualitaristas está realmente correlacionada à questão se as mulheres podem ter autoridade de ensino e de governo sobre toda a igreja: é verdade que homens e mulheres podem profetizar nas igrejas do NT (At 21.9; 1 Co 11.5), mas o dom de profecia é sempre distinto do de ensino, e não se exige que os bispos tenham o dom de profecia, mas que sejam “aptos para ensinar”)v. 1 Tm 3.2). Profecia com tom particular, como é o caso de Débora (Jz 4), e ensino com cárater particular, como é o caso de Áquila e Priscila (At 18.26), são certamente formas apropriadas para as mulheres hoje, mas essas atividades diferem significativamente da autoridade sobre toda a igreja que 1 Timóteo 2.11-15 proíbe às mulheres. Como respeito a Romanos 16.7, não há evidência suficiente para se ter boa dose de certeza (mesmo após grande quantidade de pesquisa) se a pessoa mencionada é um homem (Junias) ou se é uma mulher (Junia). É verdade que somos “todos um em Cristo Jesus” (Gl 3.28), mas isso simplesmente afirma a nossa unidade. Esse termo não significa que nós todos somos a mesma coisa ou que temos as mesmas funções, da mesma forma que o fato de todos os membros do corpo formarem “um só corpo”( 1 Co 12.12) não significa que todas as partes de nosso corpo têm as mesmas funções.
As passagens enfatizadas pelos complementaristas, ao contrário, se reportam diretamente à questão central: se as mulheres devem ter a autoridade de governar  e de ensinar a toda a igreja. Passagens como 1 Timóteo 3.2, Tito 1.6 e Mateus 10.2-4 falam a respeito de apóstolos e presbíteros, que de fato tinham tal autoridade sobre toda a igreja (ou, com respeito aos apóstolos, sobre todas as igrejas). Outras passagens falam não sobre o ofício, mas a respeito de ensinar ou governar sobre a totalidade da igreja reunida ( 1 Tm 2.11-15;  1 Co 14.33-35. As alegações de que essas afirmações dependem de circunstâncias culturais como  mulheres ensinando falsa doutrina ou mulheres tendo educação inadequada não me parecem ter o respaldo de evidências confiáveis, e essas não são razões que Paulo aponta. (Ele se refere a Adão e Eva antes deles terem pecado). Portanto, eu não vejo razão para tomar essas afirmações como aplicações a nada menos do que a totalidade “da era da igreja” (o período de Pentecoste até que Cristo retorne).
Contudo, muitas igrejas têm sido restritivas demais em sua visão de tipos de ministério aberto às mulheres, e isso tem sido muitas vezes agravado pela visão ministerial de excessivo domínio pelo clero. Pastores e presbíteros deverão ouvir muitas vezes os conselhos de mulheres em suas igrejas e abrir mais suas portas para centenas de outras espécies de ministérios valiosos para as mulheres, enquanto ainda são fiéis à Escritura, à medida que a compreendem melhor e, portanto, restringem “alguns papéis de governo e de ensino na igreja” aos homens.

Wayne Grudem

Extraído do livro: "Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova. p. 223-225.
Publicado com permissão.






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É professor pesquisador de Teologia e Bíblia pelo Phoenix Seminary, no Arizona. Foi professor titular do departamento de Teologia Bíblica e Sistemática da Trinity Evangelical Divinity School durante vinte anos. É graduado em Harvard, mestre em Teologia pelo Westminster Theological Seminary e doutor pela Universidade de Cambridge. É autor de Teologia sistemática, Entenda a fé cristã, Política segundo a Bíblia, Economia e política na cosmovisão cristã, Comentário bíblico de 1Pedro e A pobreza das nações, publicados por Vida Nova.

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